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Ausência de estande em feira de turismo gera acusações entre empresário e secretário

Por
Whidy Melo

A ausência de um estande oficial do Estado do Acre na ABAV Expo 2025, a maior feira de turismo da América Latina, realizada de 8 a 10 de outubro no Rio de Janeiro, gerou controvérsia entre representantes do setor. Enquanto o presidente do Conselho Municipal de Turismo de Rio Branco e empresário de agências de viagens, Rizomar Araújo, critica a falta de presença governamental como um prejuízo ao trade turístico local, o secretário de Turismo e Empreendedorismo do Acre, Marcelo Messias, rebate as acusações, afirmando que esteve presente em todas as agendas e que a crítica visa apenas “criar bagunça”.


Araújo, que representa o conselho municipal e atua no ramo de agências de viagens, lamentou a oportunidade perdida em um momento propício para o turismo sustentável e a cultura amazônica. “O Acre foi o estado ausente durante a ABAV Expo 2025, num momento em que o turismo sustentável, a cultura amazônica e as experiências autênticas estão em alta demanda no cenário global, inclusive levando em consideração que o Brasil é a sede da COP 30”, afirmou. Ele destacou que um estande simples poderia garantir visibilidade, colocando o Acre “na prateleira de todas as agências de viagens, podendo ser mostrado nas operações nacionais e internacionais”.


O empresário enfatizou que a ausência penaliza agentes de viagens e empreendedores do turismo no Acre, que enfrentam a falta de incentivos do poder público. “Se o Estado tivesse participado, com aquisição de um estande, uma ação simples que garantiria visibilidade para promover nossos atrativos turísticos, colocando o Acre na vitrine das principais agências e operadoras de turismo do Brasil e do mundo, apresentando as experiências únicas que o visitante pode viver no Acre já teria sido um passo enorme”, disse Araújo. Ele ponderou que as empresas do setor resistem “na raça”, criando oportunidades independentemente de iniciativas governamentais, e que suas críticas visam dar voz a esses profissionais em meio às articulações para investir no potencial turístico do estado.


Em resposta, o secretário Marcelo Messias negou que o Estado tenha sido ausente e classificou a informação como falsa. “Não houve um estande do Estado, mas eu como secretário estava presente em todas as agendas, inclusive a gente lançou a marca Amazônia”, declarou em entrevista. Ele explicou que o orçamento da pasta é limitado e não permite a montagem de estandes em todas as feiras. “Adoraria ter ido, mas infelizmente o orçamento nosso não deu. Mas eu, como secretário, estava lá todos os dias, não vi ninguém do trade, a não ser o presidente municipal de Rio Branco”.


Messias questionou a ausência de outros representantes, como a presidente estadual da ABAV (Associação Brasileira de Agências de Viagens) do Acre, Janete Frank, que não compareceu ao evento. “Ela que se acha, né. Eu não deixo de falar que a feira é importante, só que nós não fomos com um estande por falta de orçamento”, disse. Ele participou de reuniões da Fornatur (Fórum Nacional dos Secretários Estaduais de Turismo), do lançamento da marca Amazônia com os estados do Norte e de encontros com o presidente da Embratur, Marcelo Freixo. Além disso, o secretário foi indicado como um dos três melhores gestores estaduais de turismo no Brasil, o que, segundo ele, reforça a presença ativa do Acre.


O secretário rebateu as críticas de Araújo, afirmando que a ausência do estande não prejudica o setor. “A ausência do estande não penaliza o setor, é porque ele [Rizomar] quer fazer bagunça mesmo”, afirmou, destacando que no lançamento da marca Amazônia, realizado no estande de Rondônia, nenhum representante do trade acreano compareceu. “Isso daí é porque, na verdade, eles ficaram magoados porque nós não fomos, por falta de orçamento. E aí eles estão aí querendo fazer uma confusão”. Messias esclareceu que a ABAV Expo é voltada para o trade – agências de viagens, rede hoteleira e municípios -, e que não é uma obrigação exclusiva do estado participar com estande. “Nem todos os estados vão. Mas isso não quer dizer que a gente vai prejudicar o trade de forma nenhuma”.


Sobre o orçamento, o secretário explicou que cada pasta tem recursos limitados, priorizando o básico e dependendo de emendas ou recursos extras para as feiras. “Vai chegando no final do ano, o recurso vai ficando pouco. E por mais, a gente participa de quase todas as feiras, o que mais a secretaria tem feito é vender nosso estado para fora dos estados através das feiras. Nunca uma gestão de governo no Acre esteve presente em tantas feiras”, disse. Ele mencionou que o Acre vai participar da Festuris Gramado, outra importante feira de turismo, na qual convidou o município de Rio Branco a se juntar.


A presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens no Acre, procurada pela reportagem porque seu nome foi citada pelo secretário, disse que não participou da feira presencialmente porque estava acompanhando a filha em tratamento de saúde em Brasília, mas afirmou ter participado de reuniões online. Diante disso, lamentou que Messias tenha contra-atacado as críticas citando o seu nome, sem que tenha buscado se inteirar dos motivos para a ausência, dizendo ainda que as críticas são porque o estado tem priorizado a presença em feiras estaduais – importantes, mas menores – do que a feira da ABAV, que é a maior do setor.


“O que eu posso dizer é que seria uma questão de prioridades, porque o Acre vai participar de uma feira no Rio Grande do Sul, que é sim importante, mas a ABAV é a mais importante do Brasil. Entre uma feira de um estado, e uma feira nacional onde o Acre é o único estado que não participa, é muito ruim. Não concordo com o secretário falar da minha ausência, se defender me acusando sem saber as causas”, apontou.


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Whidy Melo