Quimicamente idêntica à cocaína tradicional, a chamada cocaína negra tem os mesmos efeitos e forma de uso, mas se diferencia pela camuflagem: a mistura com carvão ativado e outras substâncias escuras enganam testes preliminares da polícia e até dificulta a detecção por cães farejadores.
A droga voltou a chamar atenção após novas apreensões em Manaus. A técnica de ocultação é usada principalmente para o tráfico internacional, com destino à Europa e à Austrália, onde o valor pode ser até dez vezes maior que no mercado brasileiro.
Desde 2021, o Amazonas registrou duas apreensões desse tipo de entorpecente, totalizando 80 kg destinados ao exterior. A primeira ocorreu em abril de 2021, em Manacapuru, quando 40 kg foram encontrados junto a 600 kg de skunk em uma embarcação que seguia pela rota do Rio Solimões. A segunda, em 17 de outubro deste ano, apreendeu outros 40 kg escondidos dentro de quadros e cadeiras em uma mansão de Manaus, já prontos para envio à Austrália.
A coloração escura tem objetivo estratégico: burlar a fiscalização internacional. O processo de preparação da droga é simples para quem atua no tráfico e não exige conhecimentos avançados.
Produzida exclusivamente para exportação, a cocaína negra representa altos lucros às organizações criminosas. O Rio Solimões continua sendo a principal via de entrada da droga no Amazonas, ligando países produtores às rotas de distribuição e exportação.
Apesar das dificuldades nos testes de campo, laboratórios de criminalística no Brasil — incluindo o Instituto de Criminalística do Amazonas — conseguem identificar a substância por meio de análises definitivas com equipamentos especializados.


















