Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostram que, em 2024, 436 mil estudantes ficaram sem aulas na Amazônia devido a eventos climáticos, principalmente secas. O problema afetou a locomoção de alunos, danificou motores de embarcações usadas no transporte escolar, interrompeu atividades e isolou comunidades. A seca também comprometeu o abastecimento de água e serviços essenciais.
Segundo o Unicef, mais de 1.700 escolas e 760 unidades de saúde na região amazônica foram fechadas ou se tornaram inacessíveis por causa do baixo nível dos rios.
O impacto das mudanças climáticas na infância foi tema de debates paralelos à COP 30, encerrada em Belém no último sábado (22). Crianças e adolescentes participaram de ações simbólicas pedindo mais proteção ambiental e políticas voltadas à infância.
A seca também afetou outras áreas: provocou falta de água potável, prejudicou a agricultura e dificultou a navegação — essencial para transporte e escoamento de produtos. Durante o verão amazônico, as ondas de calor intensas agravam o cenário: muitas escolas têm ventilação insuficiente e não são climatizadas, prejudicando o ensino e a aprendizagem.
O estudo “Aprendizagem Interrompida: Panorama Global das Interrupções Escolares Relacionadas ao Clima em 2024”, do Unicef, aponta que 242 milhões de crianças e adolescentes no mundo tiveram aulas interrompidas por emergências climáticas em 2024.
Outros dados do levantamento no Brasil:
• 1,17 milhão de estudantes ficaram sem aulas por eventos climáticos em 2024;
• a média de dias letivos perdidos dobrou: de 5 em 2023 para 10 em 2024;
• 77% das escolas não têm plano de emergência;
• 90% nunca fizeram simulações de risco;
• 57,6% dos alunos do ensino médio estudam em áreas com baixa resiliência a enchentes;
• 8 milhões de estudantes frequentam escolas vulneráveis à seca.