O nosso radicalismo político chegou a um nível tal que a própria lógica e a razão desconhecem.
A Débora do Baton tornou-se uma celebridade, após ter sido julgada e condenada a uma pena, considera bastante elevada, por se fazer presente no atentado golpista do dia 8 de janeiro de 2023. Não por ter lambuzado a estátua que se encontrava a frente do nosso STF-Supremo Tribunal Federal.
Sob aplausos da multidão que já havia depredado as sedes dos nossos três poderes, para chamar a atenção de sua própria presença, a dita cuja, pegou um batom e escreveu na referida estátua a expressão “Perdeu Mané” e a partir de então, a ilustre desconhecida, Débora Rodrigues dos Santos, ganhou outro sobrenome e se notabilizou: Débora do Batom.
Para os arquitetos e os demais interessados no inquestionável golpe, como a tentava veio fracassar, a condenação da bolsonarista, Débora do Batom, passou a ser utilizada como símbolo de uma severa e injustificável condenação. Não, não foi por ter lambuzado a referida imagem, e sim, por integrar um crime de multidão e ter sido devidamente individualizada que ela foi condenada.
Em relação à morte do detento, Cleriston Pereira da Cunha, a partir de então, notabilizado pelo apelido de Clesão, as explorações de natureza políticas proliferaram e até chegaram a responsabilizar o Ministro Alexandre como responsável pela sua morte. Como assim se o mesmo encontrava preso na popularíssima papuda, está por sua, sob gestão do governador de Brasília, Ibaneis Rocha, um assumido bolsonarista?
Aos exploradores da morte do Clezão, faço duas perguntas: quantas vítimas de infarto morrem diariamente no nosso país estando às mesmas no pleno gozo de suas liberdades? Segunda: quantas mortes já acorreram no interior das nossas penitenciarias desde a morte do Clezão?
Aos desavisados, e em particular, aos exploradores da morte do Clesão, respondo: entre os anos 2014 e 2015, 872 aprisionados morreram no interior das nossas penitenciárias por causas naturais. Se a morte do Clesão ainda continua sendo explorada, por que as mortes das outras 871 vítimas sequer são lembradas?
Débora do Batom e Clesão resultaram sim, da nossa radical, irracional e nociva polarização política. Pior ainda: sob inspiração de duas inaceitáveis e falaciosas crenças, o lulismo e o bolsonarismo.
Eu, particularmente, nunca tive e jamais terei, nem o atual presidente Lula, este no seu 3º mandato, e nem o ex-presidente Jair Bolsonaro na condição de heróis, sim e tão somente, como resultado e de um país que tudo em feito para degradar a nossa democracia.
A propósito, desde a proclamação da nossa República, esta resultante de um golpe, de lá para cá, já contamos com quase uma dezena de outros.