O Programa de Educação Tutorial (PET Economia) da Universidade Federal do Acre (UFAC) analisou o desempenho das escolas acreanas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 e revelou um cenário marcado por fortes assimetrias regionais e institucionais.
Os dados, que fazem parte de um estudo realizado pelo Fórum Empresarial do Acre em parceria com o Sebrae, utilizando dados oficiais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostram que o Acre permanece cerca de 24 pontos abaixo da média nacional.
O resultado, segundo o Programa, não pode ser compreendido isoladamente, mas dentro de um conjunto de condicionantes sociais, territoriais e estruturais.
De acordo com o levantamento, a diferença de desempenho entre escolas urbanas e rurais chega a 34,78 pontos, evidenciando um padrão de desigualdade que persiste há anos e que tem relação direta com o acesso a infraestrutura, recursos pedagógicos e condições socioeconômicas no interior do estado.
O grupo mais vulnerável identificado pelo estudo é o das escolas estaduais rurais, que registraram resultados até 114 pontos abaixo da média nacional.
A análise também destacou a distância entre redes de ensino. As escolas privadas alcançaram média de 598,45 pontos, superando em cerca de 60 pontos a rede federal e em mais de 100 pontos a rede estadual.
Entre as dez escolas com melhores desempenhos no Acre, oito são particulares e nove estão localizadas em Rio Branco, o que, para o PET Economia, reforça o fenômeno de hiperconcentração de qualidade educacional na capital.
A disparidade entre zonas urbanas e rurais, as diferenças de oferta entre redes de ensino e a concentração de resultados positivos na capital revelam um padrão estrutural que não se resolve com ações pontuais.
O estudo defende que políticas públicas baseadas em dados, planejamento territorializado e investimentos contínuos em formação docente, infraestrutura e condições de aprendizagem são fundamentais para reduzir as distâncias identificadas.
A abordagem destaca ainda que o desempenho no Enem deve ser compreendido como parte de um processo mais amplo. Fatores como renda das famílias, vulnerabilidade social, acesso à internet, permanência escolar e nível de escolaridade dos responsáveis interferem diretamente no preparo dos estudantes.


















