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Zé Adriano defende política de proteção e mercado seguro para fortalecer o setor madeireiro no Acre

Foto: Sérgio Vale/ac24horas

A edição do programa Bar do Vaz desta terça-feira (23) recebeu o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac) e deputado federal Zé Adriano (PP). Durante a entrevista, o parlamentar abordou o desenvolvimento econômico do Acre, criticou o funcionamento do Congresso Nacional, discutiu projetos estratégicos para o setor industrial e agropecuário, comentou sobre programas habitacionais e políticas de infraestrutura, além de detalhar ações e desafios de seu mandato na Câmara dos Deputados, em Brasília.


Logo na abertura do programa, Zé Adriano avaliou de forma crítica a atuação do Legislativo federal e afirmou que exercer o mandato tem sido uma experiência frustrante. Segundo ele, o país enfrenta problemas antigos que exigem soluções urgentes, mas que acabam não sendo tratados como prioridade. “O Brasil precisa muito que a gente tenha capacidade de resolver problemas que são problemas antigos”, afirmou.


Em seguida, o deputado classificou o parlamento como “preguiçoso” e disse que o modelo atual de funcionamento gera frustração. Para ele, há entraves políticos que impedem avanços concretos. “O parlamento é preguiçoso. Ele deixa a gente frustrado porque tem muita coisa que a gente pode fazer, mas não são prioridades. O que mais deixa a gente aflito é saber que o país já teve muitos prejuízos do ponto de vista econômico e social, e a gente esbarra nesse formato de bipartidarismo que não leva a nada”, declarou. Adriano também citou conflitos entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além de escândalos políticos, como fatores que aumentam a sensação de angústia.


O parlamentar também comentou seu voto favorável ao projeto que trata da dosimetria das penas. Ao justificar a posição, afirmou que a proposta busca corrigir distorções antigas no sistema penal. “Votei porque existem pontos que precisam ser bem compreendidos. Não temos uma classificação adequada das penas dentro de um formato correto, e muitas decisões acabam sendo arbitrárias. A dosimetria vem para tentar ajustar algo que há muito tempo precisava dessa reflexão”, explicou.


Zé acrescentou que, na sua avaliação, é necessário diferenciar quem organizou determinados atos daqueles que participaram de manifestações. “Quando você separa o núcleo que trabalhou para organizar os eventos, entendo que deve haver penalização. Mas houve também um movimento de rua, que não tinha como objetivo dar golpe, e sim expressar contrariedade, um protesto. Em outros momentos da história recente, como no governo Dilma, houve invasão do Congresso e os casos foram tratados como vandalismo. Nesse episódio, o ministro pesou muito a mão”, comentou.


O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), Zé Adriano, comentou reclamações de produtores locais, especialmente do setor cafeeiro, sobre a falta de medidas de proteção para o café produzido no estado frente à concorrência de produtos vindos de fora. Segundo ele, a ausência de mecanismos que garantam competitividade ao produto local gera insegurança e frustração entre os produtores.


Ao abordar o tema, Adriano afirmou que a discussão sobre proteção à produção local não é recente e envolve escolhas econômicas feitas por governos ao longo do tempo. Ele destacou a importância de políticas públicas que incentivem o consumo de produtos regionais e lembrou que a Fieac tem reforçado campanhas nesse sentido. “Quando a sociedade escolhe o produto dos nossos produtores, mantém os empregos aqui. Quando compra de fora, mantém os empregos lá. Para nós, fica a dependência de auxílios federais, mais pobreza e desemprego”, afirmou.


O dirigente industrial ressaltou que o incentivo à produção, como ocorre no caso do café, precisa vir acompanhado de instrumentos de proteção. Segundo ele, não se trata de uma solução imediata, mas de uma política que exige planejamento e maturidade. “Quando se fala em governo, a responsabilidade aumenta. Incentivar sem proteger cria um desequilíbrio”, avaliou.


Zé Adriano também criticou a suspensão de um decreto estadual que priorizava a compra de produtos industrializados no Acre por parte do poder público. De acordo com ele, a norma previa que, antes de adquirir determinados itens, o governo consultasse se havia produção local. “Esse decreto foi suspenso, e entendemos que isso pode estar relacionado ao receio de conflitos de interesse. Não conheço nenhum estado que não proteja seus produtores, empresas e produtos, porque isso mantém a economia girando internamente”, afirmou.


