Com a final da Conmebol Libertadores marcada para o dia 29 de novembro em Lima, milhares de brasileiros já se organizam para cruzar a Estrada do Pacífico ou embarcar rumo ao Peru. A expectativa é de grande movimento nas fronteiras e aeroportos, mas também de dúvidas sobre segurança, documentação e cuidados básicos durante a viagem. Para orientar os torcedores, o empresário do setor de viagens e presidente do Conselho Estadual de Turismo do Acre, Thiago Higino, detalhou ao ac24horas, nesta segunda-feira (24), o que os viajantes precisam saber antes de partir.
Logo no início da entrevista, Higino fez um alerta que considera fundamental: a escolha da empresa responsável pela assessoria da viagem. Segundo ele, a pressa e a empolgação têm aberto espaço para golpes. “O primeiro ponto é contratar uma agência que tenha expertise e condições de prestar uma assessoria à altura. Muita gente acha que fazer tudo por conta sai mais barato, mas pode sair mais caro. E agora tem muita fraude acontecendo, pacotes sendo vendidos com valores que não condizem com a realidade, pacotes que simplesmente não existem”, afirmou.
Documentação: atenção redobrada
Para quem pretende viajar pela Estrada do Pacífico, seja dirigindo até Lima ou até Puerto Maldonado – ponto usado por muitos viajantes para embarques internos -, Higino reforça que a documentação do veículo precisa estar impecável. “O veículo precisa estar no nome do passageiro, ou então é necessário fazer uma autorização apostilada em cartório para o condutor habilitado”, explicou.
Já os documentos pessoais exigidos pelo Peru têm regras rígidas. O RG precisa ter, no máximo, 10 anos de emissão, estar legível e com foto condizente com a aparência atual. “Uma criança que fez RG com 5 anos, hoje com 15, por exemplo, mesmo com o documento dentro do prazo, pode ter problemas. Eles levam isso muito em consideração”, disse.
Para quem viaja com passaporte, vale outra regra importante: ter pelo menos seis meses de validade antes do vencimento. “Se faltar três meses, mesmo sem estar vencido, você não entra no país.”
Seguro viagem: não obrigatório, mas indispensável
Apesar de não ser exigido pelas autoridades peruanas, o seguro viagem é, para Higino, praticamente obrigatório do ponto de vista da prudência. “No Peru não existe Sistema Único de Saúde. Não existe saúde pública gratuita. Um atendimento médico simples pode custar 150 a 300 dólares. Uma consulta é quase mil reais. Por isso digo: viajar sem seguro é um descuido. ”, alertou.
Ele explica que o seguro cobre desde despesas médicas e odontológicas até extravio de bagagem, regresso sanitário e até fiança em caso de imprevistos. Para uma semana em Lima, o custo médio fica entre R$ 200 e R$ 230 por pessoa.
Câmbio: onde trocar e o risco das notas falsas
Outro ponto que merece atenção é a troca de moeda. Higino recomenda levar reais e fazer o câmbio por soles, mas sempre em locais oficiais. “Casas de câmbio oficiais ou na fronteira, que é confiável. O que não recomendamos de jeito nenhum é câmbio de rua. Ali você não tem procedência e não tem para quem reclamar”, alertou. Segundo ele, é comum turistas receberem notas falsas como troco em Lima.
Além do dinheiro vivo, ele recomenda levar um cartão de crédito habilitado para compras internacionais, como reserva para emergências.
Vacina é obrigatória?
Uma das perguntas mais frequentes de turistas brasileiros é a obrigatoriedade de comprovação da vacinação contra a febre-amarela. A vacina já foi obrigatória no Peru, mas hoje não é mais. Mesmo assim, viajantes que usarão outros países como caminho ou escala devem estar atentos.
“No momento, vacina contra febre-amarela não está sendo solicitada para entrar no Peru, porém, se o voo fizer conexão num país, por exemplo, como o Panamá, que exige a vacina, mesmo para conexão, o passageiro precisa estar com o comprovante de vacinação na mão”, explicou.
Segurança em Lima: metrópole exige os mesmos cuidados de grandes cidades brasileiras
Quando o assunto é segurança, o especialista adotou uma posição equilibrada. “Todo país tem áreas seguras e áreas vulneráveis. Lima é a terceira maior cidade da América Latina, menor apenas que São Paulo e Cidade do México”, destacou.
Bairros como Miraflores, Barranco e San Isidro são considerados seguros e bem estruturados para turistas. Já o centro de Lima exige atenção redobrada, especialmente com o grande fluxo de visitantes para a final.
“Os mesmos cuidados que você tem no centro de São Paulo ou Rio de Janeiro, você deve ter em Lima. Não é lugar para abusar da confiança. Mochila na frente, carteira no bolso da frente, nada de dar bobeira”, recomendou.
Apesar disso, ele frisou que sua empresa, que opera no Peru há mais de 10 anos, nunca registrou incidentes com grupos levados para Cusco, Machu Picchu ou Lima. “Mas isso também é fruto do cuidado que a gente tem.”
Consumo de bebidas na rua e relação com autoridades
Higino explicou que, embora o atendimento das autoridades peruanas aos brasileiros seja respeitoso, há regras diferentes de convivência em espaço público. “Tem lugares em que não pode beber na rua, não pode beber em público. Às vezes a pessoa faz algo errado não por maldade, mas por desconhecimento. Por isso a assessoria é importante.”
Fronteira e horários de imigração: sair cedo evita dor de cabeça
Com grande parte dos torcedores planejando cruzar a fronteira em Assis Brasil, Higino reforça que os horários de funcionamento da imigração precisam ser considerados. Ele diz que o fluxo deve ser intenso tanto do lado brasileiro quanto do lado peruano e recomenda antecipação em todas as etapas. “As filas vão estar gigantescas. Quem tem voo em Puerto Maldonado deve ir pelo menos um dia antes”, concluiu.


















