“Não sei se o Alan Rick é tão direita assim. Nunca vi ele criticar o Jorge Viana”, diz Bocalom

Por
Saimo Martins

Durante a transmissão do programa do Bar do Vaz, no ac24horas, exibido simultaneamente no YouTube, Facebook e Instagram nesta quinta-feira, 9, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL), abordou diversos temas, incluindo as obras de sua gestão e as eleições gerais previstas para 2026.


Bocalom iniciou a entrevista comentando sobre a necessidade de realizar viagens aos municípios do Acre, tema que tem gerado críticas de parlamentares da oposição. “Quem me conhece sabe que, se existe alguém que cuida bem do dinheiro público, me desculpem, mas o Bocalom é um exemplo. Estou no quinto mandato, e onde quer que se levante algo sobre o Bocalom, vai ver que o dinheiro público foi bem aplicado. Eu jamais faria uma viagem por fazer, jamais faria uma viagem para passear. É claro que a oposição vai dizer que está tudo errado. Se você pintar a rua de ouro, vão dizer que o ouro está errado. Jesus Cristo sempre teve os seus opositores. Agora imagine nós”, afirmou.


Ao ser questionado sobre uma possível candidatura ao governo em 2026, o gestor explicou que suas viagens pelo interior do estado estão relacionadas às atividades como presidente da Associação dos Municípios do Acre (Amac). “Eu acho que talvez o único prefeito que não tenha viajado tanto pelos municípios foi o prefeito de capital, o Bocalom. Se você levantar a quantidade de viagens que eu fiz pelo interior, tem municípios que eu ainda nem visitei. E eu sou presidente da Amac, já vou para o quinto ano como presidente. Então, o presidente da associação dos municípios precisa visitar os municípios. Fui em uma delas a convite do senador — afinal de contas, é o senador que mais colocou recursos no nosso estado, que se chama Márcio Bittar”, destacou.


O chefe do executivo municipal também negou qualquer intenção de disputar o governo do Acre. “Infelizmente, a política é assim, Roberto. Cada dia inventam uma conversa aqui, outra ali, para desestabilizar. Mas eu tenho dito: eu não sou candidato a governador. Neste momento, sou candidato a continuar prefeito de Rio Branco, hoje com mais de 100 obras em andamento, várias já inauguradas. Eu sempre digo o seguinte: campanha se ganha com trabalho. É preciso ter proposta, mas também mostrar resultados. E é isso que estou fazendo, trabalhando, como o governador mesmo diz: a gente vai trabalhar este ano”, concluiu.


O prefeito da capital comentou sobre as melhorias implementadas na gestão municipal e abordou o tema da água e do saneamento na capital acreana. “Para você ter uma noção, lá em Belém, quando alguém paga um boleto da prefeitura, eles demoram de 48 a 72 horas para saber que o dinheiro entrou na conta. A nossa prefeitura fica sabendo em 10 segundos. Veja, é uma prefeitura antiga, muito mais velha e mais rica do que a nossa, e, no entanto, está nessa situação. Nós estamos lá, com o secretário Wilson, dando suporte e assessoria para ajudá-los a implantar esse programa lá”, afirmou o prefeito.


Durante a entrevista, Bocalom também falou sobre uma recente viagem a Campinas (SP). “Fui a Campinas porque a gente sabe que aqui em Rio Branco temos um problema seríssimo com a água e o esgoto. Todo mundo sabe que fui muito duro quando tentaram privatizar a água e o esgoto. Eu disse que não vamos privatizar, porque somos uma cidade muito pobre, com 45 mil famílias no Bolsa Família. Se privatizar, a conta vai aumentar seis, sete vezes. Tudo bem, você pode pagar, eu posso, o Serginho pode, mas e as pessoas que ganham um salário mínimo?”, destacou.


O prefeito citou um exemplo da cidade paulista: “Conversei com um taxista lá em Campinas. Ele paga R$ 600 de água por mês em uma casa com quatro pessoas. Aqui, isso é impensável. Uma família de quatro pessoas dificilmente paga esse valor. Por isso, minha luta é para que não haja privatização. Vamos tocar o serviço por aqui. Se lá na frente não tivermos condições, podemos até pensar nisso, mas, por enquanto, não”.