Além do café, o parlamentar alertou para dificuldades semelhantes enfrentadas por outros setores produtivos do Acre. Ele citou a cadeia da castanha e a produção de maracujá como exemplos. No caso do maracujá, Adriano destacou que produtores de Capixaba enfrentam perdas devido à falta de absorção da produção pelo mercado. “Isso desestimula o produtor a diversificar e investir, porque ele produz, mas não consegue vender”.


Zé Adriano se solidariza com empresário e critica demora do governo em proteger áreas desmatadas no Acre

O deputado federal Zé Adriano comentou a situação do empresário Jorge Moura, cuja propriedade teve parte da área desmatada por invasores. O parlamentar se solidarizou com Moura e destacou a frustração enfrentada pelos investidores no estado. “A gente se solidarizou com o Jorge Moura, que é nosso amigo, e reconhece a frustração dele e de outros investidores, porque isso acaba desencorajando novos investimentos no Acre. É um setor em que já tivemos sucesso, mas ainda sem apoio do governo. Ele investiu por conta própria, praticamente um herói, enfrentando todo esse processo”, afirmou Adriano.


O deputado criticou a atuação do governo federal, afirmando que faltou interesse em tomar medidas imediatas para corrigir a situação. “O governo federal não se mostrou muito interessado em agir, até porque queria passar uma imagem de que estava trabalhando nesse aspecto por conta da COP30, que, na prática, foi um fracasso em termos de entregas. Não é só o caso do Jorge Moura; temos mais de 70 áreas embargadas em todo o estado”, disse.


Zé Adriano também destacou que o caso de Moura é emblemático por ocorrer próximo à capital, Rio Branco, mas alertou que outras regiões, como Sena Madureira, Manoel Dando e Porto Acre, também enfrentam problemas similares. “São CPFs envolvidos, e o Ministério Público nem sempre consegue identificar todos. O Ministério Público Federal recebe a denúncia e age dentro da legislação, mas é necessário que o processo judicial seja conduzido para que haja comprovação da inocência e solução do problema”, avaliou.


Durante a entrevista, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), Zé Adriano, comentou o programa habitacional da Prefeitura de Rio Branco conhecido como 1.001 Dignidades. Segundo ele, a proposta passou por mudanças ao longo do tempo em relação ao formato originalmente apresentado. “Já houve um processo construtivo. Lá atrás, no primeiro mandato, considerou-se que era possível fazer esse projeto com madeiras apreendidas, com todo um cunho ambiental de resgate desse tema. Hoje, vejo que a proposta de entregar mil e uma unidades já contempla outros programas habitacionais”, afirmou.


De acordo com Adriano, o projeto atual não mantém exatamente o mesmo modelo inicial. “Acredito que, em termos de execução, o programa já não é mais o mesmo. Não é mais o ‘Mil e Uma Dignidades’ dentro daquele formato apresentado no início. Há investimentos em habitações, algumas ainda em madeira, mas agora com matéria-prima adquirida e certificada”, explicou.


O parlamentar destacou que, no início, havia preocupação com a utilização de madeira apreendida, muitas vezes considerada inservível. “Hoje, parece que a madeira foi adquirida com garantia e certificação. Isso nos deixa mais tranquilos em relação às entregas, porque não seria adequado utilizar um material sem qualidade, ainda que seja doado. Moradia precisa ser duradoura”, pontuou.


Desafios do setor madeireiro

Zé Adriano também afirmou que o fortalecimento do setor madeireiro no Acre vai além de programas habitacionais. Segundo ele, é necessária uma política mais ampla de incentivo e proteção ao mercado local.


“Para aquecer o setor madeireiro, é preciso muito mais do que isso. Precisamos de uma política de internalização, assim como ocorre com o café, que proteja e dê garantias para que o setor consiga visualizar um mercado absorvente”, defendeu.


O deputado ressaltou que o setor tem enfrentado dificuldades, especialmente com a paralisação do plantio e o impacto nas exportações. “Temos muito produto que é exportado, e esse cenário gerou insegurança. Além disso, há desafios relacionados às fiscalizações”, disse.


