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Filmes dirigidos por indígenas do Acre são lançados na COP30

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Da redação ac24horas

“Katxa nawa: cantar para o crescer das plantas” e “Nosso alimento, nosso jeito de viver Madiha”, duas produções audiovisuais feitas por indígenas do Acre com apoio de servidores da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), foram lançadas durante o Festival de Cinema Ecos da Terra, realizado nos dias 15 e 16 de novembro, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em Belém (PA), durante a COP30.


As exibições integraram a programação do festival promovido pelo Museu Nacional dos Povos Indígenas (MNPI), órgão científico-cultural da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). O evento ocorreu de 13 a 19 de novembro, em parceria com a Mekaron Filmes, o Instituto Cultural Amazônia Brasil e o Museu da Pessoa, e contou com apoio da Secretaria de Cultura do Estado do Pará.


O primeiro filme lançado, “Katxa nawa: cantar para o crescer das plantas”, foi produzido em parceria com o povo Huni Kuĩ e retrata o ritual Katxa Nawa, realizado para fortalecer os plantios, atrair fertilidade e reafirmar tradições. Já “Nosso alimento, nosso jeito de viver Madiha” foi desenvolvido com o povo Madiha Kulina, abordando seus modos de vida, sua alimentação tradicional e a relação com o território. As duas produções foram gravadas na Terra Indígena Alto Rio Purus, no Acre.


Juliana Tupinambá, diretora do MNPI/Funai, destacou a importância da valorização do audiovisual indígena em um espaço internacional como a COP30. Segundo ela, o cinema produzido pelos povos originários “é uma flecha de sabedoria das ancestralidades e uma ferramenta de luta”, fortalecendo memória, identidade e participação indígena em todas as fases das políticas culturais.


Ixã Huni Kui, produtor do filme sobre o ritual Katxa Nawa, ressaltou o caráter de preservação da obra e afirmou ter sido emocionante acompanhar a exibição durante a conferência. “A gente fez esse filme para o futuro. Quando nossos netos verem, vão saber que aquela memória não vai acabar”, disse.


Diretora das duas produções e especialista em indigenismo da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Thayná Ferraz afirmou que os filmes reforçam o papel dos povos indígenas na manutenção da floresta e do clima. Ela defendeu que o reconhecimento das práticas tradicionais deve se refletir em políticas públicas participativas nas áreas de saúde, educação e cultura.


As sessões reuniram diretores e produtores indígenas do Acre, além de representantes de povos do sul do Amazonas e do noroeste de Rondônia.


O documentário “Katxa nawa: cantar para o crescer das plantas”, dirigido por Jorge Naxima Huni Kuĩ, Maria de Fátima Pai Huni Kuĩ, Thayná Ferraz e Alice Riff, com co-direção de Els Lagrou, tem 72 minutos e foi gravado na aldeia Huni Kuĩ Mãe Shane Kayta, também chamada Nova Fronteira. A obra acompanha o trabalho do agente agroflorestal Jorge Naxima na preservação de sementes originárias, rituais e práticas culturais.


Já o filme “Nosso alimento, nosso jeito de viver Madiha”, dirigido por Francisco Kulina, Daima Kulina, Thayná Ferraz e Alice Riff, com co-direção de Genoveva Amorim e Felipe Cerqueira, registra a festa Ahie do povo Madiha-Kulina, também na TI Alto Rio Purus. Com 75 minutos, o documentário aborda resistência cultural, práticas alimentares e espiritualidade. Para a produtora Talita Kulina, a obra foi pensada “para o futuro das novas gerações, para mostrar às crianças a importância de proteger a floresta e garantir saúde nos territórios”.


Os povos Huni Kuĩ e Madiha-Kulina vivem no Acre, mantêm fortes laços territoriais e tradições próprias e utilizam o cinema como ferramenta de afirmação cultural e preservação de saberes ancestrais.


Com informações da Ascom Funai


Foto: Rodolpho Villanova/MNI



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