Nada contra ao seu novo posicionamento enquanto juiz, sim e tão somente, as suas contradições.
Após as depredações das sedes dos nossos três poderes, no dia 08/01/2023, certamente e historicamente, o mais grave crime já cometido contra a nossa democracia, mas como o mesmo exigia urgentes providências e jamais poderia ser considerado como uma manifestação pacífica e legalmente permitida, os primeiros a serem investigados e conseqüentes penalizados punidos, seriam àqueles que estiveram presentes na referida depredação, os chamados peixes pequenos foram os primeiros a ser julgados e punidos, muito deles sequer sabiam à gravidade do crime que haviam participado.
Nos primeiros julgamentos, a maioria deles foi punida e com condenação branda, alguns deles foram condenados apagar cestas básicas, a mais usual das punições que são aplicadas pelos próprios juízes aos criminosos de baixa periculosidade.
Enquanto participante do quinteto de ministros que compunha a primeira turma do STF-Supremo Tribunal Federal, o ministro Luiz Fux participou do julgamento de mais de 600 integrantes da chamada trama golpista, e em nenhum momento sugeriu que a turma a que pertencia, seria incompetente para fazer os referidos julgamentos.
Mas quando veio o julgamento dos planejadores, dos articuladores e dos financiadores do já comprovado “golpe”, o ministro Luiz Fux, num giro de 180°, enquanto juiz e figura humana transformou-se completamente, e no que dependesse dele, o próprio ex-presidente Jair Bolsonoro deveria ser prontamente inocentado. Segundo a sua lógica punitiva, “peixes grades”, não deveriam ser condenados.
No voto que proferiu, quando o chamado grupo crucial do golpe veio ser julgado, num voto que durou mais de 12 horas, o ministro Luiz Fux, num misto de manobrista e equilibrista, e ignorando o seu próprio passado, desde então, entre os mais radicais bolsonaristas passou a ser considerado no melhor, maior e mais justo jurista da nossa história, maior até do que o nosso celebrado Rui Barbosa.
O que aconteceu no dia 08/01/2023, ainda bem que resultou num golpe abortado, mas mesmo assim, em prol da nossa democracia, muito ainda há que ser feito para quem nunca seja repetido, e isto porque, desde a proclamação da nossa República, as tentativas de golpes, abortados ou exitosos estarão à espreita.
Nada contra as dosimetrias das penas que foram impostas aos peixes pequenos que participaram das diversas manifestações golpistas, em particular, da do 08/01/2023, conquanto as punições dos peixes grandes, dos tubarões sejam mantidas. Por que o Fux II decidiu inocentá-los?