Segundo ele, foi necessário atuar junto ao Ibama e ao Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) para garantir critérios adequados de fiscalização. “O Acre é o estado que mais respeita a legislação ambiental. Temos um processo de manejo reconhecido mundialmente e pagamos um preço alto por isso”, destacou.


O presidente afirmou que entraves surgem quando os produtos acreanos atravessam as fronteiras estaduais. “Quando a madeira sai do Acre e entra em outros estados, aparece um certo revanchismo que acaba prejudicando o transporte. Isso cria dificuldades para o setor e para quem depende dessa cadeia produtiva”.


Sobre o desempenho da indústria ao longo do ano, o parlamentar afirmou que o balanço é marcado por sentimentos distintos, com razões tanto para comemorar quanto para preocupação. Segundo ele, o período foi especialmente desafiador para o setor produtivo. “Foi um ano muito difícil. Acabamos de falar sobre o tarifaço. No momento em que ele entrou em vigor, afetou o Acre direta e indiretamente, com reflexos sentidos no médio e longo prazo”, declarou. O deputado destacou que, diante do cenário, a indústria nacional se articulou por meio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e de outras entidades representativas.


Ele ressaltou ainda a importância de sua atuação no Congresso Nacional durante esse período. “Foi importante estar no Congresso, onde pude contribuir. Participei das discussões no ambiente empresarial e também dentro da Câmara, fazendo reflexões e ajudando de alguma maneira”, afirmou.


De acordo com o parlamentar, a situação começou a ser contornada com maior efetividade a partir da atuação do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. “Ele é uma pessoa muito habilidosa, com empatia pelo setor privado. Conseguiu sentar com o empresariado e, aos poucos, a situação foi sendo resolvida”, avaliou.


O deputado também destacou que a superação da crise não ocorreu de forma isolada. “Não foi apenas por vontade do governo. Todo o setor produtivo trabalhou. Houve muitas idas e vindas aos Estados Unidos. Eu mesmo integrei uma comitiva com a CNI e empresários brasileiros. A situação era muito crítica”, relatou.


Ao comentar os debates internos na Federação das Indústrias, ele afirmou que as discussões ajudam a trazer o cenário nacional e internacional para a realidade local. “Somos muito frágeis. Dependemos do que acontece no resto do país e do mundo. Está tudo muito integrado”, explicou.


Apesar das dificuldades, o parlamentar disse que o setor mantém expectativas positivas. “Tivemos reclamações, mas também muita esperança de que, agora, com o mandato e atuando à frente do setor produtivo, estamos no caminho certo”, afirmou.


Ele destacou a articulação para o próximo ciclo político no estado. “Esperamos avançar e contribuir com o plano de governo do próximo governador, que será escolhido no ano que vem. Esse será nosso ponto de partida para fortalecer a união do setor produtivo e, junto com o fórum, conselhos e federações, entregar uma proposta alinhada à nossa estratégia de desenvolvimento para o Acre”, pontuou.


Zé Adriano, comentou sobre as propostas que devem ser apresentadas aos candidatos ao governo do Estado no primeiro ano de mandato. Segundo ele, um dos principais gargalos para o desenvolvimento econômico do Acre está na área da logística.


De acordo com Adriano, o tema tem sido amplamente debatido no âmbito do Fórum Empresarial, com a participação de lideranças como Açoeiro e Leandro. “Temos desenvolvido esse diálogo e um trabalho consistente dentro do Fórum, levantando, com tranquilidade e segurança, o que precisa ser feito para garantir mais segurança, atrair investimentos e criar condições para que a produção cresça de forma perene, permitindo a industrialização no Estado”, afirmou.


O dirigente destacou que o fortalecimento do parque industrial é fundamental para reduzir a dependência do Acre de investimentos externos. Nesse contexto, a infraestrutura viária aparece como um dos maiores entraves. Segundo ele, a situação do anel viário de Brasiléia é um exemplo crítico. “Já passa da hora de resolver aquele anel viário. É o pior gargalo da nossa malha viária. O projeto já fracassou três vezes, e estamos cobrando o DNIT para que isso seja resolvido ainda no primeiro semestre do próximo ano”, ressaltou.


