Bar do Vaz

Pedro Longo defende cooperativismo como saída para pequenos produtores no Acre no Bar do Vaz

Por
Saimo Martins

A edição do programa Bar do Vaz recebeu, na tarde desta terça-feira (2), o deputado estadual e vice-presidente da Assembleia Legislativa do Acre, Pedro Longo (PDT). Durante a entrevista, o parlamentar abordou diversos temas relacionados à política, entre eles o projeto de lei de sua autoria que visa proibir o comércio, transporte e manuseio de fogos de artifício ou artefatos pirotécnicos que produzam estampidos. Além disso, o deputado abordou temas como o cooperativismo, a intenção de disputar a Câmara Federal em 2026 e a possível mudança de partido.


Segundo Longo, o objetivo da proposta foi trazer inovação legislativa ao estado. “A gente acompanha muito o que ocorre nos estados e municípios, e essas leis já existem em lugares como São Paulo e outras localidades. Nós quisemos trazer essa inovação também para o Acre. Por quê? Porque ela não só protege os animais, que sofrem estresse, especialmente neste período de fim de ano — e aproveito para fazer esse apelo às pessoas, ao entrarmos nas festas natalinas e na virada — para que haja respeito”, afirmou.


O parlamentar destacou ainda que os impactos vão além do bem-estar animal. “É uma lei que, além dos pets, protege pessoas autistas, pessoas com TDAH, crianças pequenas, idosos, enfim, todos que ficam desassossegados com a virulência desse barulho. Acho que é bom para todo mundo. Há formas tão bacanas de comemorar com a família sem criar essa situação de ruídos tão intensos”, declarou.


Longo destacou ainda seu trabalho em defesa das pessoas com deficiência. “Primeiro, eu sou uma pessoa com deficiência. Eu tive poliomielite na infância, então é uma causa que mexe comigo, me sensibiliza. E nós vemos que existiam circunstâncias que precisavam de alguém, lá na Assembleia, que fosse um pouco mais focado nesse mandato. Por isso, quis diferenciar meu trabalho, apoiando as pessoas com deficiência. Conseguimos leis importantes, como a aposentadoria especial para o servidor público com deficiência, com um tempo de contribuição menor, menos anos trabalhados. E, com esse mesmo viés, eu penso sempre nos pequenos.”


O parlamentar também abordou a criação da Frente Parlamentar de Apoio ao Cooperativismo na Assembleia Legislativa do Acre. Segundo ele, a iniciativa tem como base experiências bem-sucedidas de outras regiões do país.


Foto: Sérgio Vale/ac24horas

“Eu nasci no Sul do país, estou aqui há 70 anos, e vi como os municípios se desenvolveram com o cooperativismo. Aquilo que é difícil para alguém individualmente — e aqui os nossos pequenos agricultores, por exemplo, não conseguem comprar um trator, enfrentam restrições ambientais, não podem queimar, não podem derrubar, mas também não têm alternativa — começa a se tornar possível quando há união de esforços”, explicou.


Pedro ressaltou que a formação de cooperativas e associações permite viabilizar ações que, individualmente, seriam inviáveis. “Quando você junta esforços, aquilo que é quase impossível para alguém sozinho vira uma possibilidade, uma realidade. Por isso estou ao lado da OCB, a Organização das Cooperativas do Brasil. Formamos na Assembleia a maior frente parlamentar existente e uma das poucas que funciona sistematicamente.”


O deputado destacou ainda que grande parte de suas emendas parlamentares é destinada ao fortalecimento do cooperativismo. “Essa é a bandeira que eu abracei. Minhas emendas, em sua maioria, vão para cooperativas e associações. Acredito que, assim, conseguimos chegar na ponta, onde há mais necessidade”, comentou.


O parlamentar fez questão de destacar o papel das cooperativas no desenvolvimento do Acre. “O cooperativismo veio para ficar e é, para o Estado do Acre, uma das portas que temos para impulsionar o nosso desenvolvimento. Por isso aposto tanto nesse segmento”, afirmou.


O deputado Pedro Longo também ressaltou que busca conduzir um mandato distante do assistencialismo. “Comentei com você que quis fazer um mandato um pouco diferente. Fujo daquele assistencialismo de pagar conta de luz, porque isso não muda a vida de ninguém. No mês seguinte vem outro talão. Você muda a vida das pessoas quando oferece oportunidades, quando dá condições para que elas caminhem com as próprias pernas”, destaca.


