O conflito que permeia a Faixa de Gaza ganhou um novo capítulo após o presidente dos EUA, Donald Trump, divulgar um plano de paz para Gaza durante reunião bilateral com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nessa segunda-feira (29/9).
A lista apresentada pelo governo norte-americano reúne 20 pontos de exigências para um possível cessar-fogo, incluindo a libertação de reféns em até 72 horas e a criação de um “Conselho da Paz”
Divulgado pela Casa Branca e apresentado na coletiva conjunta com Netanyahu, o documento reúne medidas que visam encerrar o conflito, desmilitarizar a Faixa de Gaza e criar um governo provisório supervisionado.
Confira os pontos do plano de paz de Trump a Gaza:
Cessar-fogo e devolução de reféns
Logo no início, o documento estabelece que o cessar-fogo depende da aceitação mútua do acordo. Com a proposta aceita, Israel se reposicionará para facilitar a devolução de reféns.
No tópico seguinte, o texto determina que todos os reféns — vivos ou mortos — devem ser liberados em até 72 horas após a aceitação pública do plano, funcionando como gatilho para as etapas seguintes.
Libertação de reféns e anistia
Após a devolução dos reféns, conforme o ponto 5, Israel libertará 250 prisioneiros condenados à prisão perpétua e 1.700 cidadãos de Gaza detidos desde 7 de outubro de 2023, incluindo mulheres e crianças.
A medida seguinte estabelece que membros do Hamas que aceitarem a coexistência pacífica e desarmamento terão anistia, e os que desejarem deixar Gaza terão passagem segura garantida.
Ajuda humanitária e reconstrução
O plano prevê, ainda, o envio imediato de toda ajuda internacional, incluindo reabilitação de água, eletricidade, esgoto, hospitais e padarias.
Enquanto o 8º tópico detalha que a distribuição ocorrerá sem interferência de nenhuma das partes, supervisionada pela ONU, Crescente Vermelho e outras instituições independentes.
O documento afirma que a passagem de Rafah — única passagem entre o Egito e a Faixa de Gaza e o único ponto de fronteira do enclave com um país que não seja Israel — será aberta em ambos os sentidos.
Governança e Conselho da Paz
Segundo o ponto seguinte, Gaza será administrada temporariamente por um comitê palestino “tecnocrático e apolítico”, responsável pela administração diária e serviços públicos, sob supervisão do Conselho da Paz, presidido por Trump e com participação do ex-premiê britânico, Tony Blair.
Enquanto o 10º tópico prevê a criação de um plano de desenvolvimento econômico e atração de investimentos internacionais para reconstruir e energizar Gaza. É previsto, então, a criação de uma zona econômica especial com tarifas preferenciais negociadas com países participantes.
O documento garante que nenhum palestino será forçado a deixar Gaza, assegurando liberdade de saída e retorno, e incentivando a população a permanecer e participar da reconstrução.
Desmilitarização
Conforme as medidas divulgadas, o Hamas e outras facções não terão nenhum papel na governança, e toda infraestrutura militar, incluindo túneis e arsenais, será destruída.
O processo será acompanhado por monitores independentes, com programa de recompra e reintegração financiado internacionalmente, assegurando a eliminação permanente de ameaças.
Segurança regional e força internacional
Caminhando para o fim do documento, o plano define que parceiros regionais garantirão o cumprimento das obrigações pelo Hamas e a segurança regional.
Uma Força Internacional de Estabilização (ISF) será criada para treinar a polícia palestina, auxiliar na segurança das fronteiras e impedir a entrada de armas, enquanto Israel não ocupará nem anexará Gaza e se retirará gradualmente conforme os marcos de desmilitarização e supervisão.
Caso o Hamas rejeite o plano, operações de ajuda e segurança continuarão nas áreas já liberadas.
Diálogo e futuro político
Os últimos pontos do documento elaborado por Trump, prevê a criação de um diálogo inter-religioso baseado em tolerância e coexistência pacífica, visando mudar narrativas e mentalidades.
Com as últimas medidas evidenciando que o governo norte-americano seguirá mediando para preparar condições que permitam a autodeterminação palestina e eventual reconhecimento de Estado, além de estabelecer um diálogo com Israel para consolidar uma “coexistência pacífica e próspera na região”.
Escalada em Gaza
A crise de fome na Faixa de Gaza se agrava há meses em meio aos confrontos entre Israel e o Hamas.
O território segue sob cerco total das forças israelenses, que avançam em uma ofensiva de larga escala.
Trump apresentou um documento que propõe cessar-fogo condicionado, desmilitarização de Gaza e um órgão internacional de supervisão chamado “Conselho da Paz”, com o apoio de Netanyahu.
Hamas, até então, ainda não se manifestou sobre o documento.
Se o plano for aceito e executado nos termos anunciados, o efeito deve ser imediato: cessar das operações militares, libertação de reféns e abertura de um processo de reconstrução e transição política.
Na coletiva em que apresentou os detalhes do acordo, o líder norte-americano afirmou que Netanyahu terá respaldo dos Estados Unidos caso o Hamas rejeite a proposta, destacando que Israel não hesitará em agir sozinho se necessário. “Estamos oferecendo a todos a oportunidade de resolver isso pacificamente, de uma forma que alcance nossos objetivos de guerra sem mais derramamento de sangue”, disse o premiê israelense.
“Se o Hamas rejeitar o plano, sr. presidente, ou até mesmo se fingir aceitá-lo e tentar miná-lo, então Israel concluirá o trabalho sozinho”, completou.