Tiago Leifert no The Voice, no SBT: apresentador voltou a comandar atração após quatro anos - Foto: Reprodução/SBT
O retorno do The Voice Brasil, agora no SBT e no Disney+, provou que o formato ainda tem fôlego e carisma para disputar espaço no horário nobre. A nova versão, que estreou na semana passada, reforçou por que o reality musical continua sendo um dos formatos mais sólidos da TV: nele, a música segue como a grande protagonista –sem firulas nem distrações.
O primeiro episódio deixou claro a aposta na simplicidade. O SBT abandonou o excesso de histórias pessoais e priorizou o que realmente importa. As audições às cegas foram conduzidas com ritmo equilibrado e com boa seleção de candidatos. A emissora apostou em uma edição limpa, direta e bem montada, sem dispersar a atenção do público com dramas fabricados ou quadros paralelos.
O principal acerto está no time de técnicos. Mumuzinho, Péricles, Duda Beat e a dupla Matheus & Kauan mostraram uma química logo de início. Discretos nos primeiros minutos, eles rapidamente encontraram um tom de parceria e descontração que deu leveza ao programa. A dinâmica entre os cinco criou uma atmosfera acolhedora, em que o talento dos participantes foi valorizado sem o tom de julgamento excessivo.
Há também um mérito técnico que não pode ser ignorado. A direção de J. B. Oliveira, o Boninho, adaptou-se à nova realidade orçamentária sem perder a qualidade visual que marcou o The Voice em seus anos de Globo. O cenário continua impactante, o som é preciso e a edição mantém o ritmo. Mesmo sem o mesmo investimento da antiga emissora, o resultado ficou acima das expectativas.
Enquanto o SBT conquista uma estreia equilibrada e musicalmente consistente, o Estrela da Casa, rival do The Voice, expôs o motivo do programa ainda não ter convencido totalmente os telespectadores. A Globo reformulou o formato em sua segunda temporada, eliminou o confinamento e apostou em apresentações mais diretas, mas o resultado foi frio.
O reality musical da emissora carioca continuou tratando a performance de forma quase clínica –com foco excessivo na técnica e pouca atenção à emoção musical que conecta o público ao artista.
Há um contraste entre as duas produções. O The Voice Brasil aposta no calor humano e na celebração da música, enquanto o Estrela da Casa insiste em uma abordagem mais conceitual e distante. A Globo se esforçou para corrigir erros do passado e ainda renovou o Estrela para uma terceira temporada em 2026.
Ao resgatar o espírito original do The Voice, o SBT não apenas reviveu um clássico, mas também provou que o segredo do sucesso em realities musicais continua o mesmo: deixar o talento falar mais alto do que o roteiro.