O programa Médico 24 Horas, exibido nesta segunda-feira (17) no ac24horas e nas redes sociais do jornal, recebeu a nefrologista Dra. Jarinne Nasserala para uma conversa marcada por relatos emocionantes e discussões técnicas sobre os avanços recentes da nefrologia no Acre. Entrevistada pelo médico e apresentador Dr. Fabrício Lemos, a especialista detalhou a evolução da hemodiálise no estado, a ampliação da assistência hospitalar e o impacto do transplante renal na vida dos pacientes.
Durante a entrevista, Jarinne relembrou sua trajetória na medicina e como se apaixonou pela nefrologia ainda na formação. “Qualquer paciente pode, um dia tá bem, outro dia tá na hemodiálise. E eu gosto muito de pessoas idosas… quando eu vi aqueles idosinhos na máquina, eu me apaixonei. Eu disse: é isso que eu quero fazer”, contou.
Dr. Fabrício destacou a mudança radical ocorrida na nefrologia acreana nas últimas décadas. Ele lembrou que, antes da ampliação do serviço, muitos pacientes morriam por falta de tratamento adequado. “Vocês mudaram a história do Acre. Esses pacientes morriam nos hospitais urêmicos porque não tinham oportunidade”, disse o apresentador.

Foto: Iago Nascimento/ac24horas
Segundo Jarinne, atualmente cerca de 215 pacientes fazem hemodiálise em Rio Branco e 77 em Brasileia, totalizando quase 300 pessoas em tratamento crônico. Ela reforçou o impacto que a interiorização da hemodiálise teve na qualidade de vida: “A gente vê a qualidade de vida que esses pacientes tiveram. É outra coisa”.
O Dr. Fabrício destacou que, antes das unidades especializadas, pacientes do interior precisavam se mudar para a capital para sobreviver. “Hoje, uma pessoa do ramal pode ir à clínica, dialisar e voltar pra casa. Antigamente, muitos morriam porque não aguentavam o percurso”, lamentou.
Um dos pontos centrais da entrevista foram os resultados do transplante renal no Acre. Jarinne explicou que aprendeu a técnica no Ceará e ajudou a implementar o programa no estado. “Começamos em 2024, o primeiro transplante foi em novembro. Já fizemos 13 transplantes, mais de um por mês”, comemorou.
Ela ressaltou que a continuidade depende da doação de órgãos. “É muito difícil trazer um órgão de fora por causa da logística. Então a gente apela para as famílias acreanas: doem os rins. Hoje a lista está aumentando e devemos ter cerca de 150 pacientes inscritos”.
Estrutura hospitalar cresce e diversifica serviços
A nefrologista também falou sobre a expansão da antiga clínica, que se transformou no Hospital do Rim, hoje referência em diversas especialidades. Ela descreveu o início difícil, marcado pela construção gradual de um centro cirúrgico e internações.
Durante a pandemia, o hospital se tornou unidade não-Covid, atendendo principalmente casos graves de dengue e outras doenças. A ampliação permitiu que o local realizasse 2.678 cirurgias entre janeiro e outubro deste ano, abrangendo especialidades como cirurgia geral, plástica, coloproctologia, ortopedia, bariátrica, ginecologia, urologia e outras.
“Hoje nossa taxa de mortalidade se compara à de São Paulo: 0,09%. Tivemos apenas um óbito no ano”, revelou Jarinne.
Ela explicou que mais de 100 médicos atuam no hospital, com plantões 24 horas, leitos clínicos e UTI. A área de imagens também avançou, com laudos em tempo real e suporte para condutas rápidas. “Internou com dor abdominal, faz tomografia, o laudo sai na hora e já chamamos o cirurgião”, afirmou.
Um dos serviços citados foi o Home Care, criado inicialmente para cuidar do pai de seu marido, que tinha Alzheimer. “Do cuidado com meu sogro, a gente estendeu para outras pessoas. Hoje atendemos vários convênios”, disse. Para o Dr. Fabrício, o maior avanço é a humanização:
“Centenas de famílias deixaram de chorar por causa de vocês. Antes, eram pacientes que já estariam mortos, e hoje têm expectativa de vida e acesso ao transplante”.
Veja a entrevista completa:


















