A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) deu um passo decisivo para a industrialização da cadeia produtiva do açaí no Acre. Neste sábado (25), a diretora de Economia Sustentável e Industrialização da Agência, Perpétua Almeida, e a presidente da Cooperativa de Produtores, Coletores e Batedores de Açaí de Feijó (AçaíCoop), Julia Gomes, assinaram o convênio que dará início à elaboração do plano de negócios para a implementação do Complexo Industrial do Açaí de Feijó.
A ação integra o programa Coopera+, da ABDI, que tem como foco fortalecer o cooperativismo e estruturar cadeias produtivas sustentáveis em diferentes regiões do país. A AçaíCoop é a detentora da Indicação Geográfica (IG) do açaí de Feijó, selo que atesta a qualidade e a singularidade do fruto local.
“Este convênio é a materialização da nova política industrial do Brasil, que olha para o desenvolvimento regional e para a força do nosso cooperativismo”, destaca Perpétua.
Ela acrescentou: “Com o Coopera+, a ABDI está investindo na estruturação de uma cadeia produtiva sustentável. Vamos agregar valor ao açaí de Feijó, que tem Indicação Geográfica, garantindo que a riqueza gerada pela industrialização fique no Acre, criando emprego e renda para as famílias em torno da cadeia produtiva”.
Para a presidente da AçaíCoop, Julia Gomes, a parceria é uma oportunidade para resolver um gargalo histórico que impedia o açaí de Feijó de conquistar mercados maiores, apesar do reconhecimento internacional da Indicação Geográfica.
“Nós temos a matéria-prima, os produtores e toda uma cadeia envolvida, mas não tínhamos capacidade de produção em escala. Um comprador de São Paulo ou Goiânia não vem aqui buscar 100 litros de açaí; ele vem buscar uma carreta fechada”, detalha Julia.
“Este convênio com a ABDI traz a parte fundamental que faltava: a industrialização. Agora, poderemos atender a essa demanda, levar nosso produto com valor agregado e, o mais importante, melhorar a economia do município e a qualidade de vida de cada família envolvida nesse processo.”
O superintendente da Organização das Cooperativas Brasileiras no Acre (OCB) reforçou o apoio à iniciativa, destacando que o investimento da ABDI é fundamental para que a cooperativa possa gerar resultados econômicos reais para seus membros e ter sucesso em sua gestão.
“O princípio do cooperativismo é gerar resultado econômico para os cooperados. Só faz sentido ter a cooperativa se ela melhora a vida das pessoas. Este investimento da ABDI é fundamental, e a OCB dará todo o apoio na gestão e governança para que a AçaíCoop tenha eficiência e para que esse recurso, de fato, mude positivamente a vida dos produtores. Essa luta que a diretora Perpétua vem travando contará cada vez mais com o apoio da OCB.”
O vice-prefeito de Feijó, Juarez Leitão, destacou que o convênio quebra um ciclo histórico de exploração, permitindo que a região passe da simples produção de matéria-prima para a gestão da sua própria riqueza.
“Nós, trabalhadores, fomos ensinados só a produzir riquezas, não a administrar nossa riqueza. Chega de vender produtos in natura e o pessoal levar nossa riqueza embora, enquanto continuamos só com a mão de obra. Este projeto, com o plano de negócios, é fundamental para a gente aprender a administrar e garantir que essa riqueza fique aqui, com a gente.”
O Governo do Estado do Acre já cedeu o terreno onde será instalado o complexo industrial. A área, localizada no Polo Industrial de Feijó, servirá de base para a nova indústria, que beneficiará o açaí produzido na região, ampliando a capacidade de processamento e as oportunidades de mercado para os produtores locais, gerando emprego e renda.
A expectativa é que, em pleno funcionamento, o Complexo do Açaí de Feijó beneficie diretamente mais de 2 mil famílias em Feijó, Tarauacá e Envira, contribuindo para ampliar a produção regional, hoje estimada entre 35 e 40 toneladas mensais.