O deputado afirmou que o cooperativismo “veio para ficar” no Acre e destacou o papel crescente das cooperativas em diversos setores da economia. “Por exemplo, os grandes bancos — Banco do Brasil, Caixa Econômica — estão se retirando dos municípios pequenos. Quem está suprindo essa lacuna são os bancos cooperativos: Sicoob, Sicredi, Credisul. O cooperativismo de crédito, o cooperativismo na área da saúde, como a Unimed, e também o cooperativismo no transporte e na produção rural vêm crescendo. Temos agora, inclusive, o complexo do café em Mâncio Lima. Então, o cooperativismo veio para ficar e é, para o Estado do Acre, uma das portas para o nosso desenvolvimento. Por isso aposto tanto nesse segmento”, afirmou.


Longo explicou que seu mandato tem priorizado investimentos no setor.“Por isso tenho destinado emendas para cooperativas e associações de produtores rurais”, disse.


Segundo o parlamentar, esse é o motivo pelo qual suas emendas têm sido destinadas principalmente a cooperativas e associações de produtores rurais. Ele também destacou a realização de diversos cursos voltados especialmente para mulheres.


“A gente vê situações tristes de agressões e feminicídios, e uma das causas é a dependência econômica, que muitas vezes impede a mulher de se libertar de uma relação abusiva. Quando você oferece um curso de manicure, corte e costura, gastronomia, ela passa a ter alternativas, passa a ter autonomia”, completou.


Foto: Sérgio Vale/ac24horas

O deputado Pedro Longo também comentou sua atuação na base governista na Assembleia Legislativa do Acre, ressaltando firmeza e equilíbrio na defesa do governo. Segundo ele, a postura adotada sempre buscou conciliar posicionamento político e respeito aos adversários.


“Você pondera ambos os lados. Eu sou muito firme na defesa do governo. Fui líder do governo por dois anos em uma legislatura muito combativa, com muitos deputados da oposição, mas sempre consegui fazer isso mantendo o respeito, inclusive da oposição, porque eu nunca agredi ninguém e também não respondi agressões. A agressão, eu digo, fala mais sobre o agressor do que sobre o agredido. Então, sempre busquei colocar argumentos. Acho que esse é o meu jeito de ser; eu não consigo ser diferente”, afirmou.


O deputado Pedro Longo também comentou a resolução federal que moderniza o processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).


Para o parlamentar, a proposta apresenta avanços, mas também exige cautela diante da realidade do trânsito no Acre. “Olha, tem aspectos favoráveis e desfavoráveis. Eu tenho alguma preocupação, porque nosso trânsito, cá entre nós, é complicado. Estamos vendo diariamente acidentes graves, principalmente envolvendo motociclistas. A falta de respeito às normas de circulação gera impacto direto na saúde pública, especialmente nos atendimentos por trauma. Então, eu tenho essa preocupação porque as autoescolas já possuem uma rotina de aprendizado e educação”.


Longo destacou que o argumento do governo federal para flexibilizar o processo é o custo elevado da habilitação. “Muitas pessoas têm dificuldade de tirar a carteira. Só que, às vezes, o problema nem são as taxas das autoescolas. São as taxas que o próprio governo cobra: médicos, psicólogos… Quando soma tudo isso, mais o valor das autoescolas, realmente fica expressivo”, analisou.


Ele sugeriu que políticas de inclusão, como a CNH Social, poderiam ser uma alternativa mais eficaz do que desobrigar o uso das autoescolas. “O governo do Acre tem um projeto muito interessante, que é a CNH Social. Talvez valesse mais a pena ampliar esse tipo de programa do que simplesmente dispensar a autoescola.”


O deputado avalia que a regulamentação ainda deverá amadurecer. “A resolução foi aprovada, mas falta ser regulamentada. É nesse processo que serão ouvidos os profissionais da área — instrutores, engenheiros de tráfego, especialistas — para buscarmos um meio-termo que atenda a todos”, disse.


Sobre a questão partidária, o deputado afirmou que só poderá tomar uma decisão definitiva em março de 2026, durante a janela partidária. “Provavelmente, o meu partido, o PDT, não terá uma chapa de federal. Isso vai me obrigar a buscar outros caminhos, o que é natural, porque a legislação tem criado cada vez mais barreiras para a eleição de deputados federais”, encerrou.


Assista à entrevista completa:


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Saimo Martins