Fundada em 1928, a Casa de Acolhida Souza Araújo carrega quase um século de história marcada por dor, resistência e recomeços. Localizada em Rio Branco, a instituição se consolidou como um dos principais espaços de acolhimento a pessoas em tratamento da hanseníase, doença que, por décadas, foi cercada por medo, desinformação e exclusão social no Acre e em todo o país.
Durante grande parte do século passado, o diagnóstico da doença significava isolamento quase imediato. Homens e mulheres eram afastados do convívio familiar e social, perdiam vínculos afetivos e profissionais e encontravam no então chamado Hospital Casa Souza Araújo o único local possível de permanência. Mais do que tratamento médico, o espaço passou a representar abrigo, silêncio e a possibilidade de reconstruir a própria vida longe do olhar da sociedade.
Com o avanço da medicina, a hanseníase passou a ter tratamento eficaz e cura, e a política de isolamento compulsório foi superada. Ainda assim, o preconceito não desapareceu por completo. Muitas vezes velado, ele continua impactando a vida de quem convive ou já conviveu com a doença, o que reforça a relevância social da Casa de Acolhida Souza Araújo até os dias atuais.
Hoje, a instituição é administrada pela Igreja Católica, em parceria com o Governo do Acre e outros apoiadores, mantendo o atendimento em saúde, o acolhimento e a garantia de dignidade às pessoas assistidas. No dia da gravação da reportagem, 31 pessoas estavam acolhidas no local. “Uns são moradores, outros estão de passagem”, explica a irmã Celene, diretora da casa.
A rotina da instituição foi acompanhada pelo videomaker do ac24horas, Kennedy Santos, que esteve no local para ouvir relatos de vida marcados por superação, perdas e esperança. Em clima natalino, ele perguntou a alguns internos o que gostariam de ganhar de presente do Papai Noel.
PARTE 1
PARTE 2