Boa Conversa

Renúncia de Bocalom deve gerar mudanças de secretários com Alysson

Por
Saimo Martins

A edição desta sexta-feira, 21, do programa Boa Conversa, apresentado por Marcos Vinícius e com participação dos colunistas Astério Moreira e Luiz Carlos Moreira Jorge, discutiu um dos temas mais comentados da política acreana: o julgamento do governador Gladson Cameli (PP) no Superior Tribunal de Justiça (STJ), remarcado para o dia 3 de dezembro.


Crica avalia rapidez na remarcação


Durante o debate, Luiz Carlos Moreira Jorge, o “Crica”, destacou a agilidade com que o processo foi movimentado. Segundo ele, todos os documentos solicitados pelo ministro Gilmar Mendes — como informações da Polícia Federal, COAF, Ministério da Justiça, Ministério Público Federal e do próprio STJ — foram anexados no mesmo dia. “Foi tudo muito rápido. Eles tinham 15 dias para cumprir, mas juntaram tudo no mesmo dia. Como a ministra resolveu a questão documental, automaticamente marcou a data do julgamento. Nada impedia que isso fosse feito”, afirmou.


Foto: Whidy Melo

Crica também apontou que os advogados ainda irão analisar os documentos para avaliar um possível pedido de nulidade. Segundo ele, ainda não está claro se a decisão será tomada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal ou se caberá a uma decisão monocrática do ministro Gilmar Mendes. “Ninguém sabe também as pressões que estão havendo do outro lado em cima do Gilmar Mendes”, declarou.


Astério: “Até o dia 3, tudo pode acontecer — ou nada acontecer”


Astério Moreira reforçou a imprevisibilidade do cenário jurídico e político envolvendo o caso. “A gente vê de manhã uma coisa e à tarde outra. Até o dia 3 de dezembro, muita água ainda vai rolar. Havia uma grande expectativa, depois murchou. De tarde, adversários e até alguns aliados do governador mudaram o tom. Curioso é que o governador não estava empolgado, e ninguém no governo também”.


O apresentador Marcos Vinícius trouxe outro ponto do debate ao afirmar que o poder Judiciário tem sido alvo de forte politização nas redes sociais. “Já teve até comentário do Pix”, comentou.


Foto: Whidy Melo

Marcos Vinícius também destacou a recente declaração do governador Gladson Cameli, que afirmou não ter tido acesso aos autos do processo para exercer plenamente seu direito de defesa.


Segundo Astério Moreira, o desfecho do julgamento no STJ pode seguir diferentes rumos — inclusive uma decisão intermediária. “Pode acontecer um ‘mais ou menos’, como é comum no Brasil. Esse mais ou menos é quando o político é condenado, mas não é afastado do cargo. O Brasil tem esses paliativos jurídicos. A gente vê isso desde a queda da Dilma: ela foi condenada por um suposto crime fiscal e perdeu o mandato, mas continuou com os direitos políticos, perdeu apenas para o Pacheco depois. Isso é o Brasil”, afirmou o colunista.


Outro assunto destacado no programa foi a recente declaração do senador e pré-candidato ao governo, de que a ex-esposa do governador Gladson Cameli, Ana Paula Correia — atualmente namorada do deputado estadual Emerson Jarude — teria sido indicada como vice em sua chapa.


Crica avaliou o caso ressaltando a postura de lealdade do presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Nicolau Júnior.


“Eu sou Gladson. Não acredito que a minha irmã vá ser (vice), mas, se ela for, ela já vai ficar sabendo que a minha candidata é a Mailza, indicada pelo Gladson. Se qualquer pessoa da minha família fosse candidata, mesmo assim eu ficaria com o Gladson Cameli. Sou leal a ele, não adianta, e vou trabalhar pra ele. E, se ela for candidata, ela vai pro lado e eu vou ser contra”, afirmou Nicolau, segundo narração de Crica.


Astério Moreira avaliou que a fala do presidente da Aleac já repercute politicamente e fortalece a pré-candidatura de Mailza Assis. “Essa declaração do Nicolau, que o Luiz pegou, é muito boa pra Mailza. Excelente, aliás. Fortalece, porque todo mundo viu… é o Nicolau. O Nicolau é irmão da Paula, e ele já aparece em fotos com a Mailza em eventos, sempre muito próximo. Então, o Nicolau vai ser o braço direito na candidatura da Mailza”, comentou.


Marcos Vinícius acrescentou um ponto sensível sobre a indicação: Ana Paula Correia é ré na Operação Ptolomeu. “Eu queria pontuar uma coisa, porque não se fala muito… O grande ‘bibelô’ da Ptolomeu é o Gladson, ele é quem chama atenção, ele é o réu principal. Mas a Ana Paula também é ré na Ptolomeu. O que pode acontecer? Se o Gladson for condenado, ela também pode ser. Aí eu faria uma pergunta para o Alan Rick: a sua vice também é ré na Ptolomeu, assim como o governador. Como fica essa situação? Se você aposta na inocência dela e na absolvição dela, então também aposta na absolvição do governador, porque está todo mundo ali encruado no mesmo processo. Lembrando: não é só o Gladson, são mais 12”, observou.


Foto: Whidy Melo

Sobre perguntas enviadas por internautas, uma delas questionava se Gladson Cameli, de fato, será eleito senador da República. Luiz Carlos Moreira Jorge respondeu que isso dependerá diretamente do resultado do julgamento. “Se nada acontecer com ele, fecho com ele”, avaliou Crica.


Sobre a fala do prefeito Tião Bocalom, que deverá anunciar sua pré-candidatura em janeiro do próximo ano, os analistas avaliaram o cenário político. Na análise de Crica, não há possibilidade de uma aliança entre Bocalom e o MDB.


Durante o programa, Marcos Vinícius levantou a possibilidade de Alysson Bestene assumir a Prefeitura de Rio Branco em abril de 2026. A análise gerou diferentes interpretações entre os comentaristas.


Luiz Carlos Moreira Jorge afirmou que ainda não é possível prever como será a postura de Bestene em relação ao prefeito Tião Bocalom. Segundo ele, o atual prefeito demonstra confiança no secretário. “Bocalom tem dito que confia no Alysson, até porque ele é um cara competente. Ele atravessou aquele problema da pandemia como secretário e deu conta do recado. Eu não sei se ele vai entrar de cabeça na campanha do Bocalom, mas também não acredito que ele vá perseguir o Bocalom. Se ele for apoiar a Mailza, ele não persegue ninguém”, avaliou.


Astério Moreira, por sua vez, acredita que a eventual posse de Bestene pode provocar alterações na estrutura municipal. “Eu apurei nos bastidores que o grupo do Bocalom espera mudanças. A gestão será dele, e ele deverá colocar pessoas de sua confiança em alguns cargos estratégicos. Finanças, por exemplo, é ocupada por servidor de carreira e pode até permanecer, assim como a Controladoria. Mas há outros cargos em que acredito que ele permitirá que os atuais secretários permaneçam até a eleição, até o fim do ano. A partir daí, Alysson deve começar a construir sua própria reeleição”, analisou.


Sobre a possibilidade de Carlos Bolsonaro se candidatar ao Senado pelo Acre, Crica foi enfático: “Seria o cúmulo”, disse.



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Saimo Martins