Rio Branco vive hoje um desafio que afeta comerciantes, moradores e a própria sensação de segurança da cidade: o crescimento da população em situação de rua e a consequente elevação dos pequenos furtos nas regiões mais movimentadas. Esse problema não pode ser tratado apenas com medidas repressivas ou ações pontuais. Ele exige inteligência social, acolhimento e estratégias comprovadamente eficazes.
É exatamente nessa direção que aponta a Cidadania Empreendedora, defendendo modelos de reinserção baseados em acolhimento e oportunidade — não em julgamentos. Entre essas alternativas, as hortas urbanas surgem como uma solução prática, barata e altamente transformadora. E essa ideia não é teórica: ela se inspira em resultados reais, especialmente no método aplicado por Felipe Sabará na ARCAH, em São Paulo — hoje uma das referências nacionais em reinserção de pessoas em situação de rua.
Na ARCAH, Felipe Sabará desenvolveu um modelo baseado em três etapas integradas. Primeiro, o acolhimento humanizado, oferecendo alimentação, apoio emocional, orientação social, higiene e reconstrução da autoestima. É o passo fundamental: ninguém consegue trabalhar, aprender ou seguir regras quando está em sofrimento extremo. Em seguida, vem a capacitação prática em atividades simples e produtivas, especialmente hortas urbanas, jardinagem, manutenção de áreas verdes e tarefas sustentáveis que devolvem rotina, disciplina, pertencimento e habilidades valorizadas pelo mercado. Por fim, a reinserção no mercado de trabalho, com encaminhamento para empresas parceiras e acompanhamento contínuo. O resultado desse ciclo é direto: menos pessoas nas ruas e mais pessoas reconstruindo suas vidas com dignidade.
Rio Branco tem características ideais para adotar esse modelo. A capital possui tradição agrícola, clima favorável, áreas públicas ociosas e demanda crescente por serviços de jardinagem e manutenção urbana. Hortas urbanas podem transformar espaços abandonados em locais produtivos, gerar alimentos, criar rotina e devolver sentido a quem vive em vulnerabilidade.
Além do impacto social, esse modelo tem efeito imediato na segurança pública. Quando alguém passa a ter rotina, apoio, renda e acompanhamento, sai automaticamente do ciclo de sobrevivência diária que muitas vezes leva ao pequeno furto. É segurança preventiva produzida pela inclusão, não pela exclusão. Beneficia a pessoa vulnerável, que recupera dignidade; beneficia o comércio, que sente a redução das ocorrências; e beneficia a cidade, que se torna mais pacífica e mais humana.
Rio Branco tem comunidades, igrejas, empresários, universidades e áreas públicas prontas para essa transformação. Com organização e parceria, é perfeitamente possível replicar — e até aprimorar — o método já validado por Felipe Sabará na ARCAH. A experiência mostra que é possível transformar vidas com acolhimento e oportunidade, e que soluções simples podem gerar resultados profundos.
Se queremos uma capital mais segura, humana e próspera, o caminho passa por incluir quem hoje está à margem. Hortas urbanas, aliadas a uma abordagem humanizada, podem ser o início de uma mudança real. A cidade vence quando cuida. A sociedade avança quando acolhe. E a segurança melhora quando a dignidade volta a existir.
Marcello Moura
Empresário, presidente da CDL Rio Branco
Líder do Movimento Cidadania Empreendedora
www.cidadaniaempreendedora.com.br


















