A neonatologista Mariana Colodetti, plantonista do Hospital da Criança em Rio Branco, explicou em entrevista coletiva neste sábado, 25, que o caso do bebê prematuro declarado morto e que apresentou sinais de vida durante o sepultamento se trata de uma situação clínica excepcional, já registrada em outros países e descrita na literatura médica.
“A gente entende que é uma situação excepcional, pode acontecer. A gente sabe disso, já tem relatos na literatura científica de casos semelhantes, já vivi isso na minha graduação médica”, afirmou a médica.
O bebê, levado ao hospital por uma equipe da funerária após familiares perceberem que ele estava vivo durante o velório, deu entrada na unidade por volta das 10h da manhã no Hospital da Criança. “Eu estava de plantão às sete da manhã e, por volta de dez horas, chegou o bebê para poder prestar assistência”, relatou Colodetti, destacando que todos os procedimentos de emergência foram aplicados assim que a criança foi recebida.
Segundo a médica, o recém-nascido é um prematuro extremo, com 23 semanas e 5 dias de gestação e aproximadamente 520 gramas, o que o coloca em uma faixa de altíssimo risco de mortalidade.
“É importante lembrar: trata-se de um bebê prematuro extremo, um bebê de vinte e três semanas e cinco dias, que está há mais ou menos cinco meses e com quinhentos e vinte gramas. Então, é uma situação crítica. Nós recebemos esse bebêzinho aqui, temos todo o suporte que ele precisa: intubação, cateterismo umbilical, medicações, tudo o que ele precisa”, explicou.
De acordo com a médica, o bebê está entubado, em estado grave, porém estável, e recebe acompanhamento contínuo da equipe da UTI Neonatal. “Neste momento, o estado é crítico, o bebê é grave, porém estável. Eu posso garantir, como pediatra e neonatologista plantonista, junto com toda a equipe médica e de enfermagem, que toda a assistência está sendo dada para esse bebê prematuro e extremo”, ressaltou.
Colodetti destacou que todos os protocolos de admissão e suporte neonatal foram seguidos rigorosamente desde o momento em que o bebê chegou à unidade. “Quando chegou nas minhas mãos, tudo foi abrigado no recente e, a partir de agora, todos os protocolos foram aplicados dentro da UTI Neonatal. Tudo o que aconteceu anteriormente já está sendo investigado. O que eu posso dizer é que a admissão foi por volta das dez horas da manhã”, destacou.
Questionada sobre o que pode ter ocorrido entre o parto e o momento em que o bebê apresentou sinais vitais, a médica explicou que ainda não é possível determinar as causas. “A gente não consegue definir o que pode ter acontecido, se realmente tinha vitalidade, frequência, se parou e depois voltou. Isso a gente não consegue definir. Tudo vai ser apurado”, ressaltou.
Ela acrescentou que os protocolos e procedimentos da maternidade serão revisados para identificar eventuais falhas.“Tudo será revisto, com certeza os protocolos, se houve falha ou não, tudo vai ser visto e pensado.A criança está entubada, recebe medicações e hidratação. Por ser muito prematuro, não conseguimos fazer acesso venoso comum”, salientou.
Os pais estão cientes da gravidade da situação, e o caso continua a ser acompanhado pela equipe médica e pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre). “Os pais estão cientes. É claro que é um estado crítico e depende muito do bebezinho. Vale lembrar: é um prematuro extremo, de mais ou menos cinco meses e quinhentos e vinte gramas”, reforçou.
Encerrando a entrevista, a médica ressaltou que, apesar de raros, casos assim podem ocorrer e, em alguns, há relatos de sobrevida.“São casos excepcionais, acontecem. Já vivenciei um com desfecho bom, em que o bebê sobreviveu. São casos raros, mas podem acontecer”, finalizou.


















