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Relator do Orçamento “desaparece” e acirra clima na Aleac no último dia de trabalho

Por
Whidy Melo

O clima de tensão marcou a tarde desta quarta-feira (17) na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), às vésperas da reunião da Comissão de Orçamento e Finanças (COF) que analisa a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026, estimada em R$ 13,8 bilhões. A ausência do presidente da comissão, deputado estadual Tadeu Hassem (Republicanos), virou assunto central nos corredores da Casa e foi classificada, nos bastidores, como um verdadeiro “chá de sumiço”.


Durante a transmissão do programa Boa Conversa – edição Aleac, a reportagem informou que tentou, ao longo de todo o dia, contato com Tadeu Hassem, sem sucesso. Segundo apuração do jornalista Marcos Venícios, o parlamentar não atendeu telefonemas e havia a indicação de que seria substituído na condução da reunião pelo vice-presidente da COF, deputado Afonso Fernandes (Solidariedade). A informação de que o presidente da comissão estaria insatisfeito com posições do governo em relação ao orçamento reforçou o clima de instabilidade.


Em meio ao cenário, o líder da oposição, deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), fez duras críticas ao governo e prometeu resistência durante a tramitação da peça orçamentária. “Nós vamos resistir, nós não vamos deixar barato, porque achamos que é preciso ter o mínimo de coerência”, afirmou.


Edvaldo cobrou que o governo coloque no papel promessas feitas há anos aos servidores públicos. “Se o governo preza pela sua palavra, ele permitiria escrever o que vem prometendo há algum tempo. Diz que, tendo folga fiscal, recompõe o plano de cargos, carreiras e salários da educação, que covardemente retirou. Nós queremos que se escreva isso”, disparou.


O parlamentar também destacou a questão do Reajuste Geral Anual (RGA), lembrando que o tema foi aprovado por unanimidade na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). “O RGA é um princípio constitucional. Nós aprovamos na LDO, o governo votou e não vetou. Agora, não quer escrever isso na peça orçamentária. Diz uma coisa e age de outra forma”, criticou.


Outro ponto levantado por Edvaldo foi o plano de carreira dos trabalhadores da saúde. Segundo ele, o próprio governo reconhece ter investido na elaboração do projeto, mas alega falta de tempo para encaminhá-lo. “Então escreva que começa a implantar a partir do primeiro trimestre. Não querem. Admitir-se que é isso”, afirmou.


Para o deputado, a Aleac não pode encerrar o último ano antes das eleições aprovando um orçamento que ignore as demandas dos servidores. “A Assembleia não pode votar uma peça que não dialogue com os servidores públicos, com as categorias da Segurança Pública e até com aqueles que ganham abaixo do salário mínimo. Estamos falando de um orçamento campeão, acima de R$ 13 bilhões. Não sobra nada para os servidores?”, questionou.


A reunião da COF estava prevista para iniciar ainda na tarde desta quarta-feira. Até o início da transmissão, permanecia a indefinição sobre a presença de Tadeu Hassem na presidência dos trabalhos, ampliando a expectativa e a tensão em torno da votação de um dos projetos mais importantes do ano no Legislativo acreano.


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Whidy Melo