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Tarcísio quer visita discreta a Bolsonaro em meio a recuo estratégico

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CNN Brasil

A visita do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em prisão domiciliar, deve ocorrer sem grandes alardes nesta segunda-feira (29), em Brasília.


A discrição almejada pelo chefe do Executivo paulista faz parte de uma estratégia de recolhimento após subir o tom contra o STF (Supremo Tribunal Federal), em ato na Avenida Paulista, no dia 7 de setembro.


O gesto ao bolsonarismo, depois de ter liderado as articulações pela anistia, surpreendeu negativamente aliados do Centrão, colocou Tarcísio como alvo da esquerda e tensionou os ânimos em uma direita fragmentada e em disputa pela sucessão de Bolsonaro nas urnas.


Essa será a primeira vez que Tarcísio se reunirá com Bolsonaro após a Primeira Turma do STF ter condenado o ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, em setembro.


A visita foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes e pode ocorrer entre 9h e 18h, mas o horário ainda não foi confirmado. Tarcísio deve fazer um “bate-e-volta” entre São Paulo e Brasília, sem estender mais dias na capital federal.


Nos últimos dias, o governador, na tentativa de sair do foco e driblar as expectativas, tem dito que o encontro será um gesto de amizade e de lealdade ao ex-presidente.


Em meio à discussão do PL da Anistia e das especulações sobre o candidato da direita ao Planalto, Tarcísio repete como um mantra a interlocutores que quer saber da saúde de Bolsonaro e oferecer apoio ao amigo.


Integrantes do Centrão e do bolsonarismo sabem ser impossível que a pauta da visita se resuma a uma agenda pessoal. Da prisão domiciliar, o ex-presidente tem orientado politicamente aliados, que têm sido autorizados a visitá-lo em casa.


A expectativa é que Bolsonaro trate com Tarcísio do apoio ao PL da Anistia e até mesmo da possibilidade de avalizar a negociação de um texto que reduza as penas aos condenados, como defende o relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP).


Outro assunto no radar é a disputa pelo Senado em São Paulo. Como mostrou o âncora Gustavo Uribe, Bolsonaro tem se dedicado nas últimas semanas a fechar um mapa eleitoral para a corrida à Casa Legislativa.


O governador também chegará ao encontro pronto para repetir pessoalmente a Bolsonaro o que disse publicamente pelo menos duas vezes nos últimos dias: não tem interesse na Presidência e está dedicado à busca pela reeleição.


Nos últimos dias, tem aumentado a especulação que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro poderia sair candidata ao Palácio do Planalto.


“(Bolsonaro) Não deu aval nenhum e eu sou candidato à reeleição, não tem nada disso”, disse na quinta-feira (25) a jornalistas em evento em Guarulhos.


Na sexta-feira (26), em evento em Presidente Prudente, voltou a falar sobre o assunto e afirmou estar focado na reeleição ao Palácio dos Bandeirantes e com “pés no chão.”


“A gente vai apoiar o nome de consenso do grupo. A grande liderança da direita continua sendo o presidente Bolsonaro. Ele vai escolher o candidato, e nós vamos apoiar”, disse.


Aliados de Tarcísio, porém, alertam que, diante de uma direita fragmentada e de um cenário de incertezas, nenhuma decisão é definitiva.


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