Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) • 03/06/2025 - REUTERS/Adriano Machado
Enquanto a assessoria de imprensa do governo Lula, digo, a grande mídia, se esforça para achar uma nesga de avanço na conversa com Trump que possa ser considerada relevante, a situação mesma do tarifaço americano se mantém. No final das contas, mais uma reunião para marcar a próxima. Revogação das tarifas não avançaram, sanções de autoridades idem, e os gestos de cordialidade ficam nisso mesmo.
É claro que o governo fará de tudo para faturar dividendos políticos, assim como a oposição registrará que de concreto não aconteceu absolutamente nada. Parece mais perfumaria para disfarçar o mau cheiro de outro acontecimento, que foi a declaração do Lula da Silva, absolvendo os traficantes como vítimas dos viciados. Uma estultice que o governo correu para dar como equívoco, mas, não é. A inclinação de Lula para se aliar a bandidos é conhecida de outros eventos.
Quem não lembra da defesa que fez dos assaltantes de celulares que a seu juízo são apenas rapazes que roubam para tomar uma cervejinha? Quem desconhece sua simpatia pelos movimentos internos de invasão de propriedades privadas – MST, MTST etc.? Muito mais importante, porém, da mesma natureza, é a defesa que faz do Hamas. Para Lula, os terroristas palestinos se igualam à população civil inocente que foi barbarizada em Israel. Este é, enfim, o Lula da Silva, presidente do Brasil, sempre alinhado com o que não presta. Lembremos que ele odeia a ideia de designação das facções brasileiras como terroristas, o que facilitaria o combate.
O problema é que Lula tem muitas frentes de confronto com o governo americano. Além das tarifas e das sanções sobre, em breve (novembro), será revelada a delação do ex-ministro venezuelano Hugo Carvajal, preso nos EUA, que em entrevista recente juntou Lula, PT, Maduro, Petro, Evo Morales e outros no mesmo saco de recebedores de dinheiro do narcotráfico. O Foro de São Paulo inteiro, do qual Lula é fundador, segundo o delator, está enrolado nesse enredo que, no dizer de Lula, pretendia criar uma grande nação socialista.
Tem também as declarações do Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes, que vazou para a Itália e de lá vem soltando indícios de como o TSE e outros órgãos foram manipulados para distorcerem o processo eleitoral de 2022 em favor de Lula da Silva.
Ainda merece citação, a ação da USAID e a Seção 301, uma disposição da Lei de Comércio de 1974 dos Estados Unidos (Trade Act of 1974), que autoriza o governo norte-americano, por meio do Escritório do Representante Comercial (USTR), a investigar práticas comerciais estrangeiras consideradas “injustas” ou “discriminatórias” contra interesses americanos. Esse bolo está com Marco Rubio, com quem o Mauro Vieira, nosso chanceler, tem que se haver.
De fato, apesar da perfumaria que a mídia acadelada espalha para animar o lulopetismo nas redes sociais, a turma está voltando com as mãos abanando e um tratamento protocolar para comemorar até o dia seguinte, pois efetivamente as taxas continuam e as sanções (suspensão de vistos e Magnitsky) podem até se expandirem. Aguardemos os próximos episódios.
O que você está vendo?
Peço vênia para, pela primeira vez, sair do tema da coluna e responder a um leitor que me pergunta sobre a sucessão estadual.
Alô, T! Sim, como venho dizendo desde o início do ano, Bocalom será candidato. Ninguém remove do páreo um sujeito que está em segundo lugar nas pesquisas em favor de quem está em terceiro. Menos ainda quando o sujeito quer e, além disso, não há o que lhe seja oferecido em troca. Se não ganhar, terá seu nome colocado para a próxima. Bocalom sabe que ficar na prefeitura de Rio Branco encerra sua vida pública.
E a governadora Mailza? E os vices? E os candidatos ao senado? E as chapas de deputado? Quanto às demais candidaturas e composições partidárias, somente a decisão do STJ ligará o interruptor para clarear o ambiente. Até lá, estará todo mundo tateando no escuro, inclusive esbarrando em quem não deve e criando arengas desnecessárias.
Longe dessa encrenca, corre solto e livre, o senador Alan Rick cuja candidatura anda a todo vapor na companhia da Mara Rocha. Quando se resolverem, seus adversários talvez estejam uma volta atrás e, alcançá-lo, que hoje já parece improvável, se torne impossível. Alan Rick é, por todos os motivos, pela conjuntura, pela combinação de fatores, por seus próprios méritos e pelos deméritos alheios, vem se constituindo a “bola da vez”.
Do outro lado da cerca ideológica, digo, do lulopetismo, Jorge Viana virá com tudo com vistas ao senado. Tudo, neste caso, é TUDO mesmo. Até já repaginou sua própria imagem com uma tonalidade neutra, branca, de paz, desideologizada, asséptica, para descolar-se do velho esquerdismo vermelho cor de sangue inocente. Não será surpresa que seu candidato ao governo, médico, faça o mesmo. Tudo branco, limpo, pacífico e um discurso “centrista” de ocasião, acusando os outros de extremistas e beligerantes.
Objetivamente, é cedo. Nós é que somos apressadinhos e queremos tudo às claras a uma distância que somente vistas muito treinadas conseguem vislumbrar algo definido. Que os corações se acalmem.
Valterlucio Bessa Campelo escreve semanalmente nos sites AC24HORAS, DIÁRIO DO ACRE, ACRENEWS e, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites. Seu último livro, “Arquipélago do Breve”, encontra-se à venda através de suas redes sociais e do e-mail valbcampelo@gmail.com.