Foto: Iago Nascimento/ac24horas
A ginecologista e sexóloga Dra. Camila Amorim destacou, durante entrevista ao programa Médico 24 Horas, apresentado pelo médico Dr. Fabrício Lemos e exibido pelo ac24horas.comnesta segunda-feira (15), que a diminuição do desejo sexual feminino tem origem multifatorial e não pode ser explicada apenas por alterações hormonais. Segundo a médica, que atua na área de saúde sexual da mulher, a queixa tem sido cada vez mais frequente nos consultórios, inclusive entre mulheres jovens.
“Hoje qualquer faixa etária pode estar acometida. A gente costumava associar a queda da libido apenas à menopausa, mas vemos mulheres de 20 e 30 anos com essa queixa”, afirmou Camila. De acordo com ela, embora a proximidade da menopausa intensifique os sintomas por conta da flutuação hormonal, não se trata mais de um problema restrito à idade.
A especialista explicou que, do ponto de vista médico, a redução do estrogênio e a instabilidade hormonal interferem diretamente no desejo sexual e no conforto durante a relação. “Essas mulheres têm mais atrofia vaginal, ressecamento e dor durante a relação sexual, além da falta de libido”, disse, ao se referir às pacientes próximas ou já na menopausa.
Foto: Iago Nascimento/ac24horas
Camila também detalhou as alterações hormonais do ciclo menstrual, esclarecendo que o inchaço, a retenção de líquidos e os sintomas da TPM estão relacionados ao aumento da progesterona na segunda fase do ciclo. “É esse hormônio que causa mais retenção de líquido, sonolência e distensão abdominal, simulando uma possível gravidez”, explicou.
Outro ponto abordado foi a queixa frequente de falta de lubrificação vaginal. A médica ressaltou que o problema pode ter causas hormonais, mas nem sempre está ligado a uma doença. “A lubrificação depende do equilíbrio hormonal, mas também da excitação e das preliminares. Sem estímulo adequado, não ocorre a dilatação do canal vaginal nem a lubrificação”, afirmou.
Segundo Camila, a ausência dessa preparação pode resultar em dor e desconforto durante o ato sexual. “Se a mulher não está com vontade e não houve preparação prévia, ela pode sentir dor durante a relação”, alertou.
Ela acrescentou que o uso de alguns anticoncepcionais hormonais pode contribuir para esse quadro. “Esses métodos mantêm os hormônios em níveis constantes, sem os picos naturais da ovulação, o que pode dificultar a lubrificação vaginal em algumas mulheres”, explicou.
Foto: Iago Nascimento/ac24horas
A ginecologista chamou atenção ainda para o uso de medicamentos, especialmente antidepressivos e ansiolíticos. “Hoje é muito comum a automedicação, e muitos desses remédios interferem diretamente na libido”, afirmou. Para ela, ansiedade e depressão também precisam ser investigadas como causas clínicas da redução do desejo sexual.
“Quando a paciente chega ao consultório, a investigação precisa ser completa. Às vezes, não é necessário entrar com medicação, mas ajustar hábitos, tratar a saúde mental ou encaminhar para terapia sexual”, disse.
Camila reforçou que nem toda queixa sexual tem origem orgânica. “A terapia sexual é indicada quando não existe um problema hormonal ou físico, mas sim dificuldades como ausência de orgasmo, conflitos no relacionamento ou bloqueios emocionais”, explicou. Segundo ela, o tratamento é feito ao longo de várias sessões, com foco na queixa apresentada.
Veja a entrevista completa:
[This post contains advanced video player, click to open the original website]