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Famílias do Papoco rejeitam remoção para o Rosalinda

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Da redação ac24horas

Moradores do bairro Dom Giocondo, conhecido como Papoco, um dos mais antigos da capital acreana, estão apreensivos com um projeto da Prefeitura que prevê a retirada de famílias do local. A ideia da Prefeitura de Rio Branco, por meio da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (SASDH), é realocar as famílias para a comunidade do Rosalinda.


Durante entrevista ao repórter do ac24horas, David Medeiros, na manhã desta terça-feira, 21, a comunidade deixou claro que pretende resistir e não pretende deixar suas casas.


“Bom, na verdade, a gente foi pego de supetão por uma reportagem do secretário da SASDH, João Marcos Luz, afirmando que toda a comunidade estava de acordo para a retirada dessas famílias e se alocar em outros bairros mais distantes”, relatou Eduardo, morador da região.


Foto: David Medeiros/ac24horas

Segundo ele, a população foi surpreendida após um recadastramento feito sob alegação de programas sociais pela SASDH. “Na semana seguinte fomos pegos todos de surpresa com essa dita afirmação do secretário, dizendo que a comunidade teria vontade de sair daqui do bairro, o que não é verdade. A verdade é que a gente fez um acordo com o prefeito, o prefeito Bocalom veio aqui na sua eleição e disse para nós que iria manter o bairro”, pontuou.


Foto: David Medeiros/ac24horas

Eduardo ainda citou a precariedade da infraestrutura local e promessas não cumpridas.“Com as escadarias que agora estão quebradas, nós temos uma escola abandonada, Madre Lisandre, que nos prometeu fazer um centro cultural para que as crianças aqui do bairro tenham um espaço de lazer. Então o anseio da comunidade são os acessos e os trapiches que dão acesso para todas as famílias do bairro. E aí do nada fomos pegos de surpresa com essa fala do secretário, afirmando que a vontade da comunidade é sair daqui do bairro, quando não é”, revelou.


“Um exemplo é para a Cidade do Povo, como que a população daqui desse bairro vai para outro bairro e a gente sabe das questões de facções, que é muito perigoso lá. Quando volta, já não tem mais casa, já não tem mais nada. Então o mínimo que o secretário poderia ter tido era a sensibilidade de conversar com a comunidade e realmente saber da nossa vontade, qual o nosso anseio. E o nosso anseio é melhoria no bairro, estamos no centro da cidade, aqui não tem alagação, não tem queda de casa, nenhuma casa cai por conta de desmoronamento, as casas mexem um pouco, a família vai e organiza. Mas os anseios da comunidade são outros, não esse que a Prefeitura está querendo, tirar toda a comunidade sem ao menos conversar com a comunidade, que essa é a maior agonia nossa”, acrescentou.


Foto: David Medeiros/ac24horas

O presidente da associação de moradores, Wellington, que reside no bairro há 38 anos, reforçou a indignação da população. “Foi o que nós estamos vendo aí nos jornais, nas TVs, esse secretário João Marcos, o que ele está fazendo com a nossa comunidade, com nossos moradores. A sua equipe adentrou dentro da nossa comunidade para fazer o recadastramento do Bolsa Família e do CadÚnico. E toda a comunidade fez para não perder seu Bolsa Família, nem perder seu CadÚnico. E nós, na outra semana, já fomos pegos de surpresa, sob a retirada dos nossos moradores da nossa comunidade, sendo que nós não queremos sair, sendo que nós moramos aqui há anos, é um bairro histórico, é um bairro bom, no centro da cidade, e eles querem levar nós lá para longe. E as nossas crianças que estudam aqui perto, e nossos trabalhadores que trabalham aqui perto, eu, como presidente do bairro, estou aqui tomando a frente e dizendo que João Marcos não nos representa e a nossa comunidade não vai ser retirada, ninguém quer sair daqui”, finalizou.


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