Foto: Iago Nascimento
O programa Boa Conversa apresentou, nesta sexta-feira (5), um panorama dos principais acontecimentos da semana, com temas que passaram pela economia, política, bastidores eleitorais e movimentações partidárias no Acre. A edição foi transmitida pelos estúdios do ac24horas e contou com comentários de Luis Carlos Moreira Jorge (Crica), Astério Moreira e apresentação de Marcos Venicios.
Logo na abertura, Marcos destacou a “novela MDB”, fazendo referência às indefinições e disputas internas que têm marcado o partido. Para Luiz Carlos, o cenário é de mudança constante. “O MDB está igual biruta de aeroporto. Uma hora o vento bate de um lado, outra hora bate do outro”, avaliou.
Crica acrescentou que surgiu dentro da sigla um grupo de “rebelados”, formado por membros que defendem uma aliança com o senador Alan Rick. Segundo ele, esses dirigentes argumentam que a senadora Mailza Assis não teria força suficiente para garantir mais espaço ao MDB, alegando ainda que o governador Gladson Cameli “não gosta do MDB”.
Foto: Iago Nascimento
Por outro lado, explicou Crica, o grupo ligado ao governo teme que o partido repita movimentos anteriores. “Como ocorreu nas eleições municipais, quando, após articulações avançadas, o MDB desistiu de alianças e lançou Jéssica Sales como candidata de última hora em Cruzeiro do Sul”, analisou dizendo que a decisão de apoio do partido pode sair ainda em 2025.
Segundo o colunista Astério Moreira, em conversa com o secretário de Governo, Luiz Calixto, foi garantido que o governador Gladson Cameli não tem qualquer resistência em relação ao MDB. “Houve um problema por conta das eleições, mas isso está resolvido. Ele autorizou a base política a negociar com o MDB”, afirmou Calixto.
Crica também destacou que Jéssica Sales deve ser candidata ao Senado Federal. “O pessoal da articulação do governo diz que o nome preferido para ser vice da Mailza é Marcos Alexandre. Eles argumentam que, no Juruá, já existem nomes consolidados, como Nicolau e Gladson, e que Marcos é forte na capital”, explicou.
Ainda segundo Crica, Marcos Alexandre demonstra relutância em disputar uma vaga na Assembleia Legislativa. “Está decidido. Não digo nem colocar, mas há 99% de chance de não mudar”, afirmou.
Crica afirmou durante o programa que, na avaliação de Marcus Alexandre, o maior erro político de sua trajetória foi ter aceitado ser vice na chapa de Jorge Viana. Segundo o comentarista, essa percepção ainda acompanha o ex-prefeito e influencia suas decisões atuais.
Durante o programa, os comentaristas analisaram as pesquisas que apontam Alan Rick na liderança, seguido por Tião Bocalom e Mailza Assis. Para Astério Moreira, a senadora tem força para disputar. “Mailza tem estrutura e tem poder”, afirmou.
Crica também destacou a diferença no número de candidatos a deputado estadual e federal que devem ser lançados pelos grupos de Mailza e Alan. “Vai brigar na rua com votos”, comentou.
Astério acrescentou que a eleição tende a ser uma das mais competitivas dos últimos anos. “O Thor vai ocupar esse espaço da esquerda, que tem voto no Acre. Eles têm voto. Temos Mailza, Bocalom, Alan e Thor. Então, vai ser uma campanha para segundo turno difícil”, avaliou.
Sobre a possibilidade de candidatura de Tião Bocalom, Crica afirmou que Márcio Bittar perdeu o apoio do governo. “E o que o Luiz falou: se ele ficar do nosso lado, é nosso candidato; se não, é adversário”, destacou.
Marcos levantou a possível candidatura de Mara Rocha ao Senado, destacando que ela aparece bem nas pesquisas e pode retirar votos de Márcio Bittar. Asterio, porém, avaliou que o cenário eleitoral atual não favorece novas alternativas.
Segundo ele, a forte polarização em curso dificulta o surgimento de candidaturas competitivas fora dos principais blocos. “A polarização esvazia uma terceira via, quarta via”, afirmou.
Outro tema debatido no Boa Conversa foi a reivindicação de deputados estaduais por R$ 5 milhões em emendas parlamentares individuais. Segundo os comentaristas, o governo afirma não haver espaço orçamentário para atender ao pedido.
Crica analisou o cenário e destacou que o Acre enfrenta limitações severas. “O Acre é pobre e cheio de carências. Como fica o PCCR da Saúde? Vai ter dinheiro para dar R$ 5 milhões para cada deputado estadual e não tem para bancar um PCCR que está parado há 25 anos, assim como o da Educação?”, questionou.
Asterio Moreira lembrou que o montante pedido pelos 24 deputados custaria R$ 120 milhões por ano. “Para cada deputado”, reforçou o jornalista ao destacar o impacto nas contas públicas.
Foto: Iago Nascimento
Marcos Vinícius comentou que, segundo o deputado Tadeu Hassem, 70% do valor destinado às emendas retorna ao Estado na forma de execução de obras e ações.
Ele também revelou que o governo deve realizar uma reunião com a base governista na segunda-feira (8) para tentar “alinhar a situação”. Marcos afirmou ainda que, nos próximos dias, pode haver bloqueio de contas por causa das emendas.
O programa também debateu o recente anúncio de Jair Bolsonaro de que seu filho, Flávio Bolsonaro, será candidato à Presidência da República no próximo ano. Segundo Asterio Moreira, tanto Tião Bocalom quanto Márcio Bittar devem declarar apoio a Flávio.
Crica avaliou que a decisão pode causar um racha na direita brasileira e representa um duro golpe nas pretensões do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. “Foi uma rasteira grande no Tarcísio”, afirmou.
A crise envolvendo a deputada federal Antônia Lúcia e o deputado federal Silas Câmara ganhou destaque na imprensa nos últimos dias e foi tema de debate no programa Boa Conversa.
Segundo o apresentador Marcos Vinícius, cresce a percepção de que Antônia Lúcia teria dificuldades em enfrentar adversários em condições de igualdade em uma disputa eleitoral. O colunista Luis Carlos Moreira Jorge, o Crica, evitou entrar no conflito familiar. “Não me meto em briga familiar. Que se resolvam entre eles”, afirmou.