Nesta semana, o bairro Papoco foi destaque na mídia devido à decisão da prefeitura de transferir os moradores para o 2º Distrito, em residências recém-construídas no Bairro Rosalina. Foram registrados protestos em razão das dificuldades de adaptação apontadas pelos habitantes, bem como preocupações relativas à exposição à violência.
O bairro Papoco tem sua origem ligada à palavra tupi “papoco”, que significa “barulho” ou “confusão”. Acredita-se que o nome tenha surgido a partir de um confronto violento, um tiroteio que ocorreu na região durante o ciclo da borracha. “Foi papoco de bala para todos os lados”, diziam à época.
O bairro teria sido, em tempos passados, uma zona de diversão durante o auge da borracha. Naquela época, seringalistas e coronéis ostentavam riqueza, chegando a acender charutos cubanos com notas de cem dólares.
Muitos relatos históricos contam que, durante o ciclo da borracha, era comum que seringueiros se deslocassem até Rio Branco em busca de mulheres com quem pudessem formar famílias.
Essa busca era motivada pelo isolamento e pela solidão enfrentados nos seringais, localizados em áreas de densas florestas e afastadas dos centros urbanos. Assim, a presença feminina tornava-se essencial para a formação de lares, trazendo um sentido de pertencimento e esperança em meio à dura realidade da vida nos seringais.
Dizem os mais antigos que o bairro Papoco já foi símbolo de nobreza e glamour. O cenário era composto por mulheres bonitas, festas regadas a uísque escocês e vinho do Porto, além de muita música – quem sabe uma lenda urbana. Este período marcou uma era de prosperidade e sofisticação na capital do Acre.
Mudanças econômicas e enchentes do rio Acre transformaram o bairro, alterando seu traçado original. A rua Rio Grande do Sul, uma importante via da capital, desmoronou com o Papoco e deixou de dar acesso ao antigo aeroporto na região de Sobral.
O declínio dos seringais e a migração dos seringueiros para a capital do Acre contribuíram para que o Papoco adquirisse suas características atuais: uma comunidade pequena, próxima ao centro da cidade, onde residem tanto famílias pobres antigas quanto pessoas em situação de vulnerabilidade social. O Papoco é uma testemunha viva das transformações que o Acre passou.




















