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O avanço dos cassinos online no Brasil: regulamentação, mercado e o novo perfil do jogador digital

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Da Redação

O crescimento dos cassinos online no Brasil impulsiona a economia digital e redefine o perfil dos apostadores na era da regulamentação.


O setor de jogos e apostas online no país segue em forte expansão. De acordo com levantamento da Datahub, entre 2021 e 2024 o mercado de apostas digitais cresceu mais de 730%. O número de empresas registradas saltou de 26 para 217 nesse período, refletindo o aquecimento do setor.


Graças à assinatura do decreto que regulamentou o mercado de apostas, em 2018, a popularidade dos cassinos online pôde se consolidar. O que antes era apenas um segmento de entretenimento digital, hoje atrai investidores e atenção governamental, movimentando bilhões de reais por ano e tendo impacto direto na economia nacional e global.


A nova economia do jogo digital

O Jornal-Laboratório da Universidade Federal do Paraná, citando pesquisa da PwC (2023), revelou dados expressivos sobre o mercado das “bets”. Segundo o estudo, o setor movimentou cerca de 1% do PIB brasileiro, e só as apostas esportivas geraram aproximadamente R$ 100 bilhões em um único ano.


Com a regulamentação federal e o avanço de políticas estaduais, o setor se consolida. Inicialmente, em 2018, apenas as apostas esportivas foram legalizadas. Já em 2023, a Câmara dos Deputados aprovou o PL 3626/23, que ampliou a regulamentação também para os cassinos online.


Esse projeto define uma alíquota sobre o lucro líquido das apostas, revertida ao Estado e destinada a políticas públicas. Dos 12% da arrecadação bruta, 1,82% vai para a Educação, 6,63% para o Esporte e 5% para o Turismo, fomentando o crescimento econômico e social do país.


Quem é o novo apostador brasileiro

Durante o período de ilegalidade, o perfil dos apostadores era composto majoritariamente por públicos mais velhos e menos familiarizados com tecnologia. Hoje, o cenário é completamente diferente. Segundo o Instituto DataSenado, 56% dos apostadores têm entre 16 e 39 anos, com destaque para a geração Z (nascidos entre 1995 e 2009). Além disso, 52% possuem renda de até dois salários mínimos (R$ 3.036), e 62% são homens.


A região Norte lidera em volume de apostas, com destaque para Pará e Roraima, responsáveis por 17% das apostas nacionais. Já o Ceará aparece com o menor percentual, em torno de 8%. Esse perfil reflete um público jovem, conectado e digitalmente ativo, acostumado a realizar transações online e a consumir entretenimento via dispositivos móveis.


Inovação, segurança e tecnologia nos cassinos digitais

O uso de Inteligência Artificial (IA) e blockchain vem transformando a indústria, com aplicações voltadas à auditoria, prevenção de fraudes e garantia de jogos justos. Cassinos licenciados têm adotado práticas rigorosas de segurança digital para proteger usuários e transações.


Com o crescimento do uso de dinheiro digital, é natural que surjam preocupações com golpes cibernéticos e fraudes financeiras. Para isso, novas tecnologias vêm sendo implementadas, trazendo maior confiabilidade e transparência ao ambiente virtual.


No campo da experiência do usuário, os cassinos online também evoluíram: interfaces modernas, sistemas interativos e designs intuitivos tornam a navegação mais fluida e o jogo mais imersivo.


Além disso, empresas regulamentadas oferecem recursos de jogo responsável, com limites de depósito, autolimitação e alertas de uso, prevenindo vícios e gastos excessivos. O Brasil segue o modelo da Malta Gaming Authority (MGA) e deve exigir licenças com auditoria digital obrigatória até o fim de 2025, elevando os padrões do setor.


O futuro da regulamentação

O cenário é promissor, mas é utópico pensar que as discussões sobre o mercado de apostas já acabaram. O Congresso Nacional segue levantando debates sobre PLs que tratam de cassinos e apostas. O STF e a Receita Federal também seguem ativos na regularização tributária, exigindo taxações e administrando aspectos legais e econômicos do setor.


O avanço das licenças estaduais cria um ecossistema descentralizado, com oportunidades regionais e impacto positivo em polos de tecnologia e investimento, especialmente em áreas mais remotas.


A ascensão dos cassinos online não se resume a apostas, mas representa uma transformação digital e econômica. O futuro do entretenimento online depende da regulamentação responsável, da inovação tecnológica e do consumo consciente. Ainda que o debate siga aberto, é inegável que o setor já ocupa um papel central na nova economia brasileira, unindo tecnologia, inclusão e geração de receitas.


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