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Acre tem o maior número de estelionatos nos últimos 4 anos, diz Ministério Público

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Da redação ac24horas

O estado do Acre está enfrentando uma onda sem precedentes de crimes de estelionato, com registros que batem recordes históricos. De acordo com dados do painel de acompanhamento de registros nas delegacias da Polícia Civil do Acre e do Observatório de Análise Criminal do Núcleo de Apoio Técnico do Ministério Público do Acre (MPAC), o ano de 2025 já registra o maior número de casos nos primeiros oito meses em comparação com os quatro anos anteriores.


Segundo os registros, até agosto, foram 4.200 ocorrências, superando os 3.995 casos do mesmo período em 2024 e consolidando uma tendência alarmante de crescimento. Em menos de cinco anos, o Acre acumulou quase 24 mil registros de estelionato nas delegacias, conforme dados divulgados pelo MPAC em abril deste ano. Não há registro de anos anteriores na plataforma.


De janeiro de 2021 a fevereiro de 2025, o total chegava a 23.542 casos, com picos anuais: 4.314 em 2021, 5.779 em 2022, 5.767 em 2023 e 6.637 em 2024. Apenas nos primeiros dois meses de 2025, foram 1.045 registros – um sinal precoce de que o ano seria excepcional. Agora, com os dados atualizados até agosto, os 4.200 casos indicam que 2025 pode superar facilmente os totais anteriores, projetando um fechamento anual acima de 7 mil ocorrências se a tendência se mantiver.


O ac24horas examinou os registros de janeiro a agosto dos últimos anos para uma comparação precisa, considerando que agosto é o mês mais recente disponível. Os dados revelam um aumento progressivo:


– Janeiro a julho de 2021: 2.799 casos;


– Janeiro a agosto de 2022: 3.359 casos;


– Janeiro a agosto de 2023: 3.254 casos;


– Janeiro a agosto de 2024: 3.995 casos;


– Janeiro a agosto de 2025: 4.200 casos;


A distribuição por municípios em 2025 mostra uma concentração urbana, com Rio Branco liderando disparado: 2.787 casos, representando 66,36% do total. Em seguida, vêm Cruzeiro do Sul (324 casos, 7,71%), Sena Madureira (124 casos, 2,95%) e Brasiléia (115 casos, 2,74%). Por outro lado, municípios menores registram números baixos, como Santa Rosa do Purus (apenas 3 casos, 0,07%), Jordão (11 casos, 0,26%) e Porto Walter (14 casos, 0,33%). Essa disparidade sugere que as fraudes estão mais ligadas a centros econômicos, onde há maior circulação de dinheiro e acesso a tecnologias usadas em golpes, como internet e aplicativos de pagamento.


O estelionato é definido no artigo 171 do Código Penal brasileiro como “obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”. A pena varia de 1 a 5 anos de reclusão, além de multa. No Acre, esses crimes vão desde golpes simples, como falsos anúncios online, até esquemas sofisticados envolvendo investimentos fraudulentos.


A onda de estelionatos não é apenas estatística; ela se reflete em casos reais que ganharam as manchetes. Em março de 2023, o ac24horas revelou em primeira mão o esquema da ex-professora da rede pública Elydiane de Castro Gomes, acusada de aplicar golpes que somaram mais de R$ 400 mil. Condenada pela segunda vez em outubro daquele ano, ela cumpre pena em regime aberto, similar à sua primeira condenação em 2022.


Mais recentemente, em 24 de março de 2025, uma reportagem expôs o caso de Antônio Pereira de Oliveira Neto, proprietário da empresa Atos Engenharia. Ele é acusado de usar a parceria com a rede de lojas Gazin para atrair investimentos em placas fotovoltaicas e, em seguida, desaparecer com o dinheiro dos clientes. A Polícia Civil investiga o caso, que envolve dezenas de vítimas e prejuízos ainda não totalmente quantificados.


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