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Medicamento experimental reduz colesterol ruim em até 60%, diz estudo

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Para algumas pessoas com colesterol alto, fazer mudanças no estilo de vida e tomar estatinas regularmente pode não ser suficiente para atingir os níveis desejados de colesterol. Para esses pacientes, uma nova pílula experimental pode oferecer esperança.


Dados do ensaio clínico de Fase 3 revelaram que pessoas que tomaram o medicamento experimental enlicitida junto com seu regime regular de redução de colesterol, como estatinas, apresentaram redução de até 60% no colesterol LDL ou “ruim” após 24 semanas de tratamento diário, segundo comunicado sobre os resultados.

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Isso em comparação com pessoas que tomaram placebo junto com seus medicamentos regulares para redução do colesterol. Todos os participantes do estudo tinham níveis elevados de colesterol LDL e histórico de eventos cardiovasculares graves ou apresentavam risco aumentado.


Os novos resultados, que ainda não foram publicados em revista científica com revisão por pares, foram apresentados no sábado durante as Sessões Científicas da Associação Americana do Coração.


Níveis elevados de colesterol no sangue podem levar a um acúmulo chamado “placa” nas paredes das artérias, aumentando o risco de doenças cardiovasculares. Doenças cardíacas são a principal causa de morte nos Estados Unidos. Estima-se que uma pessoa morra a cada 34 segundos por doença cardiovascular no país.


A Merck, empresa farmacêutica responsável pela enlicitida, planeja solicitar aprovação do medicamento à FDA (Food and Drug Administration) no início do próximo ano, afirma Puja Banka, vice-presidente associada de pesquisa clínica e desenvolvimento clínico global da empresa.


“Queríamos demonstrar o que a enlicitida pode oferecer além das estatinas, porque sabemos que 70% dos pacientes tratados com terapias de redução de lipídios ainda não atingem seus objetivos estabelecidos pelas diretrizes”, diz Banka sobre os novos dados. “Então, a ideia é realmente mostrar o que podemos alcançar com a enlicitida em conjunto com as estatinas.”


Quando as estatinas sozinhas não são suficientes

O novo ensaio de Fase 3 incluiu 2.912 adultos, com idade média de 63 anos, que tiveram um ataque cardíaco ou derrame anterior ou apresentavam risco intermediário ou alto de sofrer um ataque cardíaco ou derrame nos próximos 10 anos. Os dados foram coletados em 14 países entre agosto de 2023 e julho de 2025.


Todos os adultos no estudo apresentavam níveis elevados de colesterol LDL, apesar de estarem em um tratamento estável com terapia redutora de lipídios, como estatinas, por 30 dias ou mais. Cerca de 97% deles tomavam estatinas e 26% também utilizavam outro tipo de medicamento para ajudar a reduzir os níveis de colesterol — e todos continuaram com essas terapias durante o estudo.


Como tratamento adicional, alguns dos adultos receberam uma pílula diária de enlicitide, enquanto outros receberam placebo.


O enlicitide é um tipo de medicamento redutor de colesterol conhecido como inibidor PCSK9, que funciona ajudando a eliminar o colesterol LDL “ruim” da corrente sanguínea. Por outro lado, as estatinas reduzem o colesterol LDL bloqueando uma enzima no fígado, o que força o órgão a remover mais colesterol LDL do corpo.


“Assim, era esperado que a adição do enlicitide, que funciona por um mecanismo diferente das estatinas, pudesse reduzir ainda mais o colesterol LDL”, afirma por e-mail Kristin Newby, cardiologista e professora da Escola de Medicina da Universidade Duke, que não participou do estudo.


Os pesquisadores descobriram que, após 24 semanas, os adultos que tomaram enlicitide não só apresentaram uma redução de até 60% no colesterol LDL, como as reduções se mantiveram ao longo de 52 semanas.


Os adultos que tomaram enlicitide também apresentaram uma redução de 53% na combinação de todos os outros tipos de colesterol, exceto o HDL “bom”; uma diminuição de 50% na ApoB, uma proteína que ajuda a transportar gordura e vários tipos “ruins” de colesterol pelo corpo; e uma queda de 28% em um tipo de gordura no corpo conhecido como lipoproteína(a).


Quanto à segurança do medicamento, cerca de 10% dos adultos que tomaram enlicitide apresentaram eventos adversos graves durante o estudo, e uma proporção semelhante, cerca de 12%, daqueles que tomaram placebo também apresentaram eventos adversos no estudo.


