Roraima concentra quase metade da população em situação de rua da região Norte e está entre os dez estados com os maiores índices do país. O dado é do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (ObPopRua-POLOS), ligado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
De acordo com o levantamento, 9.954 pessoas vivem nas ruas do estado, número que coloca Roraima na 9ª posição no ranking nacional. O total supera o de estados mais populosos, como Pernambuco (8.066) e Goiás (5.725), segundo informações do Cadastro Único (CadÚnico), base utilizada na pesquisa.
A capital Boa Vista concentra quase toda essa população: 9.928 pessoas — o equivalente a 99,7% do total — vivem em situação de rua na cidade, enquanto apenas 26 estão em outros municípios. O dado coloca a capital na 6ª posição entre as cidades brasileiras com mais registros, à frente de metrópoles como Brasília (8.970) e Porto Alegre (6.420).
Para o coordenador do observatório, professor André Luiz Freitas Dias, o fenômeno está diretamente ligado ao fluxo migratório venezuelano, que transformou o perfil social e econômico do estado nos últimos anos.
Na região Norte, o contraste é expressivo: Roraima reúne 49,2% das 20,2 mil pessoas em situação de rua. Em seguida vêm Pará (4.100) e Amazonas (3.346). Entre as capitais, Boa Vista tem mais que o triplo dos registros de Manaus (2.971) e mais de quatro vezes o número de Belém (2.195).
Estados com população semelhante, como Acre (830 mil habitantes) e Amapá (733 mil), aparecem entre os menores índices da região, reforçando a disparidade provocada pelo contexto migratório e pela falta de políticas públicas específicas.


















