Tudo vale à pena quando a alma não é pequena.
Quando o imortal Fernando Pessoa pronunciou num dos seus mais celebrados versos, o “Mar Português”, a expressão que encabeçou este artigo, ele apenas quis dizer: “uma alma pequena é aquela que não tem grandiosidade e não ousa sonhar que uma alma grande é capaz de enfrentar as dificuldades e as dores para alcançar seus objetivos”.
Falando-se em almas pequenas e a bem da verdade, diga-se: a nossa atividade político-partidária está praticamente repleta de pessoas desalmadas, diria até, de gente que só busca tirar proveito da própria atividade política, e ainda assim, muito descaradamente, ousam dizer que estão tratando do interesse público.
Infelizmente, no nosso país, nem mesmo às mais basilares regras recomendadas a toda e qualquer convivência social estão sendo obedecidas, menos ainda, as de natureza política. Para tanto basta que observemos que nem mesmos a repartição dos nossos três poderes, como prescreveu o Barão de Montesquieu, não mais estão funcionando, a contento, seja pelas suas excessivas liberdades e, sobretudo, pelas suas recorrentes desarmonias.
Falando-se em almas pequenas, no nosso país, vamos encontrá-las nos recorrentes encontros, sejam os patrocinados pelos rotulados bolsonaristas ou pelos rotulados lulistas, até porque, eles ainda não se deram por conta que maldito é o país que precisa de heróis.
Se quem planta ventos colhe tempestades, o que haveríamos de esperar da nossa própria legislação político-eleitoral se a mesma legalizou uma excrescência denominada de janela partidária, através da qual, os nossos detentores de mandatos eletivos evadam-se do partido pelo qual fora eleito, levando consigo o próprio mandato?
Nas democracias que minimamente se prezam, e neste particular, cito a dos EUA e a da Inglaterra, em suas respectivas Casas Parlamentares jamais se encontrará a fragmentação que existe no nosso país, seja no nosso Senado e na nossa Câmara de Deputados.
No nosso país, para o enfraquecimento da nossa própria democracia, os nossos três poderes tornaram-se alvos das mais graves e preocupantes acusações, a se destacar, as que são dirigidas ao nosso poder judiciário, e em particular, ao nosso STF-Supremo Tribunal Federal, justamente o poder que tem a missão de arbitrar os conflitos que advierem dos nossos outros dois poderes.
Em relação à prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, espero que tenha sido a última, posto que, a mesma veio na sequência das prisões de três dos nossos ex-presidentes: Lula, Collor e Temer. Repetindo Fernando Pessoa: tudo vale a pena quando a alma não é pequena.