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Servidores fecham unidade de saúde no Rui Lino em protesto contra presidente de bairro

Por
Saimo Martins

Servidores da Unidade de Saúde da Família Francisco Eduardo de Paiva, localizada no bairro Rui Lino 3, em Rio Branco, fecharam as portas na manhã desta segunda-feira (20) em protesto contra o presidente do bairro, identificado como Markinhos Barbosa. Segundo os profissionais, ele estaria praticando assédio moral, perseguição e promovendo desentendimentos entre servidores e a população.


A representante do movimento, Antônia Maria, agente comunitária de saúde, afirmou à reportagem do ac24horas que a manifestação é uma resposta aos ataques que, segundo ela, vêm sendo feitos pelo presidente do bairro contra a unidade e os serviços ofertados. “Estamos unidos para que seja tomada uma atitude, porque somos funcionários e ele está nos adoecendo psicologicamente. É assédio moral. Ele vem fiscalizar, mas não da forma correta”, declarou, acrescentando que cerca de 30 servidores atuam na unidade.


Outra servidora relatou que o presidente costuma promover tumultos no local. “Toda semana há confusão. Nossa gestora está constantemente tendo que responder a denúncias, e isso é um absurdo”, afirmou.


O líder do governo Tião Bocalom na Câmara Municipal, vereador Márcio Mustafá (PSDB), também se manifestou sobre o caso. Segundo ele, a unidade de saúde atende moradores tanto do bairro Mocinha Magalhães quanto do Rui Lino, e há relatos de coação aos servidores. O parlamentar, no entanto, afirmou que a Secretaria Municipal de Saúde não deve promover mudanças na gestão da unidade.“Ela é uma mulher de Deus, tem total atenção aos bairros. Quero deixar claro que as meninas trabalham com amor e tratam a comunidade com carinho”, disse Mustafá.


O outro lado

Procurado pela reportagem do ac24horas, o presidente do bairro Rui Lino 3, Markinhos Barbosa, negou qualquer prática de assédio e garantiu que as fiscalizações realizadas na Unidade de Saúde Francisco Eduardo de Paiva ocorrem sempre a pedido da população e de forma devidamente identificada. “Fiquei sabendo pelo grupo do WhatsApp. A gente deve fiscalizar com coerência, e eu tenho colete de identificação. Pergunto sobre os funcionários, mas ela não tem prova nenhuma de que eu gero algum tipo de problema. Eu passo o dia no posto conversando com as pessoas e não entro lá sem autorização dela. Tenho mensagens no WhatsApp em que converso com ela, dizendo que preciso de uma agenda com a diretora, e ela me permite entrar na sala. Agora, claro, ela está na gestão e precisa atuar em parceria com a comunidade. É um posto recém-inaugurado e estava com o serviço defasado. Não é à toa que teve uma denúncia, há algum tempo, do vereador Eber Machado, por falta de toner. Então, eu não faço vídeo, não crio tumulto. Chamo a população, sou chamado e cobrado, porque me veem como um representante. Mandam mensagem dizendo: ‘Ah, não tem ficha’. Eu vou lá, organizo, ajudo. Não sou funcionário da prefeitura, mas contribuo para que a gestão faça um bom trabalho. Tenho prerrogativa, sou um presidente eleito, com ata registrada, e posso estar no serviço público com respeito. Nunca faltei com respeito, nunca xinguei ninguém, nunca estive lá de madrugada fazendo confusão. Sempre elogio quando tem que elogiar.”


Markinhos Barbosa – Reprodução

Sobre os pedidos de ficha

Markinhos confirmou que realiza cobranças relacionadas à quantidade de fichas disponibilizadas na unidade, mas negou qualquer tipo de imposição.


“Isso procede, mas no sentido de que eu nunca exigi nada. Fiz uma reunião registrada com a dona Joyce sobre o funcionamento. Eu não exijo, porque não sou dono da gestão, não sou prefeito nem secretário. O que perguntei foi quantos atendimentos cada médico faria. A gestão me passou esse dado, e eu denunciei que o posto só estava distribuindo 25 fichas para três médicos. Se você dividir 25 fichas por três médicos, dá 8 ou 9 por profissional. Então, algo estava errado. A produção dos médicos — que não tenho nada contra — estava correta. Então, ou as fichas estão sendo distribuídas para alguém, não sei para quem, ou há erro na contagem. A produção está certa, mas a ficha não chega no posto. Só chegam 25 por dia, mas era para ser mais. Acho que seria bom até para a gestão saber o número mínimo de fichas que o posto atende.”


Sobre as reclamações de assédio

O presidente também comentou as acusações de assédio moral e psicológico. Segundo ele, o problema estaria relacionado à forma como os servidores interpretam a fiscalização.


“Assédio moral e psicológico é como cada um se sente. Eu não tenho como dizer a dor que ela sente de ser fiscalizada, mas ela recebe um valor pra isso, é um cargo de confiança. Então, precisa lidar com as situações. Teve um dia em que eu estava lá e uma moradora começou a gritar no posto. Agora, por que o problema é só comigo? Porque eu sou fiscal do povo e quero que as coisas aconteçam, como presidente do bairro. Só que tem morador lá muito pior do que eu, que ameaça bater, que ameaça… E eu não fiz isso. Então, se ela tem várias denúncias no Ministério Público, o erro não está em mim.”


Markinhos também explicou a existência de grupos de WhatsApp usados para organizar visitas à unidade. “Esse ‘montinho’ de WhatsApp é porque temos um grupo: ‘Pessoal, amanhã estaremos no posto fiscalizando, vendo como está o nosso serviço’. Os enfermeiros são contratados 40 horas, mas tem profissional que sai 11h da manhã, gente da farmácia também. O fiscal, que era pra ser o vereador, não está fazendo, e a gente faz. A gente é contribuinte, paga. Agora, claro, tem as questões do dia a dia — se tiver atestado, tudo bem, mas precisa comprovar. Eu, por exemplo, sou trabalhador com carteira assinada e tenho que comprovar hora de entrada e saída. Por que o funcionário não? Lá, os médicos chegam 8h30, sendo que deveriam chegar 7h. Todo médico de posto de saúde é 40 horas. Já teve médico que saiu 10h da manhã. Entendeu? Então, eu, como fiscal da comunidade, só quero que as coisas funcionem. Agora, acho feio esse manifesto — mas é direito deles”, declarou.


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