A moradora de Tarauacá, Maria Edna dos Santos Feitosa, faleceu na última segunda-feira, 27, vítima de hidrocefalia, meningite bacteriana e tumor cerebral, após esperar três meses por um benefício do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O caso foi denunciado pela vereadora Veinha do Valmar (PDT), que classificou a situação como “barbaridade e descaso com a população do município”.
De acordo com a parlamentar, Maria Edna estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Cruzeiro do Sul, enquanto aguardava o agendamento da perícia médica. “Ela deu entrada em um benefício como trabalhadora rural e esperou três meses. Mesmo internada, disseram que ela teria que se deslocar até Rio Branco para fazer a perícia. Com muita luta, consegui que o médico perito fosse até Cruzeiro do Sul realizar o exame, mas o processo não foi finalizado. Ela faleceu sem ter seus direitos garantidos por lei”, lamentou.
A vereadora criticou a ausência de médico perito em Tarauacá, terceira maior cidade do Acre, para atender principalmente a população rural. “Tínhamos um profissional, mas ele foi transferido e o município ficou sem atendimento. É desumano. As pessoas da zona rural e até da cidade estão desassistidas, enquanto quem contribui para ter seus direitos garantidos morre esperando. É revoltante ver casos assim se repetirem enquanto o rombo do INSS cresce e os mais pobres pagam o preço”, afirmou.
Valmar destacou ainda que a paciente passou 90 dias internada, submetida a uma cirurgia na cabeça com 44 pontos, e mesmo assim não teve o processo concluído. “O médico perito chegou a fazer a perícia, mas o sistema coloca o processo em uma fila interminável. Já tivemos outros casos de pessoas que morreram esperando resultado. Não dá para nos calarmos diante dessa barbaridade”, reforçou.
A vereadora que já havia protocolado denúncia no Ministério Público Federal (MPF) contra o INSS pela falta de peritos no município e apresentou requerimento oficial à Câmara Municipal de Tarauacá solicitando que a Gerência Executiva do INSS, representada por Rusemberg Costa, realize mutirões mensais de perícia médica ou adote atendimentos por videoconferência.
Segundo ela, o último atendimento realizado no município ocorreu durante a visita da equipe do Navio da Cidadania, mas não foi suficiente para suprir a demanda. “Muitos moradores não têm condições financeiras para se deslocar até outro município onde haja agência do INSS com serviço de perícia médica”, explicou.
Após a morte de Maria Edna, Veinha do Valmar emitiu uma nota de repúdio contra o órgão federal.
“Como vereadora deste município, venho a público manifestar meu mais profundo repúdio à demora e ao descaso do INSS com a nossa população. Há meses protocolei o pedido para que um perito seja designado para atender nossos moradores aqui, evitando deslocamentos, sofrimento e demora injusta. Até hoje, não recebi qualquer resposta ou providência”, declarou. “Infelizmente, uma moradora da nossa cidade morreu esperando um direito que lhe era garantido por lei. A ausência de um perito não é apenas uma falha administrativa, é falta de respeito com o cidadão adoecido. É inadmissível que vidas sejam colocadas em risco pela morosidade e pelo silêncio institucional. O nosso povo merece atendimento digno, urgente e humano”, finalizou a parlamentar.
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