Se a virtude está no meio, segundo Aristóteles, jamais iremos encontrá-la nos extremos.
Seria plenamente aceitável e politicamente desejável se às rotulações, direita e esquerda, fosse como uma circunferência e tivesse apenas um centro. Entretanto, ao sentirem-se donos da razão e menosprezando a virtude, coisas do tipo: extrema direita, extrema esquerda, centro direito e centro esquerda, entre outras, foram surgindo e comprometendo o que a atividade política poderia nos oportunizar.
Ser centrista não significa participar de uma seita, ou seja, fazer parte de um grupo que se apega a determinadas crenças, religiosas ou políticas, e sim, dispor da liberdade de emitir opinião, podendo até criticar, mas respeitando àqueles que pensam diferentemente.
É triste constatarmos que o radicalismo político surgiu e ainda se faz presente no nosso país, a despeito dos males que o mesmo já produziu. À propósito pergunto: quantas amizades já foram desfeitas e quantas famílias foram apartadas em razão do nosso radicalismo político?
Eu particularmente fiquei profundamente preocupado com a condenação e a consequente prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. E por quê? Porque para os bolsonaristas, os radicais da direita ele vem sendo vítima de uma perseguição política, inclusive da nossa própria justiça, e de outro lado, os radicais da esquerda dizem: a justiça fora feita.
Verdade seja dita: a corda encontra-se bastante esticada e prestes a ser rompida, afinal de contas, não estamos tratando apenas de um ex-presidente, e sim, de alguém que detém um inequívoco apoio popular.
Ainda que todos os presos devessem ser tratados igualmente, em se tratando do aprisionado Jair Bolsonaro, tratá-lo desigualmente seria o mais recomendável, e se possível, sem perseguição.
Em relação a sua condenação, superior aos 27 anos, aparentemente alongada, muitos atenuantes poderão acontecer e certamente acontecerão, e a se destacar, o fim do radicalismo político que ora vivenciamos. De uma coisa tenhamos a absoluta certeza: quem se coloca na beira de um abismo precisa observar o despenhadeiro que o espera.
Não estou a recomendar que os bolsonaristas venham aderir ao lulismo, e sim, que levem em consideração o que veio acontecer com o ex-presidente Lula que, após 280 dias de aprisionado voltou a presidência da nossa República para exercer um inusitado 3º mandato.
Se para quem sabe esperar o tempo é o melhor remédio, neste articular, alguns bolsonaristas, entre eles o seu próprio filho, Eduardo Bolsonaro, ao invés de remediar, continua envenenado os caminhos que poderiam trazer o seu pai a reviver as glórias do passado.