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Marcelo Moura defende inclusão da educação financeira nas escolas do Acre

Foto: Sérgio Vale/ac24horas

O programa Bar do Vaz entrevistou, na tarde desta terça-feira (30), o empresário e presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Marcelo Moura. Ele destacou a importância da inclusão da educação financeira nas escolas, ressaltando que a iniciativa permitirá às crianças refletirem sobre seus desejos e desenvolverem a capacidade de planejar para realizá-los.


Moura chamou a atenção para a gravidade do endividamento das famílias brasileiras e acreanas. Segundo ele, o cenário é preocupante: “83% das famílias acreanas e brasileiras estão endividadas. É quase todo mundo. Quem consegue estar endividado, está endividado. E há um limite de 6% do que pode ser endividado. A parcela que sobra é aquela de quem tem muito dinheiro, que não entra tanto nessa faixa. Com certeza, tem 20% do Brasil que sabe conviver com dinheiro. Mas o problema financeiro, o endividamento, é democrático: ele atinge todas as classes sociais, os sexos, as raças, as religiões. Ele entra em qualquer lugar. Eu conheço gente que ganha muito bem e está totalmente endividada. Como também conheço gente que ganha um salário mínimo e consegue construir kitnets para alugar. Mas é porque sabe controlar os seus impulsos”, explicou.


O empresário ressaltou que a CDL vem discutindo o tema há três anos e, em 2025, conseguiu lançar um projeto com apoio do governo, da prefeitura e de parlamentares, como o deputado Eduardo Ribeiro.


Moura também enfatizou a importância da educação financeira para os jovens empreendedores: “Por isso a gente está começando a conversar pelas escolas: porque a boa prática pessoal no CPF faz a pessoa prosperar. Tem muita gente que tem dinheiro guardado porque se controla, porque reinveste o que junta, cria aquela reserva de emergência, que vira reserva de investimento e depois vira empresário. Agora, às vezes, a pessoa tem uma habilidade muito grande para empreender, mas não controla os impulsos financeiros. Aí vai montar um negócio, dá errado porque não controla os impulsos e acha que ser empresário é difícil”.


O empresário Marcelo Moura destacou, em entrevista, a importância de conceitos básicos de educação financeira. “A primeira tiragem desse livro, se não me engano, foi em 1932. Até hoje os conceitos são os mesmos: guarde 10% do que você ganha, não queira viver do rendimento imediato desses 10%, mas sim dos ‘netos’ desse rendimento. É o juro sobre juro que gera ganho exponencial e, em algum momento, permite que você fique confortável com o rendimento acumulado. As pessoas que poupam conseguem construir essa segurança. Este ano, por exemplo, estive em 11 escolas que fazem parte do programa das Olimpíadas, conversando com crianças sobre a importância de guardar ao menos uma parte da mesada. E, surpreendentemente, cerca de 50% delas recebem mesada”, explicou.


Moura também ressaltou o potencial das crianças em aprender a lidar com dinheiro. “Boa parte já poupa, mas geralmente com um objetivo imediato, como comprar algum bem. Quando você guarda e gasta de imediato, volta para a estaca zero. Eu costumo chamar isso de ‘zero negativo’: ou você tem dívida ou não tem nada. E, quando não tem dívida, muitas vezes se acha rico, mas basta enfrentar um problema de saúde, por exemplo, para viver um perrengue financeiro.”


Ele reforçou a necessidade de uma reserva de emergência. “Essa economia não pode ser vista apenas como recurso para um passeio. É como um seguro de vida: você faz, mas espera não usar. A reserva de emergência é assim, feita para trazer segurança, não para ser gasta em qualquer situação. No futuro, escrevi até um artigo no ac24horas sobre INSS, Fundo de Garantia e Previdência Privada. Se a pessoa conquistou uma qualidade de vida durante os anos de trabalho, mas se aposenta sem condições de mantê-la, o perrengue vai ser maior justamente quando deveria estar mais confortável, com a saúde mais frágil. Quem não pensa na aposentadoria ou não constrói uma reserva de emergência acaba pagando o preço lá na frente. Temos um fundo de garantia que já é deficitário todos os anos, e nem sabemos se será suficiente para pagar a próxima leva de aposentados.”


O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Marcelo Moura, destacou em entrevista a importância da mesada como ferramenta de aprendizado financeiro para as crianças. “Você tem que dar a mesada para que a criança entenda que aquele dinheiro é dela. Com o tempo, percebe-se que, quando o dinheiro é do próprio filho, ele pensa duas vezes antes de gastar. Isso é fundamental para o primeiro contato com o dinheiro. Quando é do dele, ele já começa a proteger, e isso é muito positivo”, afirmou.