Bocalom explicou que o município tem feito altos investimentos para melhorar o sistema. “Graças a Deus, ainda está dando certo. Investimos até o final do ano retrasado mais de R$ 200 milhões. No ano passado e neste ano, acredito que já estamos chegando perto de R$ 100 milhões. Tudo para não deixar privatizar. Fazia 23 anos que não se comprava uma bomba nova, e nós compramos cerca de 20 bombas. Hoje, são mais de 100 em funcionamento. Só na captação do rio, três funcionam ao mesmo tempo na ETA 2 e outras duas na ETA 1. São bombas grandes, de 350 cavalos. Produzir água é caro, muito caro. Só de energia são mais de R$ 1,2 milhão por mês”, explicou.


O gestor também abordou durante a entrevista a situação das vias públicas da capital. Segundo ele, embora o cenário ainda não seja o ideal, houve avanços significativos nos últimos anos. “Não está o ideal. O ideal seria recapiar todas as ruas. Concorda comigo? Mas o tamanho dessa cidade é enorme — são cerca de cinco mil ruas. Imagina o dinheiro que isso exigiria. Ainda assim, dentro das nossas condições, estamos fazendo o possível. E o bom é que, onde fazemos asfalto, é um trabalho de qualidade, diferente do que era feito antes, aquele asfalto que o pessoal chamava de ‘papel fino’, que se desfazia com a primeira chuva”, afirmou o prefeito.


Bocalom citou como exemplo as obras realizadas nos bairros Vitória e Chico Mendes, onde ruas construídas em 2012 precisaram ser completamente refeitas. “Essas ruas foram feitas em 2013, no convênio firmado ainda em 2012, mas a Caixa Econômica não recebeu as obras porque, na primeira chuva, o asfalto começou a estourar. Quando assumi, em 2021, já estava tudo deteriorado. A Caixa disse: ‘ou o senhor devolve o dinheiro ou refaz’. Estourou na minha mão, mas a obra era antiga”, relatou.


De acordo com o gestor, a atual administração está investindo mais de R$ 35 milhões para recuperar a área afetada. “A Caixa chegou a falar em devolver cerca de R$ 80 milhões, mas isso era inviável. Então, optamos por refazer tudo, com qualidade, para resolver de vez o problema”, completou.


O prefeito Tião Bocalom destacou os avanços da administração municipal na construção de pontes em Rio Branco.“A Prefeitura de Rio Branco, graças a Deus, conseguiu fazer, ou fez, ou está fazendo, ou está dando a ordem de serviço agora. Nós temos três pontes atualmente; o Zé Adriano, que custa um milhão e meio para fazer duas pontes. Quando vi o recurso, falei: ‘Ô, Cid, pera aí, com esse recurso a gente vai fazer três. Eu coloco um pouco da prefeitura e fazemos três’”, explicou o prefeito.


Entre as obras realizadas está a ponte do Judia, localizada em uma área quase rural — conhecida como ramal Judia. Outras duas pontes estão sendo concluídas: uma na Redenção, no Jarbas Passarinho, já inaugurada, e outra no Caipora, em direção ao Moreno Maia, também de grande porte. Segundo Bocalom, em cinco anos, a gestão deve inaugurar aproximadamente oito pontes com recursos próprios ou por meio de convênios.


O prefeito também explicou que parte do recurso para a construção de pontes foi viabilizada pelo senador Márcio Bittar, durante o governo do ex-presidente Bolsonaro. “Na época, foram destinados R$ 75 milhões, sendo R$ 25 milhões para a Corrente e R$ 50 milhões para a construção de pontes. Esse dinheiro demorou a ser liberado devido a problemas posteriores com o governador, mas, após muito trabalho, conseguimos liberar o recurso. Com isso, serão construídas mais 58 pontes, sendo 11 em Rio Branco”, detalhou.


Somando as 11 pontes do governo do Estado com as oito já executadas pela Prefeitura, Bocalom disse que serão 19 novas pontes. “Neste último ano, todas as obras são em concreto e aço — concreto, concreto e concreto. Para se ter uma ideia, nos últimos 40 anos, apenas duas pontes foram construídas na zona rural. Agora, vamos fechar com 19 pontes entre governo do Estado e Prefeitura”, concluiu Bocalom.


