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No AC, comerciantes mantinham cartões e faziam até empréstimos em nome de indígenas

Por
Sandra Assunção

A Operação Patrão desencadeada nessa quarta-feira, 12, em Jordão e Tarauacá, foi planejada durante dois anos e resultou na apreensão de 300 cartões do Bolsa Família, R$ 70 mil em espécie, além de valores em dólar e euro, procurações dos indígenas, máquinas de cartão de crédito, 6 mil litros de combustível, celulares, cadernos de anotações, duas espingardas, um revólver, 250 quilos de chumbo e 300 espoletas. Combustível e gás eram armazenados pelos acusados de forma irregular, oferecendo risco à população.


Também houve conduções e prisões. A ação foi das Polícias Civil e Militar e Grupo Especial de Fronteira (Gefron), sob a coordenação do delegado José Ronério. “Conduzimos oito pessoas, sendo que quatro foram flagranteados por diversos crimes”, cita o delegado.


Ele conta que a investigação levou dois anos e a ação foi deflagrada com o cumprimento de 28 mandados de busca e apreensão, sendo 23 na cidade de Jordão e 5 em Tarauacá. O modo de atuação dos empresários têm semelhança com a ação dos patrões nos antigos seringais, onde havia uma relação de submissão econômica dos trabalhadores em relação aos patrões.



“O nome Patrão tem referência aos hábitos dos senhores de seringalistas que exploravam os seringueiros e também que permanece hoje em uma nova modalidade, que são os empresários que exploram os indígenas, com os mesmos modos operários do passado. Nossa missão é romper esse ciclo, responsabilizando os envolvidos e garantindo a dignidade das comunidades atingidas”, concluiu o delegado Ronério.


Entre os 4 presos em flagrante está o ex-vereador de Jordão, Francisco Alves Guimarães. As investigações revelaram que ele e outros comerciantes retinham cartões bancários e senhas de indígenas beneficiários de programas sociais, realizando saques dos valores e repassando mercadorias a preços abusivos. Até empréstimos teriam sido feitos nos nomes dos indígenas sem o conhecimento e autorização deles.


Os investigados responderão por crimes contra a ordem econômica e ambiental, além de outras infrações identificadas durante o inquérito da Polícia Civil.


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Sandra Assunção