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Marcos Araripe diz que fechamento do Hosmac é inviável sem estrutura substitutiva no Acre

Foto: Iago Nascimento/ac24horas
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O médico psiquiatra Marcos Araripe fez um alerta contundente sobre a situação da saúde mental no Acre ao afirmar que o fechamento do Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac) é, neste momento, inviável. A declaração foi feita durante entrevista ao programa “Médico 24 Horas”, apresentado por Fabrício Lemos e exibido nesta segunda-feira (8) nas redes sociais do ac24horas.


Durante a conversa, o especialista detalhou o papel estratégico que o Hosmac ainda exerce na assistência psiquiátrica do estado. Segundo ele, o hospital atende diariamente uma grande demanda de pacientes em sofrimento mental, funcionando como principal porta de entrada para casos graves, internações e atendimentos de urgência em saúde mental. “Hoje o Hosmac conta com cerca de 60 leitos e realiza em torno de 220 a 250 atendimentos por dia. Nós não temos equipamentos substitutivos e nem uma rede estruturada que consiga absorver essa população”.

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Rede ainda incapaz de absorver a demanda


De forma didática, Araripe explicou que a estrutura atual da rede pública de saúde mental é insuficiente para assumir o papel do hospital. Ele destacou que a chamada Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) ainda não foi plenamente implantada no estado e que muitos municípios sequer possuem atendimento mínimo em psiquiatria.
“Os serviços que existem hoje precisam passar por uma reestruturação. É necessário um diagnóstico situacional e que os municípios tenham, pelo menos, atendimento mínimo em psiquiatria”.


Na avaliação do médico, o debate sobre o fechamento do Hosmac se repete ao longo dos anos, mas esbarra sempre na mesma realidade: a inexistência de uma estrutura capaz de garantir assistência contínua, digna e segura aos pacientes.


Foto: Iago Nascimento/ac24horas

Desafios históricos e precariedade


Ao relembrar sua experiência à frente da gestão do hospital, o psiquiatra descreveu um cenário de dificuldades persistentes. Falta de recursos, carência de profissionais, estruturas físicas defasadas e excesso de demanda fazem parte da rotina do atendimento em saúde mental no estado.


“O maior desafio sempre foi a gestão. As condições de trabalho são muito precárias e o paciente enfrenta muita dificuldade para ter acesso ao atendimento”.


Ele ressaltou que não se trata apenas de discutir o fechamento ou manutenção de uma unidade hospitalar, mas de garantir uma política pública que assegure continuidade do cuidado aos pacientes psiquiátricos.


Depressão lidera os atendimentos


Outro ponto de destaque na entrevista foi o cenário atual das doenças psiquiátricas. Segundo Araripe, a depressão aparece como o transtorno mais frequente entre os pacientes atendidos, muitas vezes agravado pela demora em conseguir consulta especializada.“Existe uma demanda muito grande por atendimento e ainda há muito preconceito em relação à busca por psiquiatra”.


O especialista observou que o estigma em torno da psiquiatria ainda afasta muitas pessoas do cuidado adequado, o que contribui para o agravamento dos quadros clínicos.


Riscos do uso indiscriminado de medicamentos


O médico também chamou atenção para o crescimento do uso indiscriminado de medicamentos como o Rivotril, principalmente sem acompanhamento adequado. Ele explicou que o consumo abusivo de benzodiazepínicos pode gerar consequências graves ao longo do tempo.
“Traz vários [efeitos]. Podemos falar da dependência. Em idosos, aumenta o risco de quedas e pode causar declínio cognitivo”.


Veja a entrevista completa:


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