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E o Nobel, hein? Calou feministas e humilhou a esquerda

Maria Corina Machado é uma importante política, ativista e líder da oposição venezuelana. Nascida em 7 de outubro de 1967, em Caracas, Venezuela, é engenheira industrial e fundadora do partido Vente Venezuela em 2012, uma agremiação liberal focada na defesa da democracia e das liberdades. Os idiotas de a acusam de ser extremista, como acusa por aqui a imprensa tudo que não seja lulopetista.


Sua projeção na política venezuelana se deu a partir de 2002 ao fundar a ONG Súmate (quer dizer, junte-se), com o objetivo de promover transparência eleitoral e participação cívica. A organização foi fundamental no referendo revogatório contra Hugo Chávez em 2004, mas colocou-a na mira da ditadura venezuelana. Acusada de “conspiração” e de receber financiamento externo (especialmente dos EUA), ela enfrentou processos judiciais, mas continuou sua luta. Sua atuação na Súmate a consolidou como uma voz crítica ao chavismo, e contra ela veio do Estado toda sorte de represálias, como restrições de viagem e assédio judicial.


Maria Corina foi eleita deputada pela oposição em 2010, e usou seu mandato para denunciar violações de direitos humanos, corrupção e abusos de poder do governo Chávez. Em 2014, durante protestos massivos contra Nicolás Maduro, ela foi destituída de seu cargo na Assembleia Nacional sob a acusação de “traição à pátria” após representar o Panamá na Organização dos Estados Americanos (OEA) para denunciar a repressão na Venezuela. Não é a primeira vez que a canalha usa o termo “traidor da pátria” para acusar quem denuncia o autoritarismo fora dos limites do seu país.


Em 2023, Maria Corina ganhou as primárias da oposição para enfrentar Maduro nas eleições de 2024. Para surpresa de ninguém, o Tribunal Supremo de Justiça, controlado pelo governo, tornou-a inelegível por 15 anos, alegando “traição à pátria”. A decisão excluiu-a do processo eleitoral que já a apontava como vitoriosa nas pesquisas. A inelegibilidade de adversários é padrão no modelo venezuelano.


Como se pode ver, a Venezuela de ontem é o Brasil de hoje. Não são coincidências, é o método sendo aplicado e adaptado às nossas circunstâncias, para que sejamos no futuro a Venezuela de hoje.


Impedida de concorrer, Maria Corina transferiu seu apoio a Edmundo González, um diplomata pouco conhecido, e permaneceu como figura central na campanha, mobilizando multidões e articulando a estratégia da oposição. Aqui dá para entender por que no Brasil o sistema precisa de Bolsonaro inelegível e preso.


Apesar de evidências de fraude eleitoral e da proclamação de Maduro como vencedor, Maria Corina e González denunciaram irregularidades, apoiados por observadores internacionais e pela diáspora venezuelana. Após as eleições, ela enfrentou novas ameaças, incluindo ordens de prisão, o que a levou a atuar com maior cautela, mas sem recuar. Registre-se aqui, o silêncio cúmplice do governo brasileiro que recebia o Maduro com honras de chefe de estado. O ditador, amigo de Lula agradecia o apoio do grande irmão sul-americano.


Mesmo perseguida pelo ditador, Maria Corina continuou denunciando ao mundo a fraude eleitoral ocorrida na Venezuela, as decisões políticas da corte constitucional, as prisões ilegais contra correligionários e assim por diante. Ela chamou a atenção para os abusos e as ilegalidades do governo Maduro, tornando-se assim, uma legítima representante da luta pelos direitos humanos e pela paz que se aguarda de processos eleitorais legítimos e democracias verdadeiras.


Essa é, em resumo, Maria Corina Machado, a primeira mulher sul-americana a ganhar um Nobel da Paz, honraria que registra para a eternidade o reconhecimento da luta e do mérito de pessoas que enfrentam poderosos em defesa dos direitos humanos e pela paz. Através da premiação, a ditadura venezuelana foi escancarada para conhecimento de todas as nações. O mundo livre comemora, as pessoas livres comemoram, a democracia comemora. Os outros, não. 


É o caso do presidente Lula, a quem ela recorreu logo que Maduro surrupiou as eleições. De Lula da Silva, ela ouviu com tom de desprezo um “para de chorar!”, inspirado, talvez, no “perdeu, Mané, não amola”. É o caso também das mulheres ditas “defensoras dos direitos femininos” que até agora não deram um pio por essa vitória magnífica. Estão mordendo os cotovelos de inveja. Lula, que, todos sabem, persegue esse sonho há décadas, fazendo mirabolâncias e falsificando dados de redução da pobreza e da fome para impressionar a plateia global, também optou pelo silêncio indecente, não quer desagradar seu sócio Maduro.


Aliás, por falar nisso, onde estão as nossas deputadas metidas a defensoras das organizações feministas, das ONG’s, dos coletivos, das confrarias, das cotas, das trans…? Sumiram. Por que sumiram? Essa eu mesmo respondo. Sumiram porque no fundo essa luta que dizem lutar é de fachada, serve apenas para angariar simpatia e se posicionar no “politicamente correto”, sinalizando virtudes que não possuem. A esquerda, que abriga toda essa gente hipócrita é a mesma que dá guarida aos admiradores de Maduro, obviamente não sairiam para aplaudir a mulher Maria Corina.


Certamente o leitor já ouviu uma dessas frases: mulher vota em mulher; lugar de mulher é onde ela quiser; sororidade é poder; mulher unida jamais será vencida; mexeu com uma, mexeu com todas; o futuro é feminino; o feminismo é resistência; o patriarcado vai cair, o feminismo vai vencer; mulheres contra o fascismo; mulher não precisa de licença; feminismo é justiça social; juntas somos mais fortes; lugar de mulher é na luta. Todo mundo já ouviu isso de algum modo. Pois é. Quando uma mulher, forte, guerreira, lutadora contra uma ditadura bem aqui do lado, perseguida e jurada de morte, recebe o mais importante reconhecimento da humanidade, toda essa fraternidade evapora, corre para os esgotos da esquerda maldizendo o Nobel que fariam de tudo para ganhar.


As deputadas esquerdóides ou “ui, eu sou de centro” estão mudas. Nem mesmo Marina Silva, que também acalenta esse sonho há décadas com suas esquisitices climáticas amplamente acolhidas nos fóruns internacionais, foi capaz de um gesto de solidariedade efetiva em comemoração ao Nobel de Maria Corina. Preferiria que fosse dado à sueca tola que há anos mente e ilude com sua militância oca.


A premiação de Maria Corina nos encoraja a todos os que no Brasil e em outros países lutam contra essa ditadura de modelagem venezuelana, que mistura fraude eleitoral, submissão legislativa e ativismo judicial, produzindo censura, prisões aos milhares, tortura e morte. Entre os verdadeiros democratas, Maria Corina assume a frente de uma luta de muitos povos que não pretendem sucumbir ao autoritarismo. Viva Maria Corina Machado!



Valterlucio Bessa Campelo escreve semanalmente nos sites AC24HORAS, DIÁRIO DO ACRE, ACRENEWS e, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites. Seu último livro “Arquipélago do Breve” encontra-se à venda através de suas redes sociais e do e-mail valbcampelo@gmail.com.