O médico e apresentador Dr. Fabrício Lemos entrevistou no programa Médico 24 Horas exibido nesta segunda-feira (13) nas redes sociais e no ac24horas.com o médico ortopedista, Roneido Teófilo para uma conversa técnica, profunda e esclarecedora sobre as fraturas de quadril em idosos, um dos problemas mais graves e silenciosos da saúde pública.
Com mais de uma década de experiência no serviço público de saúde do Acre, onde atua desde 2012, Dr. Roneido destacou que, embora os acidentes com motociclistas sejam muito frequentes na região, são as fraturas de quadril que mais preocupam pela alta mortalidade e impacto funcional nos pacientes. “As fraturas de quadril, especialmente em idosos, são uma emergência médica com risco real de morte. Muitas vezes, o paciente nem chega a sair do hospital com vida”, alertou.
Durante a entrevista, ele explicou que as quedas são um dos principais fatores de risco para esse tipo de lesão, afetando especialmente pessoas com osteoporose e perda muscular. “Um em cada três idosos sofre pelo menos uma queda por ano. Quando há fratura de quadril, especialmente do colo do fêmur, a mortalidade chega a 30% em até um ano”, afirmou o ortopedista. Segundo ele, as causas do óbito não se restringem à fratura em si, mas envolvem complicações como infecções, imobilidade prolongada, trombose e agravamento de comorbidades preexistentes.
A gravidade da lesão compromete profundamente a autonomia do paciente. “É uma fratura que tira a liberdade do idoso. Muitos nunca mais voltam a andar”, lamentou Dr. Roneido. Além disso, ele reforçou que o impacto atinge também os familiares, que muitas vezes precisam reorganizar a rotina para cuidar do idoso acamado, além de arcar com custos de medicamentos, fisioterapia e adaptações no ambiente doméstico.

Foto: Iago Nascimento/ac24horas
Nesse contexto, o ortopedista defendeu uma abordagem que vá além do tratamento cirúrgico. “A gente precisa falar mais de prevenção. Fortalecer a musculatura, tratar a osteoporose e adaptar a casa são medidas que salvam vidas”, enfatizou. Ele também recomendou ações simples e acessíveis: “Retirar tapetes, instalar barras de apoio, garantir boa iluminação e corrigir problemas de visão e equilíbrio fazem muita diferença”.
Sobre os tratamentos cirúrgicos, Dr. Roneido detalhou os dois procedimentos mais utilizados. “Quando a fratura é na região trocantérica, a gente geralmente opta pela osteossíntese com hastes ou placas. Já nas fraturas do colo do fêmur, principalmente em idosos com desvio ósseo, o ideal é fazer a prótese total de quadril.”
Durante o programa, ele levou ao estúdio um modelo de prótese para ilustrar o procedimento. “O componente acetabular é impactado diretamente na bacia e pode receber parafusos, dependendo da qualidade do osso. Já o componente femoral é inserido no canal do fêmur, onde encaixamos a cabeça protética, metálica ou cerâmica.” Dr. Roneido destacou o avanço das tecnologias envolvidas: “Hoje usamos ligas de titânio ou cromo-cobalto com revestimento de hidroxiapatita, que favorece a integração do implante com o osso natural. É como se o osso ‘abraçasse’ a prótese”.
Ainda assim, ele fez questão de lembrar que complicações podem ocorrer. “Mesmo com toda a tecnologia, há riscos de infecção, soltura da prótese e fraturas ao redor do implante. Mas, sem dúvida, é uma das cirurgias mais bem-sucedidas da medicina moderna”, afirmou. O reconhecimento é tanto que a cirurgia de prótese total de quadril foi considerada “a cirurgia do século” pela revista científica The Lancet, em 2007.
A conversa também abordou os traumas de alta energia, como os causados por acidentes motociclísticos, que continuam sendo frequentes na região. Dr. Roneido destacou a gravidade das fraturas pélvicas, especialmente as chamadas “em livro aberto”. “É uma lesão que rompe o anel pélvico, geralmente com hemorragia interna intensa. O paciente pode morrer antes mesmo de chegar ao hospital”, explicou. Nesses casos, o comprometimento vascular pode ser tão severo que o tratamento se torna uma corrida contra o tempo.
Ao final do programa, Dr. Fabrício Lemos agradeceu a participação do colega, elogiando sua atuação no serviço público de saúde. “O Dr. Roneido é um dos grandes nomes da ortopedia no nosso estado. Seu trabalho devolve a mobilidade, esperança e dignidade a muitos pacientes que passaram por situações críticas”, afirmou o apresentador.
Veja a entrevista completa pelo link abaixo:
