Azeitona jamelão do Brasil

Por
Francisco Braga

É engraçado quando a gente descobre algo que já conhecia desde criancinha (No meu caso, no Ceará). Eu era doido pra saber o que era, como era, qual o gosto, a cor, enfim eu queria ver e experimentar o tal do jamelão do Rio de Janeiro. Depois que me defrontei com a maravilhosa árvore, vi que era um pé de azeitona, igualzinho ao que deitava seus galhos frondosos sobre o telhado da cozinha lá de casa.


Comi do fruto e a minha língua ficou roxa, como ficava naquele tempo de menino, na rua Padre Valdevino, em Fortaleza, num intervalo das brincadeiras de teatro, no quintal de casa, com minhas irmãs Dijé e Laluce mais os amigos Sérgio Ricardo, Vitória e Rosalina (Tão linda!). E eu comi mais um cacho daquelas delícias, que só quem come e comeu sabe como é espocadamente gostosa de comer. Isso é jamelão, isso é a doce azeitona do Brasil!


PÉ DE JAMELÃO


Casimiro de de Abreu, Rio do de Janeiro, 2015


A chuva veio soprando vento


A gente chora, nem aguento


O pé de jamelão caiu


O pé de jamelão caiu


Foi tanta azeitona pelo chão


Ah, o nosso pé de jamelão


Deitou no asfalto, caiu


E o carnaval inda é mês que vem


Eu queria cantar um samba


Homenagear o pé de jamelão


Era tanta azeitona espalhada no chão


O pé de jamelão caiu


O pé de jamelão caiu


Não sabe o que era aquele pé


Sem idéia de quem era aquela


Árvore que sucumbiu


Antes que eu nasci e virei Zé


O pé de jamelão caiu


Mas a terra estremeceu


Quando ele enfim caiu


Meu pé de jamelão morreu


Minha sombra desacabou


As azeitonas se acabaram


Ninguém vive pra sempre, né?!


O pé de jamelão caiu


E agora o que é que eu digo?


O pé de jamelão caiu…


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Francisco Braga