“No final das contas, os efeitos colaterais foram equilibrados entre o grupo do enlicitide e o grupo do placebo”, afirma Banka. “Não houve nenhum evento adverso específico que se destacasse como desequilibrado entre os dois grupos.”


Alguns dos eventos adversos relatados no estudo foram distúrbios gastrointestinais e certas infecções, mas a ocorrência desses eventos foi similar em ambos os grupos.


“Isso fornece uma garantia razoável de que não há eventos adversos ou efeitos colaterais graves ou de alta frequência”, diz Newby, especialista da American Heart Association.


“No entanto, assim como outros novos tratamentos, serão necessários estudos mais amplos e monitoramento pós-comercialização para identificar quaisquer efeitos adversos de baixa frequência que possam ocorrer”, afirma Newby. “O principal benefício evidenciado neste estudo é que o enlicitide é muito eficaz na redução do colesterol LDL (cerca de 55%) em comparação com o placebo em um contexto de terapia com estatinas e, secundariamente, ajuda mais pessoas a atingirem sua meta de tratamento do colesterol LDL do que com estatinas isoladamente.”


Ampliando opções para pacientes

Para pessoas com colesterol LDL alto que podem não responder adequadamente aos tratamentos comumente utilizados, como estatinas isoladas, já existe a opção de tomar inibidores de PCSK9 injetáveis que estão atualmente no mercado.


Mas uma diferença fundamental entre os inibidores de PCSK9 já disponíveis no mercado e o medicamento experimental enlicitide é que os atuais são administrados por injeção.


“Enquanto o enlicitide é um medicamento oral tomado diariamente. Assim, oferece uma opção na via e frequência de administração que pode ser preferível para alguns pacientes”, explicou Newby.


Banka descreveu o enlicitide como o “primeiro inibidor de PCSK9 oral a completar ensaios clínicos de Fase 3.” Um novo estudo demonstrou que um inibidor de PCSK9 já disponível no mercado pode reduzir eventos cardiovasculares importantes em adultos sem histórico prévio de ataque cardíaco ou derrame.


A adição do inibidor de PCSK9 injetável evolocumabe — comercializado como Repatha — a um regime de tratamento para redução do colesterol demonstrou reduzir o risco de um primeiro evento cardiovascular importante entre adultos com doença cardiovascular aterosclerótica ou diabetes, de acordo com um estudo separado apresentado no sábado na Sessão Científica da American Heart Association.


O estudo foi realizado em 33 países entre junho de 2019 e novembro de 2021, e incluiu 12.257 adultos, com idade média de 66 anos. Os adultos foram divididos aleatoriamente em dois grupos.


Um grupo recebeu injeções subcutâneas de evolocumab a cada duas semanas, enquanto o outro grupo recebeu injeções de placebo no mesmo intervalo.


Os dados demonstraram que, após uma média de 4,6 anos, adultos do grupo que recebeu evolocumab apresentaram uma redução de 25% no risco de mortes por doença coronariana, ataque cardíaco ou AVC isquêmico, em comparação com o grupo que recebeu placebo.


Nos Estados Unidos, a injeção de evolocumab já foi aprovada pela FDA. O medicamento é indicado para reduzir o risco de ataque cardíaco e AVC em adultos com doença cardiovascular estabelecida, além de ser utilizado como tratamento complementar para certas formas de colesterol alto.


Os resultados mais recentes do estudo representam “a primeira demonstração de melhoria nos desfechos cardiovasculares com um inibidor de PCSK9, ou qualquer outro medicamento que não seja estatina, em pacientes sem histórico de ataque cardíaco ou AVC que já estão em tratamento com regime intensivo de redução de lipídios”, afirma a autora principal do estudo, Erin Bohula, professora assistente de medicina da Harvard Medical School, do Hospital Brigham & Women”s e pesquisadora do Grupo de Estudos TIMI, em comunicado divulgado no sábado.


“Em conjunto com dados de estudos genéticos sobre variantes do PCSK9 e outros estudos de resultados com inibidores de PCSK9, nossas descobertas sugerem que a redução prolongada com inibidores de PCSK9 pode ajudar a melhorar a morbidade cardiovascular e, potencialmente, a mortalidade ao longo do tempo”, afirma.


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