A Fundação Hospitalar Governador Flaviano Melo (Fundhacre) encerra 2025 apresentando resultados que mostram a mudança vivida pela saúde pública do Acre nos últimos anos. Pela primeira vez, a instituição de Rio Branco alcançou o menor índice de suspensão de cirurgias, superando a média nacional de hospitais públicos e universitários.

Coletiva de imprensa na Fundhacre apresentou resultados de 2025. Foto: Gleison Luz/Fundhacre
O indicador mostra quantos procedimentos deixam de ser realizados no dia marcado. Quanto menor a taxa, mais eficiente é o sistema, indicando menos atrasos, menos remarcações e mais pacientes que conseguem realizar suas cirurgias. O parâmetro mais utilizado vem da Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico (Sobecc), que aponta que taxas entre 10% e 20% são frequentes no sistema público, enquanto valores abaixo de 10% são considerados indicadores de excelência.
Neste ano, um esforço conjunto entre o governo do Acre, por meio da Fundhacre e Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), com apoio do Ministério Público do Acre (MPAC) permitiu resultados inéditos. Em 2019, o hospital registrava 20,5% de suspensões. A partir de 2020, passou a apresentar uma queda consistente nesse percentual, chegando a 15,6%. Em 2024, a média já havia descido para 14,5%. Em 2025, após a reorganização interna, pactuação com o MPAC e reativação de serviços, o índice chegou a 13,5%.

Servidores e profissionais da imprensa acompanharam a apresentação. Foto: Gleison Luz/Fundhacre
Na prática, a redução das suspensões significou mais de três mil cirurgias concluídas ao longo do ano, com a eliminação de cancelamentos evitáveis, que diminuíram filas de espera. A retomada das cirurgias também foi significativa. Entre 2020 e 2025, a produção cresceu 77%: saltou de 1.607 procedimentos no primeiro semestre de 2020 para 2.849 no mesmo período de 2025. O hospital manteve, pela primeira vez, mais de 500 cirurgias realizadas mensalmente, de forma contínua.
Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira, 9, a presidente da Fundhacre, Sóron Steiner, explicou que a mudança veio de muita organização e da retomada de serviços. “Conseguimos diminuir consideravelmente o índice de suspensão de cirurgias. Tivemos muitos avanços: cirurgias que estavam sem acontecer e que conseguimos retomar, como as artroplastias de quadril e joelho, próteses penianas e testiculares, cirurgias vasculares, mutirões de ginecologia e até o inédito transplante de tecido ósseo. Estamos muito felizes em alcançar essa marca”, afirmou.

Presidente da Fundhacre, Sóron Steiner mostrou os avanços e novidades. Foto: Gleison Luz/Fundhacre
A presidente também anunciou melhorias. A partir de agora, os pacientes internados na Fundação passam a contar com uma pulseira de identificação munida de QR code, que direciona para o manual de normas e rotinas da unidade e para uma pesquisa de satisfação disponibilizada em tempo real para o Ministério Público, que poderá acompanhar o nível de satisfação dos usuários em relação ao complexo hospitalar. Além disso, também foi lançado o novo modelo de crachás para acompanhantes, com o mesmo QR code. Algo simples, mas que faz toda a diferença na rotina hospitalar.
Marco histórico para o sistema cirúrgico do Acre
Para a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), o momento representa um salto estrutural. Centros cirúrgicos foram reabertos, e os serviços foram descentralizados, permitindo que municípios do interior também recebessem procedimentos antes disponíveis apenas na capital. Somando todas as unidades do estado, a projeção do governo é chegar ao fim de 2025 com mais de 70 mil cirurgias realizadas desde 2019.

Secretário Pedro Pascoal apontou melhorias na rede estadual como um todo. Foto: Gleison Luz/Fundhacre
O secretário estadual de Saúde, Pedro Pascoal, reforçou que o estado vive um período sem precedentes: “Eu digo que o Acre está vivendo o melhor desempenho cirúrgico da última década. Conseguimos expandir de forma significativa e descentralizada, levando a saúde para perto da população. Também ampliamos leitos, centros cirúrgicos e até uma UTI construída e reformada especificamente para o pós-operatório de alta complexidade. É um compromisso do governador Gladson Camelí e de toda a gestão”, enfatizou.
Parte desse avanço veio de um trabalho iniciado em maio, quando o Ministério Público pactuou com a Sesacre e Fundhacre um conjunto de medidas para reduzir o índice de suspensão de cirurgias. O diagnóstico identificou fatores que, embora pequenos isoladamente, geravam impacto para pacientes e equipes.

Promotor Ocimar Sales Júnior destacou o foco nos pacientes do SUS. Foto: Gleison Luz/Fundhacre
O promotor de Justiça Ocimar Sales Júnior, que atua na Promotoria Especializada de Defesa da Saúde do MPAC, destaca que o processo foi conduzido com foco no usuário do SUS. “Tínhamos uma alta taxa de suspensão, por vários fatores que foram mapeados. A partir disso, foi possível sanar essas falhas. E o que temos de ganho? Otimização dos recursos públicos e aumento do número de cirurgias. Reduzindo suspensões, aumentamos os procedimentos realizados. Para o paciente e a família, reduzimos a frustração de vir para o hospital e não conseguir operar”, explicou.
Sales reforçou que agora existe transparência total em cada caso: “Se por algum motivo, ainda houver suspensão, é preenchida uma ficha formal com todas as informações. O paciente sai sabendo o porquê. Isso traz clareza, eficiência e respeito, e o Ministério Público está muito satisfeito com os resultados”.

Acordo firmado com o MPAC estabeleceu medidas para melhorar os índices. Foto: Gleison Luz/Fundhacre
Com melhorias na estrutura, retomada de serviços e o esforço das equipes, o sistema público de saúde do Acre avançou de verdade. Em 2025, o estado fecha o ano com números acima da média nacional e com cirurgias que voltaram a ser realizadas, trazendo como resultado mais pacientes operados e filas que andam.


