Outro ponto citado foi a necessidade de manutenção contínua da BR-364. Para Adriano, apesar de as empresas responsáveis pelas obras já estarem contratadas e com os lotes definidos, é essencial a liberação de orçamento para que os trabalhos avancem com segurança. “Isso é positivo, mas depende de recursos para que a manutenção ocorra de forma adequada”, explicou.


Em relação à energia, o presidente da Fieac avaliou que houve avanços significativos nos últimos anos, especialmente com os investimentos realizados pela Energisa desde 2018. “Hoje temos uma matriz energética mais segura e com qualidade, o que é fundamental para quem deseja se instalar no Acre”, disse. No entanto, ele reconheceu que o custo ainda é elevado. “O Acre está no fim da linha. A energia ainda é cara porque os investimentos feitos não tiveram retorno imediato, e esse custo acaba sendo diluído”, ponderou.


Adriano também destacou a necessidade de incentivar a produção de grãos e ampliar a infraestrutura de armazenagem no Estado. Segundo ele, é fundamental investir na área rural e oferecer mais apoio ao pequeno produtor. “Precisamos substituir mais de 3 mil pontes de madeira por pontes de concreto. O Acre não pode continuar nesse modelo em que a lavoura só prospera às margens da BR. É preciso interiorizar o desenvolvimento e dar mais segurança ao pequeno produtor”, defendeu.


O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), Zé Adriano, comentou o Projeto de Lei nº 2.999/2025, que reconhece Rio Branco como a Capital Nacional dos Geoglifos. Segundo ele, embora o tema não desperte entusiasmo pessoal em alguns envolvidos, trata-se de uma iniciativa relevante para o estado.


“Ele não morre de paixão por isso, é algo muito pessoal. Ainda assim, é um estadista, empresário, e entende que, dentro desse contexto, não houve penalização nem intenção. Foi um acidente”, afirmou, ao citar situações em que obras de infraestrutura, como a própria BR-364, cruzam áreas onde há geoglifos, inclusive com responsabilização do governo federal.


Zé Adriano ressaltou que não há intenção deliberada de depredação de patrimônio histórico e defendeu um tratamento mais equilibrado para os proprietários de áreas onde os geoglifos estão localizados. Segundo ele, é necessário transformar o tema em oportunidade. “Precisamos fazer desse limão uma limonada. O turismo pode ser uma dessas novas fontes de receita”, destacou.


O dirigente também lembrou que a proposta partiu da Prefeitura de Rio Branco e que instituições como o SESI já desenvolvem projetos educativos relacionados ao tema. Ele citou ainda a existência de iniciativas para valorização da memória de Chico Mendes, em Xapuri, como exemplos de ações que associam preservação cultural e desenvolvimento.


Durante a entrevista, Zé Adriano chamou atenção para o grande número de geoglifos identificados no Acre, especialmente em regiões próximas à fronteira com o Peru. Segundo ele, levantamentos por satélite indicam a existência de mais de 11 mil estruturas desse tipo, sendo a maioria localizada no estado.


Para o presidente da Fieac, é fundamental que o poder público estabeleça critérios claros para lidar com esse patrimônio, evitando que moradores e produtores rurais sejam tratados como responsáveis por danos intencionais. “É preciso criar mecanismos que garantam preservação, mas também compensação, indenização ou remuneração, respeitando as comunidades que vivem e produzem nessas áreas”, defendeu.


Atuação do Sistema S no Acre

Zé Adriano também falou sobre o desempenho das instituições que compõem o Sistema S no estado, como o SENAI, o SESI e o IEL, administrados pela Fieac. Ele explicou que cada entidade atua em áreas específicas, seguindo diretrizes nacionais.


O SENAI, segundo ele, mantém foco na qualificação profissional voltada ao setor industrial, enquanto o SESI atua nas áreas social e educacional. “O SESI tem hoje uma entrega muito consistente. Apesar dos desafios, o retorno dos usuários tem sido bastante positivo”, afirmou.


O presidente destacou ainda o trabalho de inclusão desenvolvido pela escola do SESI, especialmente na região Norte. “É um modelo que exige investimento e planejamento, mas os indicadores são muito promissores”, avaliou.


Assista à entrevista:


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