Imunobiológicos revolucionam tratamento de doenças autoimunes, diz reumatologista Adriana Marinho

Por
Whidy Melo

No programa “Médico 24 Horas”, exibido nesta segunda-feira (20) pelo site ac24horas.com e nas redes sociais do jornal, o apresentador e médico Dr. Fabrício Lemos entrevistou a reumatologista Dra. Adriana Marinho. A conversa destacou os avanços na área da reumatologia, com ênfase no uso de imunobiológicos para tratar doenças autoimunes e condições relacionadas, como artrite reumatoide, psoríase e osteoporose.


Dra. Adriana, formada pela Universidade Estadual do Paraná e com residência no Hospital de Base de Brasília, apaixonou-se pela reumatologia ainda no quarto ano da faculdade e mantém-se atualizada com pelo menos dois congressos anuais, enfatizando a constante evolução da especialidade.O foco da entrevista recaiu sobre os imunobiológicos, medicamentos que representam um “boom” na medicina nos últimos 20 anos. A especialista explicou que esses fármacos surgiram para tratar condições autoimunes que antes não tinham opções eficazes, como a doença de Crohn e a artrite reumatoide. “Antigamente, para um paciente com artrite reumatoide, não havia o que fazer. O médico só observava as deformidades progredirem”, relatou ela, destacando como os imunobiológicos modificam o curso da doença, prevenindo deformidades em mãos, punhos, joelhos e pés. Exemplos incluem o Infliximab, o primeiro imunobiológico lançado para Crohn, que se mostrou eficaz também para psoríase, artrite psoriásica e espondilite anquilosante.


A médica ressaltou a expansão dos imunobiológicos para além da reumatologia, abrangendo alergias, asma, dermatite atópica e até osteoporose. Para asma grave, medicamentos como o Nucala previnem crises recorrentes, reduzindo a dependência de corticoides, que causam efeitos colaterais como catarata, glaucoma e osteoporose. “Queremos prevenir as crises para que o paciente não precise mais ir à emergência todo mês”, disse Dra. Adriana, notando que esses tratamentos são liberados a partir dos 6 anos de idade via planos de saúde, embora possam ser usados em idades menores de forma particular.


Foto: Adriana Marinho I Iago Nascimento/ac24horas

Na psoríase, uma doença autoimune que afeta a pele e pode causar dores articulares em 30% dos casos, a médica mencionou a disponibilidade de cerca de 12 imunobiológicos. Lesões descamativas no couro cabeludo (confundidas com caspa), cotovelos, joelhos e unhas são comuns, e o estresse pode ser um gatilho. Ela compartilhou casos de pacientes com artrite psoriásica que apresentam dores na planta do pé (fasceíte plantar), inchaços em joelhos ou tornozelos, e enfatizou a importância de exames como ultrassonografia e ressonância para diagnóstico. “Se o paciente é jovem e magro, e tem fasceíte plantar, suspeite de algo reumatológico, não só de excesso de peso”, alertou.


A espondilite anquilosante, inflamação na coluna vertebral, foi descrita como surpreendentemente comum no Acre, com uma família em Feijó tendo mais de 40 casos – um fenômeno que atraiu pesquisadores da USP. Associada ao gene HLA-B27, a doença causa dor lombar que piora ao repouso, rigidez matinal superior a uma hora e pode se manifestar com uveíte (inflamação ocular) ou dores periféricas. “Se a dor na coluna dura mais de três meses, inicia antes dos 45 anos e piora ao acordar, investigue”, recomendou a reumatologista, que atende muitos casos autoimunes como esse em seu consultório.


Sobre osteoporose, Dra. Adriana criticou a pouca atenção dada à doença, apesar de causar mais dias de internação que o câncer de mama ou infarto. “É responsável por fraturas de fêmur que matam dois em cada três idosos”, afirmou. Ela destacou tratamentos como o Densis (ácido zoledrônico), injetável uma vez por ano por R$ 1.300, que é 400 vezes mais potente que comprimidos como alendronato e previne reabsorção óssea. Outra opção é o Prolia, subcutâneo a cada seis meses, ideal para pacientes com insuficiência renal, mas que não pode ser interrompido devido ao risco de efeito rebote. Para casos graves com fraturas, imunobiológicos anabólicos formam novo osso em 12 meses de tratamento.


Foto: Adriana Marinho I Iago Nascimento/ac24horas

A entrevista abordou ainda derrames articulares, comuns em artrites inflamatórias, gota e artrose avançada, tratados com punção para alívio imediato. Dra. Adriana mencionou o uso de imunobiológicos em urticária, retocolite ulcerativa e doença de Crohn, e alertou para critérios de escolha, como evitar anti-TNF (como Infliximab e Adalimumab) em profissionais de saúde devido ao risco de tuberculose.


Em suas considerações finais, a especialista reforçou a importância da prevenção da osteoporose, disponível no SUS e planos de saúde, e destacou promoções em sua clínica, Medicinarte, como mamografias por R$ 200 durante o Outubro Rosa para detecção precoce de câncer de mama. “A osteoporose é assintomática até a fratura, que custa bilhões ao Brasil anualmente. Tratá-la é essencial para qualidade de vida”, concluiu.


O contato da Medicinarte Acre no telefone é 68 99980 3830.


Veja a entrevista completa:


Compartilhe
Por
Whidy Melo