Bocalom descarta candidatura ao Senado e reafirma apoio a Márcio Bittar e Gladson Cameli

Em entrevista ao jornalista Roberto Vaz, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, descartou qualquer intenção de concorrer ao Senado da República e reforçou que seus candidatos são o senador Márcio Bittar e o governador Gladson Cameli. “Roberto, já surgiu essa conversa sobre o Senado, mas eu nunca falei nada a respeito. Meu senador é Márcio Bittar, aliás, eu tenho dois senadores. Com o Márcio, eu jamais seria ingrato ou traíra, pois ele sempre me ajudou. Não teria como bater de frente com meu amigo”, afirmou o prefeito.


Tião também destacou a importância do governador Gladson Cameli. “O governador foi fundamental nesta eleição e tem sido um grande parceiro. Ele é uma pessoa de coração aberto, grandioso, e não existe mágoa ou tempo ruim com ele. Seria muito ingrato da minha parte não reconhecer isso”, completou.


Apesar de afirmar que não é candidato ao governo do Acre, o prefeito Tião Bocalom explicou que, na campanha passada, nunca declarou que não concorreria em 2026. “Eu não falei em momento nenhum na minha campanha que eu não seria candidato a governador. Quando perguntavam, eu desconversava, mas nunca disse ‘não vou ser candidato’. Nunca disse isso, em absoluto. Já vi casos de pessoas que assinaram compromisso e depois não cumpriram, como o Dória em São Paulo, então não adianta”, disse.


Bocalom também comentou sobre a sucessão na Prefeitura, destacando confiança no secretário Alysson Bestene. “Se eu tiver que deixar a prefeitura, não tem problema. O importante é que fique na mão de uma pessoa sincera, trabalhadora, que vai dar sequência ao trabalho que estou fazendo. A população pode até ganhar mais. Eu confio muito no Alysson. Desde que o conheci, em 2002, ele sempre foi muito correto e trabalhador. Talvez seja o único secretário do Brasil que não foi indiciado durante a pandemia por desvio de recursos. Ele trabalhou direitinho, e é esse tipo de gente que a política precisa. Se eu tiver que sair, tenho certeza de que a prefeitura ficará em boas mãos”, afirmou.


O prefeito Tião Bocalom afirmou ser favorável à anistia para os envolvidos nos acontecimentos de 8 de janeiro de 2023. “Sou favorável. Mas anistia é o quê? Roberto, peraí. Não tinha nem o que falar em anistia. Esse pessoal não era para ser julgado. Onde houve golpe, se não tinha uma arma, se só tinha batom, se só tinha uma jornalista escrevendo, se eram velhinhos de 70 anos? Aonde é que houve golpe nisso? Aquilo ali nunca foi golpe. Bolsonaro nem estava aqui. Ninguém viu tanques nas ruas, ninguém viu polícia. Agora, o que a gente viu foi que tanto o Congresso Nacional quanto o Palácio da Alvorada não tinham guardas. Cadê os guardas que cuidam desses prédios? Não tinha ninguém”, disse o prefeito.


O prefeito também comentou sobre o cenário eleitoral caso Bolsonaro não participe da disputa presidencial. “Eu acho que o Tarcísio, se ele for candidato, é um bom nome. Qualquer outro presidente de direita que entrar vai seguir a política. Agora, se do último acordo não tiver jeito, o que eu vejo é o seguinte: eu não trato muito disso, não estou lá em cima, estou aqui embaixo. Mas algumas conversas mostram que quem mais une os governadores de direita é o Tarcísio”, afirmou.


Bocalom criticou o posicionamento político do senador Alan Rick, pré-candidato ao governo, questionando seu alinhamento à direita.“Não sei até onde vai à direita não. Eu nunca vi o Jorge Viana criticando ele, nunca vi ele criticando o Jorge Viana. Eu sou de direita de verdade, sou de direita raiz, o Márcio é de direita raiz. Nós somos direita verdadeira. Márcio, eu e outros amigos somos direita verdadeira. Nosso projeto é de direita verdadeira”, pontuou.


Bocalom destacou ainda sua relação com Alan Rick: “Eu gosto muito do Alan, meu amigo. Tivemos alguns embates recentemente, mas faz parte da política e da gestão. Eu gosto muito dele. Mas aqui, o grupo do PP que também sentou direito, não sabe disso. O PP vem do PDS — eu fui PDS e fui Arena. Então, o PP vem de lá. Um grupo de direita está lá em Brasília, como você vê, com Ciro Nogueira e o PL juntos. Esses dois partidos sim representam a verdadeira direita”, disse.


Assista à entrevista completa:


[This post contains advanced video player, click to open the original website]


Compartilhe
Por
Saimo Martins