Moura lembrou que, no passado, prevalecia a ideia de que crianças não deveriam falar sobre dinheiro, tratado como “assunto de adulto” ou até como algo “sujo”. “Foi assim que muitas gerações foram criadas. Aí essa criança cresce, estuda, passa em um concurso, vira médico e começa a ganhar R$ 30 mil, R$ 50 mil por mês. Sabe o que acontece? Ela financia um carro de R$ 300 mil, um apartamento de R$ 1 milhão, uma viagem, e de repente está devendo uma grande quantia. Isso porque não teve contato prévio com o dinheiro e, quando passa a ter, o mercado oferece tudo de uma vez, levando-a a querer conquistar tudo de imediato.”


Segundo o empresário, esse comportamento cria um ciclo nocivo: “A pessoa trabalha muito para pagar as contas que fez e, para compensar o esforço, se ‘mima’. E o que significa se mimar? Parcelas de R$ 10 mil, de R$ 15 mil. É aí que percebemos como a falta de educação financeira atinge todas as classes sociais.”


Moura acrescentou que o impacto do endividamento é sentido também no ambiente corporativo. “Hoje, há pessoas que ganham R$ 5 mil, mas, após descontos, ficam com apenas R$ 1.500 ou R$ 2 mil por mês. É um valor difícil de administrar. As parcelas reduzem o poder de compra do brasileiro. Se não houvesse tantas dívidas, a qualidade de vida seria muito melhor. Isso também afeta as empresas, porque 80% dos funcionários estão endividados e 30% das famílias estão inadimplentes”, destacou.


O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Marcelo Moura, também destacou os impactos da inadimplência no país. “Com certeza, porque você cria uma massa de pessoas inadimplentes. Essa inadimplência afeta a carteira de recebíveis do banco, que precisa precificar o dinheiro em cima desse risco. No fim, o bom pagador no Brasil paga pelo mau pagador. Se existe inadimplência, encarece o crédito, e isso vai direto para a conta dos juros. O brasileiro precisa reaprender a trabalhar com o próprio dinheiro”, afirmou.


Moura ressaltou que financiar não é, por si só, um problema. “Não há problema em financiar um carro, por exemplo. Há montadoras, como a Volkswagen, que oferecem taxas subsidiadas. Imagine financiar um carro com taxa de 0,49%. Se você coloca esse dinheiro no banco, ele rende 1%. Você paga 0,49% e ganha 1%, ou seja, está ganhando dinheiro nessa relação. Mas, para isso, é necessário ter reserva. Se você tem o dinheiro para comprar o carro à vista, mas opta por aplicá-lo em um CDB que rende 1% e financiar pagando menos, no fim do parcelamento você ainda sai no positivo”, explicou.


Marcelo Moura falou sobre o andamento do movimento de Cidadania Empreendedora. “O movimento de Cidadania Empreendedora é a base onde se desenvolvem esses projetos. É um movimento empresarial importante, que busca formar uma sociedade mais preparada financeiramente e menos dependente do dinheiro público. No Brasil, e principalmente no Acre, que é um dos cinco estados mais pobres do país, há uma ideia de que é o Estado que deve prover tudo. As pessoas acabam brigando por terceirização ou cargos comissionados e deixam de acreditar na capacidade de gerar sua própria renda e riqueza”, explicou.


O empresário destacou que a Cidadania Empreendedora visa ensinar à sociedade, especialmente às novas gerações, o manejo correto do dinheiro. “É uma mudança de mentalidade muito longa, mas necessária. Muitas pessoas ajudam os professores, compreendendo que é fundamental. O Estado não consegue ser o promotor da economia nem o grande empregador, já que não há recursos para concursos públicos. Assim, muitos estudantes se especializam para concursos que não existem e acabam dependendo do governo ou de outros meios para conseguir estabilidade financeira”, acrescentou.


Moura detalhou o primeiro projeto do movimento: as Olimpíadas de Educação Financeira. “No Estado, já conseguimos aprovar uma legislação para implementar o projeto em 11 escolas, com professores orientando os alunos por meio de cartilhas. Nesta sexta-feira, será aplicada a primeira prova para 3.200 estudantes. Ao final do mês, a segunda fase contemplará aproximadamente 600 a 700 alunos classificados. Entre eles, 12 receberão prêmios de R$ 280 mil, uma forma de motivar o interesse pelo tema, que não é fácil, mas cujo aprendizado é o verdadeiro objetivo”.


