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Aliados de Bolsonaro avaliam que prisão já prejudica articulações estaduais

Foto: Pablo Porciuncula/AFP
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Aliados de Jair Bolsonaro (PL) avaliam que a prisão e o consequente isolamento dele já começa a atrapalhar a costura de alianças estaduais visando as eleições de 2026. O caso mais recente e emblemático, na avaliação de membros do partido ouvidos pela CNN, é o da briga pública relacionada ao Ceará.


Já há divergências políticas sobre candidaturas do PL ou apoiadas pelo legenda ao Senado em Santa Catarina. Acordos pré-estabelecidos no Distrito Federal também estão em xeque.

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Para membros do partido, a situação de Bolsonaro – preso numa sala da Superintendência da PF (Polícia Federal), em Brasília – complica o avanço de articulações. As visitas ao ex-presidente são apenas de familiares próximos – com aval do Supremo e em datas marcadas com antecedência –, médicos ou advogados. Portanto, são poucas as pessoas com acesso a ele para levar as notícias ou ser seu porta-voz.


Jair Bolsonaro também não tem acesso ao celular ou às redes sociais. A televisão é apenas composta de canais abertos, a princípio. Na avaliação de aliados, isso tudo dificulta que o ex-presidente se atualize sobre o panorama político e consiga tomar decisões com todas as informações atualizadas e a tempo.


A família Bolsonaro busca manter o controle sob o espólio político do patriarca, mas o episódio do Ceará demonstrou que nem sempre andam juntos.


No final de semana, em evento no Estado, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro criticou publicamente a possibilidade de o PL apoiar uma eventual candidatura de Ciro Gomes (PSDB) a governador. Ela disse que não pode apoiar quem já xingou o marido com tanta veemência.


Ciro busca voltar à cena política. Historicamente ligado ao PDT, ele se filiou ao PSDB em outubro após desavenças com a centro-esquerda no estado. Também tem participado de reuniões políticas da centro-direita.


Flávio disse que Michelle foi autoritária e tinha atropelado o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, já que o acordo estaria respaldado por ele. Flávio contou com o apoio dos irmãos contra a madrasta na briga. Nas redes sociais, Michelle pediu desculpas aos enteados, mas não voltou atrás nas críticas a Ciro Gomes. Inclusive, ela as reforçou nesta terça-feira (2).


Diante da briga pública, a cúpula do PL convocou uma reunião de emergência entre os envolvidos. Depois do encontro, buscou transmitir uma mensagem de página virada.


Na sede do partido em Brasília, se reuniram o presidente nacional da sigla, Valdemar da Costa Neto; Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher; os senadores Flavio Bolsonaro (PL-RJ) e Rogério Marinho (PL-RN), além de André Fernandes, deputado federal do PL pelo Ceará – estado pivô da crise.


“Ficou bem claro que o que a gente identifica foi um ruído de comunicação com a Michelle falando com o coração […] e, do outro lado, a nossa maior liderança no Ceará, o André Fernandes”, disse Flávio Bolsonaro após a reunião.


O senador chegou a ressaltar também que conta apenas com 30 minutos por semana para falar com o pai e sobre a postura de tentar não preocupá-lo mais ainda.


“Ele estava hoje numa situação bem difícil, soluçando bastante, reclamando que teve refluxo à noite. Está numa sala de 12 metros quadrados, trancado na chave o dia inteiro, com a sala ao lado com um barulho infernal do ar-condicionado central daquele prédio da Polícia Federal”.


Na tentativa de amenizar a situação, o PL disse que Michelle e André Fernandes oraram juntos. Depois, tiraram foto com todos ao lado de uma imagem de Jair Bolsonaro de papelão em tamanho real.


Apesar da briga, o saldo da reunião do PL pode ser considerado positivo para Michelle. O partido suspendeu as negociações para costurar uma aliança com Ciro Gomes no Ceará.


A pior crise pública no clã Bolsonaro acontece uma semana após a prisão do ex-presidente da República, evidenciando a dificuldade do partido na articulação política sem a atuação direta do seu maior líder.


Enquanto isso, Valdemar da Costa Neto, se equilibra para manter a direita próxima ao centrão, apostando num pragmatismo político a longo prazo para superar as divergências familiares.


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