Foto: Whidy Melo
O governador do Acre, Gladson Cameli, comentou nesta quarta-feira (19) a decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu o julgamento da Ação Penal 1.076 no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O processo é um dos principais desdobramentos da Operação Ptolomeu e envolve diretamente o chefe do Executivo estadual.
Cameli afirmou que a determinação do STF reforça pontos que sua defesa vem levantando desde o início da investigação, especialmente sobre dificuldades de acesso a documentos considerados essenciais, como os Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs). “Como é que eu posso ter um julgamento se eu não tinha os RIFs? A minha equipe de defesa não tinha os RIFs. Eu confio na Justiça e minha inocência vai aparecer mais cedo ou mais tarde”, declarou.
Questionado sobre o prazo de 3 de dezembro para que o caso retorne à análise, o governador disse que a decisão do Supremo evidencia falhas no andamento processual e a necessidade de assegurar todas as garantias legais. “É a prova de que havia documentos que poderiam ter sido juntados anteriormente. Foi preciso o STF reconhecer a irregularidade para que isso viesse à tona”, afirmou.
Durante a entrevista, Cameli também criticou a falta de acesso aos autos em momentos decisivos. “Como é que eu posso me defender se eu não tenho acesso aos autos? Qual é o mistério disso? Hoje sou eu, amanhã será quem?”, questionou. Ele reiterou ainda que parte das diligências teria atingido familiares sem a devida autorização judicial. “Investigaram parentes meus sem autorização do tribunal competente. Depois que o Supremo se manifesta, surge documentação que não estava disponível antes.”
O governador disse que, mesmo diante das tensões do processo, segue confiante. “Se há uma pessoa que está tranquila, sou eu. Porque eu confio na Justiça e na minha defesa”, afirmou. Sobre a possibilidade de recorrer caso a decisão futura seja desfavorável, respondeu: “Com toda certeza. Mas o que eu mais espero é que quem erra reconheça e peça desculpas. Eu, que sou governador, peço desculpas quando erro.”
Cameli atribuiu parte do ambiente de instabilidade ao contexto eleitoral. “As pessoas criam situações para gerar instabilidade, principalmente em um ano político”, afirmou. Ele encerrou destacando que continuará aguardando os próximos passos “dia após dia”, reafirmando confiança no STF e no andamento regular do processo.
A decisão do Supremo suspendeu o julgamento até que a defesa tenha acesso integral às provas consideradas essenciais, incluindo os RIFs. Até o cumprimento da determinação, o caso permanece sobrestado no STJ.