É engraçado quando a gente descobre algo que já conhecia desde criancinha (No meu caso, no Ceará). Eu era doido pra saber o que era, como era, qual o gosto, a cor, enfim eu queria ver e experimentar o tal do jamelão do Rio de Janeiro. Depois que me defrontei com a maravilhosa árvore, vi que era um pé de azeitona, igualzinho ao que deitava seus galhos frondosos sobre o telhado da cozinha lá de casa.
Comi do fruto e a minha língua ficou roxa, como ficava naquele tempo de menino, na rua Padre Valdevino, em Fortaleza, num intervalo das brincadeiras de teatro, no quintal de casa, com minhas irmãs Dijé e Laluce mais os amigos Sérgio Ricardo, Vitória e Rosalina (Tão linda!). E eu comi mais um cacho daquelas delícias, que só quem come e comeu sabe como é espocadamente gostosa de comer. Isso é jamelão, isso é a doce azeitona do Brasil!
PÉ DE JAMELÃO
Casimiro de de Abreu, Rio do de Janeiro, 2015
A chuva veio soprando vento
A gente chora, nem aguento
O pé de jamelão caiu
O pé de jamelão caiu
Foi tanta azeitona pelo chão
Ah, o nosso pé de jamelão
Deitou no asfalto, caiu
E o carnaval inda é mês que vem
Eu queria cantar um samba
Homenagear o pé de jamelão
Era tanta azeitona espalhada no chão
O pé de jamelão caiu
O pé de jamelão caiu
Não sabe o que era aquele pé
Sem idéia de quem era aquela
Árvore que sucumbiu
Antes que eu nasci e virei Zé
O pé de jamelão caiu
Mas a terra estremeceu
Quando ele enfim caiu
Meu pé de jamelão morreu
Minha sombra desacabou
As azeitonas se acabaram
Ninguém vive pra sempre, né?!
O pé de jamelão caiu
E agora o que é que eu digo?
O pé de jamelão caiu…