Foto: Evanildo Lima, morador de Xapuri I Whidy Melo
A inauguração da ponte que liga o primeiro ao segundo distrito de Xapuri, no Alto Acre, segue despertando fortes emoções entre moradores dos dois lados do Rio Acre. Após décadas de espera e sucessivas tentativas frustradas de iniciar a obra, o acesso definitivo entre o Centro e a região da Sibéria começa a transformar a rotina de quem sempre dependeu de catraias e balsa para atravessar o rio. A inauguração da ponte que passa sobre o rio Acre está prevista para às 16h30 deste domingo (23).
Evanildo Lima de Oliveira, que tem propriedade no segundo distrito, numa região mais conhecida como Sibéria, resume o sentimento de quem vive há anos enfrentando filas e longos períodos de espera. “Rapaz, a ponte para nós vai ser uma grande conquista. Há muitos anos nós já sonhávamos com essa ponte, mas a obra nunca tinha acontecido e agora está aí. A catraia e a balsa fazem parte da nossa cultura, mas a gente chegava lá e tinha que ficar na fila, esperar muito tempo. Agora, com a ponte, não vai ter mais isso”, relata.
O morador lembra que, embora o transporte tradicional faça parte da identidade local, o sistema já não atendia às demandas crescentes da comunidade da Sibéria, especialmente em dias de maior movimento ou durante épocas de cheia do rio.
“Às vezes o pobre não tinha nem o dinheiro da catraia”
Foto: Valtino, mais conhecido como “Pelé” I Whidy Melo/ac24horas
Para Valtino da Silva, de 83 anos e conhecido em toda a cidade como Pelé, a ponte representa mais que comodidade: é a materialização de um sonho coletivo que, segundo ele, beneficia principalmente os mais vulneráveis.
Morador do primeiro distrito, Pelé afirma que a travessia diária era, muitas vezes, um obstáculo para quem não tinha condições financeiras. “Era um sonho que a gente pelejava. Ficamos muito satisfeitos com essa ponte agora, é uma alegria muito grande porque vai facilitar para todo mundo passar. Às vezes o pobre não tinha o dinheiro da catraia, ficava enrolado com qualquer necessidade na beira do rio”, conta.
Ele lembra que, por diversas vezes, precisou pagar a passagem de quem não tinha condições. “Eu já sou aposentado. Muitas vezes eu já tive que dar o dinheiro da catraia pra um mais necessitado passar de um lado pro outro, e agora não tem mais isso”, comemorou.