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Em Três Graças, Murilo Benício se delicia com malfeitor safado: ‘Universo próprio’

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Murilo Benício está de volta à TV como Santiago Ferette, antagonista de Três Graças. Ele é o chefão corrupto da Fundação Ferette, um bandido hipócrita que se disfarça de benfeitor para enganar todo mundo e ganhar muito dinheiro. É capaz de matar aqueles que atravessam seu caminho, além de ser perverso com os necessitados e idolatrar os ricos.


“É um universo um pouco descolado da realidade, muito próprio. E essa propriedade é a grande jogada da novela”, diz o ator. Benício lembra que em Fera Ferida (1993), sua primeira trama com o autor Aguinaldo Silva, eles fizeram um “universo construído, não copiado da rua” –estratégia que o ator está usando agora na nova novela das nove da Globo.


Na história, Ferette opera um esquema criminoso que envolve verbas públicas destinadas à compra de remédios de alto custo. Em vez de distribuir tratamento eficaz aos mais pobres, ele entrega medicamentos falsificados e embolsa a diferença.


O dinheiro fruto da fraude é escondido na casa de sua amante, Arminda (Grazi Massafera), dentro da escultura das Três Graças. O ator define a experiência de gravar na pele do vilão como algo que lhe dá prazer absoluto.


Embora acumule antagonistas ao longo de sua carreira, Murilo Benício diz que não escolhe personagem. “É meu 14º seguido, o povo gosta de me botar de vilão. Mas eu nunca penso em vilão ou mocinho. Eu penso em ser humano. [Tento] Entender os porquês, as motivações, e me divertir –e, se Deus quiser, divertir o público também.”


“Está uma diversão, a gente chega rindo e vai embora rindo. Nas minhas cenas com a Grazi, a gente se diverte bastante. Essa novela proporciona que a gente descubra muitas coisas além do texto”, afirma. Ele lembra que isso é essencial em um trabalho longo, como uma novela, gênero que exige fôlego e invenção diária. “Novela é quase experimento de atuação.”


Já o sotaque que soa estranho surgiu de uma demanda da direção. “A Grazi disse que ia poder fazer o sotaque dela. Eu falei: ‘Graças a Deus’, porque eu sou péssimo de sotaque. Aí, o Luiz Henrique [Rios, diretor artístico] falou: ‘Queria que você fizesse um paulista meio italiano’.”


O próprio Luiz Henrique Rios explica o princípio técnico de sua escolha: “Não existe sotaque paulista único. Troca de bairro, troca de som. A gente quis sair do real e criar sonoridades hiper-reais. O sotaque do Ferette é uma forma própria, e eu conheço gente com sonoridade parecida. É tirar a realidade da realidade. Essa é a brincadeira”.


O diretor, aliás, reforça que a variedade de sotaques no folhetim é proposital. “Quando o público assistir aos capítulos, vai ouvir muitas variações. A ideia é construir um lugar com som, não reproduzir o literal”, completa.


Ferette é casado com Zenilda (Andréia Horta) e pai de Lorena (Alanis Guillen) e Leonardo (Pedro Novaes). Ele mantém um caso com Arminda –mulher de Rogério (Eduardo Moscovis), sócio do vilão que sumiu em circunstâncias misteriosas e foi dado como morto.


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