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Em entrevista ao ac24horas na quarta-feira, 29, a acreana Rayline Macedo, 30 anos, viveu momentos de tensão e medo durante a megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro na última terça-feira (28).
Supervisora de vendas da Centauro, ela trabalha no maior shopping da cidade, localizado na Barra da Tijuca, e relatou com detalhes como a rotina de um dia comum se transformou em uma experiência marcada pelo caos urbano e pela insegurança. “Estou no Rio por conta de promoções no meu trabalho, há mais ou menos 8 anos trabalho na Centauro, 5 anos na loja do Acre, depois passei 1 ano e meio em uma das Centauros em São Luís no Maranhão e atualmente em uma das Centauros do Rio de Janeiro”, contou.
Rayline lembra que o dia começou como qualquer outro, mas logo se transformou em um cenário de pânico generalizado. “No que foi o megaoperação, eu comecei minha rotina como em qualquer outro dia, eu moro na zona Oeste do Rio, meu horário de entrada seria 14h30, estava perto da Barra já quando comecei a receber mensagens e vídeos dos colaboradores que residem em comunidades como a CDD, por exemplo, me informando que não poderiam ir trabalhar, pois estava tendo troca de tiro na favela e ninguém poderia sair”, pontuou.
Ela relata que, ao chegar à estação de BRT Alvorada, percebeu o desespero das pessoas tentando escapar da violência. “Notei muita movimentação de pessoas tentando sair e aflitas falando que tava tendo guerra e que tinham fechado as principais linhas da cidade, como Linha Amarela, Avenida Brasil, Linha Vermelha e Ayrton Senna, a ordem era que não podia nem entrar e nem sair”, destacou.
O reflexo da operação foi imediato no comércio. “Chegando no shopping comecei a observar que estava vazio, o que é estranho, pois se trata do maior shopping do Rio de Janeiro e vive cheio, depois começou correria no shopping, pessoas saindo, lojas fechando, cheguei na loja 14:00 e grande parte dos colaboradores não estavam em loja devido estarem ilhados, então como as lojas do shopping estavam a maioria fechadas, na Centauro não foi diferente, fechamos a loja por volta de 17:00”, contou.
Macedo relatou que o retorno para casa foi outro desafio. “Nesse horário o caos na cidade era total, Uber não aceitava viagem pra nenhum lugar, teve gente indo pra casa a pé e tendo que atravessar alguns pontos da cidade de barco, eu tive que ir pra Alvorada a pé, cheguei lá por volta de 18:00, um trajeto que levaria cerca de 1 hora até em casa, acabou levando mais de 3 horas, porque estava muito cheia a estação de BRT, muita fila e tumulto, cheguei a sentir dificuldade de respirar pela superlotação do BRT”, salientou.
““Consegui chegar em casa bem, porém muito assustada, moro na zona oeste, onde não havia conflitos, mas mesmo assim estava tudo deserto e todo mundo trancado em casa, eu fiz o mesmo. Após a operação o que ficou foi o medo e a incerteza de sair e chegar bem, mas é necessário, porém o clima de todos é de tristeza e medo”, acrescentou.
A supervisora finaliza dizendo que o clima de insegurança ainda domina a cidade. “Os colegas que moram em regiões de conflito não estão vindo trabalhar por segurança, até baixar mais a poeira. Há muito policiamento em toda cidade, e circula muita informação que os bandidos vão fazer protestos e vão liberar o caos em resposta ao Estado, diante disso o medo é inevitável, mas estamos tentando seguir a vida”, finalizou.