Narciso em 30 Linhas

Vamos aos fatos

Por
Narciso Mendes

No Brasil, a cada dia, dois dos nossos detentos morrem no interior das nossas prisões


A informação acima é de responsabilidade do nosso observatório dos diretos humanos. No ano de 2023 acorreram 3.091 óbitos, ultrapassando a média de duas mortes diárias. Outro dado: 49% dos nossos presos foram condenados por terem cometidos crimes relacionados ao patrimônio, ou seja, roubos e furtos.


Como tudo no nosso país, em razão da nossa maldita polarização política acaba sendo politizada, a morte do então aprisionado, Cleriston Pereira da Cunha, o Clezão, para os bolsonaritas, tem se prestado como exemplo de uma vítima que perdeu a sua vida por perseguição política.


A causa morte do Clesão decorreu de um enfarto fulminante quando o mesmo se encontra tomando um banho sol. Ele se encontrava preso na Papuda, uma das mais propaladas prisões do nosso país, justamente, por se encontrar em Brasília, no nosso Distrito Federal.


Que os familiares do Clezão lamentem a sua morte, nada mais justificável, porém a politização de sua morte, quando a cada dia, invariavelmente, outros presos vão óbitos, não tem se prestado como referência para determinar a mínima humanização, inclusive da Papuda.


Se já sentenciado e quando restavam poucos dias para o seu aprisionamento, como seria esperado, o local para onde o ex-presidente Jair Bolsonaro seria mandado voltou ao nosso noticiário político. Para os lulistas, o local ideal seria a Papuda e para os seus aliados, em razão da sua elevada idade e seu estado de saúde, a prisão domiciliar seria o bastante e a mais apropriada.


Para a vice-governadora de Brasília, Celina Leão, uma bolsonarista roxa, a Papuda não tem condição para aprisionar um ex-presidente da Republica, no caso, Jair Bolsonaro. Na mesma direção e sentido advoga o governador Ibaneis Rocha.


Concordo com ambos, conquanto justifiquem porque 14.000 presos que se encontram na Papuda, se a mesma só dispõe 8.000 vagas. Que o futuro preso, Jair Bolsonaro, dada sua condição de ex-presidente da nossa República não venha ser posto numa cela juntamente com outros aprisionados, é o mínimo que podemos esperar.


Se a verdadeira igualdade consiste em se tratar desigualmente os desiguais, que o presidiário Jair Bolsonaro não venha ser tratado como vem sendo tratado a maioria dos nossos aprisionados, até porque, a sua condição de ex-presidente da nossa República requer determinados cuidados, entre eles, com o seu estado de saúde. Como o Brasil tem a 3ª maior população carcerária do mundo, a morte de um dos seus aprisionados não deveria causar tantas surpresas.


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Narciso Mendes