Marcelo Moura destacou que o projeto já está em andamento nas salas de aula. “O primeiro projeto da Cidadania Empreendedora são as Olimpíadas de Educação Financeira. Conseguimos aprovar uma legislação estadual e já solicitamos a aprovação da lei municipal. No estado, 11 escolas estão sendo visitadas, com professores auxiliando os alunos no aprendizado por meio das cartilhas. Nesta sexta-feira, a primeira prova será aplicada a 3.200 alunos dentro do programa. Ao final do mês, cerca de 600 a 700 alunos classificados avançarão para a segunda fase”, explicou.


Segundo Moura, 20% dos alunos se classificarão para a segunda etapa, e 12 receberão prêmios que totalizam R$ 280 mil. “Estamos usando o prêmio como combustível para gerar interesse, porque o tema não é fácil e não desperta atenção de imediato. O caminho para chegar ao prêmio é o aprendizado. E como valorizamos quem realmente aprendeu? O ser humano nasce com algumas necessidades: realização e reconhecimento. Criando uma gincana e uma competição entre as crianças, conseguimos gerar interesse, e o projeto vai sendo aprimorado ano a ano”, destacou.


O objetivo, segundo ele, é expandir o programa: “Ano que vem, planejamos incluir o ensino fundamental básico no município e, posteriormente, universalizar em todas as escolas do Acre. Queremos formar uma nova geração que saiba lidar com dinheiro, entenda o conceito de reserva de emergência, despesas fixas e investimentos. Trabalho isso até com minha filha: ela já controla suas despesas, guarda dinheiro regularmente e agora está aprendendo sobre os melhores investimentos. O quarto pilar da educação financeira é justamente falar de investimentos”, explicou.


Moura acrescentou que o domínio da educação financeira desde cedo proporciona segurança e autonomia. “Uma pessoa que entra na faculdade sabendo controlar o dinheiro constrói patrimônio muito mais rápido e não depende exclusivamente do banco. O banco é ótimo para ajudar quando necessário, mas ter uma reserva evita momentos de desespero. Isso facilita criar patrimônio, ter mais tranquilidade e felicidade. Imagine quantas famílias são desestruturadas por problemas financeiros e quantos funcionários chegam ao trabalho preocupados, pedindo ajuda ao chefe. Essa situação atrapalha a produtividade e o bem-estar”, explicou.


O presidente da CDL, Marcelo Moura, comentou sobre a dificuldade de mão de obra em Rio Branco durante entrevista ao programa Bar do Vaz. “Em Rio Branco, a dificuldade de mão de obra é democrática. Todos os setores enfrentam esse problema. Sou crítico à formação tradicional de profissionais porque a pessoa entra na faculdade, faz cinco anos de curso e sai formada, por exemplo, como administrador. Não que eu seja contra o conhecimento — todo conhecimento é válido —, mas o comércio demanda competências específicas. Hoje, precisamos de pessoas com habilidades em liderança, análise crítica e processos, mas a academia continua formando as mesmas competências há 30 anos. Poucos cursos se atualizaram. Muitos estudantes ainda pensam duas vezes antes de buscar uma pós-graduação, porque o mercado de trabalho não absorve. Apesar de algumas áreas, como farmácia e fisioterapia, conseguirem empregar os recém-formados, há muitos que saem da faculdade com diploma e não conseguem emprego em serviços, comércio ou indústria, setores ainda incipientes no Acre”, explicou Moura.


O empresário defendeu a criação de formações técnicas mais alinhadas às demandas do mercado. “O IFAC poderia ser um espaço para isso. Por exemplo, defendo a criação de um curso de turismo. Hoje, turistas vêm conhecer experiências indígenas, como o uso do rapé, o Santo Daime ou o veneno do sapo do Tumpa, mas não temos profissionais preparados para atender esses visitantes. Falta gente que fale espanhol, inglês e que saiba lidar corretamente com o turista. Por que não criar esse curso no IFAC?”, questionou.


Marcelo Moura ainda revelou que a proposta está sendo discutida com o deputado Roberto Duarte, com o objetivo de levar adiante a criação do curso de turismo no estado.


O empresário Marcelo Moura também comentou sobre o lançamento do podcast voltado para empresários, chamado CNPJ Cast. “Queremos ser uma referência na criação de conteúdo de interesse do empresário. Depois da pandemia, as pessoas perderam o hábito de se reunir presencialmente, então não é mais possível realizar tantas reuniões e palestras como antes. A vida mudou. Como então conversar com os empresários? Criamos o podcast com a ajuda do amigo Silvio, da CDL. Amanhã faremos a primeira gravação com Paulo Feliz, do DEC, e possivelmente na próxima semana o episódio já estará no ar”, afirmou Moura.


Assista à entrevista:


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