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Mesmo com a soja mais barata, Acre amplia volume exportado e reforça superávit

Por
Orlando Sabino

O Acre encerrou o período de janeiro a novembro de 2025 com desempenho expressivo no comércio exterior. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram, na tabela a seguir, que o estado aumentou suas exportações em 11,6% em relação ao mesmo período de 2024, enquanto as importações tiveram alta moderada de apenas 2,8%. Como resultado, o saldo da balança comercial cresceu 12,1%, consolidando um dos melhores resultados da série histórica, iniciada em 1997.


 


 


Em novembro, o Acre exportou US$ 6,73 milhões, superando o valor registrado no mesmo mês de 2024 (US$ 6,28 milhões). A diferença de US$ 457 mil contribuiu diretamente para o aumento das exportações acumuladas no ano, que passaram de US$ 81,29 milhões para US$ 90,75 milhões. 


Nas importações, novembro também trouxe impacto relevante. Em 2025, o estado importou US$ 613,8 mil no mês — um aumento expressivo em relação aos US$ 196,9 mil importados em novembro de 2024. Apesar do salto, o volume total de importações no acumulado continua baixo (US$ 4,47 milhões em 2025), mantendo o Acre entre os estados com menor dependência de produtos externos. 


Mesmo com novembro registrando importações mais altas que no ano anterior, o comportamento das exportações foi suficiente para reforçar o saldo comercial. O superávit de janeiro a novembro atingiu US$ 86,28 milhões, ante US$ 76,94 milhões em 2024 — resultado que confirma a crescente força do agronegócio e das cadeias exportadoras no estado.


Considerando que o desempenho até outubro já era positivo, os números de novembro ampliaram a vantagem de 2025 sobre o ano anterior. As exportações do mês foram mais robustas, e as maiores importações não comprometeram o saldo, demonstrando resiliência da economia acreana e maior capacidade produtiva.


Se a tendência se mantiver, o Acre deverá fechar 2025 com o maior saldo comercial da série histórica, consolidando sua presença nas cadeias internacionais de commodities agrícolas e florestais.


Bovinos e suínos puxam exportações do Acre, enquanto soja e produtos florestais mantêm força no acumulado do ano


As exportações do Acre de janeiro a novembro de 2025 revelam uma pauta fortemente concentrada na proteína animal, com bovinos e suínos respondendo juntos por mais da metade do valor comercializado pelo estado. A análise dos dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), constantes na tabela a seguir, mostra que, dos US$ 90,75 milhões exportados no período, 56,9% vieram da pecuária, evidenciando a consolidação do setor como principal motor do comércio exterior acreano.


 


A carne bovina lidera com ampla vantagem: foram US$ 35,8 milhões no acumulado do ano, o equivalente a 39,5% de todas as exportações do período. Em novembro, a força do setor ficou ainda mais clara — os bovinos representaram 57,4% de tudo o que o Acre exportou no mês. A carne suína aparece como segundo destaque do grupo animal, movimentando US$ 15,76 milhões entre janeiro e novembro e participando com 28% do valor exportado em novembro.


A proteína vegetal também mantém peso relevante na economia acreana, sobretudo pela soja, que alcançou US$ 20,74 milhões no acumulado, ou 22,9% do total anual exportado. Entretanto, novembro registrou apenas US$ 54,5 mil em vendas do grão, reflexo da forte sazonalidade da cultura, cujos embarques se concentram entre março e julho. O milho, embora ainda pouco representativo, demonstra crescimento, com US$ 143 mil exportados apenas em novembro.


Os produtos florestais também se destacam. A castanha, um dos itens tradicionais da pauta local, somou US$ 10,86 milhões no ano — 12% das exportações — ainda que não tenha registrado embarques em novembro. Já a madeira beneficiada manteve presença constante, com US$ 536 mil exportados no mês e US$ 4,7 milhões no acumulado anual. Outros produtos extrativistas completaram o grupo, respondendo por 2,6% do total anual.


A composição da pauta deixa claro que o Acre combina três pilares exportadores: a força dominante da pecuária, a importância estratégica da soja e a relevância histórica dos produtos florestais. Em novembro, a pecuária assumiu protagonismo absoluto, mas no acumulado do ano todos os grupos contribuíram para consolidar um desempenho sólido do estado no comércio exterior.


Um olhar específico para o preço da soja 


O Acre exportou soja em 2025 enfrentando preços mais baixos do que no ano anterior. Entre fevereiro e julho, período concentrado da comercialização, o valor médio da tonelada líquida caiu 9,9%, variando entre US$ 367 e US$ 404, abaixo dos patamares de 2024, quando chegaram a superar US$ 465.


 


 


A queda inicial refletiu o aumento da oferta global, com safra cheia no Brasil, recuperação da produção nos Estados Unidos e maior volume vindo da Argentina. O preço atingiu o ponto mais baixo em maio (US$ 367), mas voltou a subir a partir de junho, impulsionado por preocupações climáticas no Meio-Oeste americano e pela menor disponibilidade de soja brasileira após o pico da safra.


Mesmo com preços mais baixos, o Acre exportou 54,3 mil toneladas, ligeiramente acima do volume de 2024. O faturamento, porém, ficou menor devido à desvalorização internacional da commodity. Ainda assim, o estado manteve sua competitividade, sustentado pelo avanço da produção e por melhorias logísticas.


O comportamento registrado no Acre segue a dinâmica global do mercado de soja, marcada por forte oferta, volatilidade climática e ajustes na demanda. A recuperação observada no fim do semestre indica um cenário mais favorável para os produtores, embora projeções apontem para continuidade das oscilações nos próximos meses.


Em conclusão, os dados de 2025 mostram que o Acre consolidou um dos melhores desempenhos de sua história no comércio exterior, impulsionado pelo avanço das exportações de proteína animal e pela diversificação da pauta agrícola e florestal. Mesmo com a queda nos preços internacionais da soja, o estado manteve sua competitividade, ampliou o volume exportado e elevou o superávit da balança comercial. A forte presença da pecuária, a relevância da soja no acumulado anual e a contribuição consistente dos produtos florestais evidenciam uma estrutura exportadora mais robusta e integrada às cadeias globais. Se esse ritmo continuar, o Acre tem condições de encerrar 2025 com o maior saldo comercial já registrado, consolidando sua posição como um polo emergente de commodities agrícolas e florestais na Amazônia.


Orlando Sabino escreve às quintas-feira no ac24horas


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