Foto: Vinicius Schmidt/Metropoles
Dirigentes do PL (Partido Liberal) devem procurar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para pedir que o parlamentar “segure” as articulações para que os Estados Unidos imponham novas sanções ao Brasil.
Segundo apurou a CNN, a previsão é que, nos próximos dias, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se encontrem pessoalmente com Eduardo, que está nos EUA, para tentar conter as ofensivas.
Na última terça-feira (23), um ministro da Suprema Corte com bom trânsito político ligou no celular do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto. Pediu que ele fosse o mais rápido possível ao gabinete no Supremo Tribunal Federal. Valdemar desligou o telefone e saiu no mesmo instante. A conversa se deu no contexto da decisão dos EUA de aplicarem a Lei Magnitsky contra a advogada Viviane Barci, esposa de Alexandre de Moraes, do STF. Valdemar percebeu que a nova sanção dos EUA ao Brasil teria “implodido” qualquer diálogo com o STF num horizonte próximo.
Fontes da cúpula do PL ouvidas pela CNN avaliam que a estratégia de pressionar autoridades brasileiras por meio de sanções está sendo vista como um “tiro que saiu pela culatra”.
Analisam que, até agora, não foi colhido nenhum efeito positivo. Ao contrário, só está prejudicando a direita e dando gás à esquerda, com aumento da popularidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que surfa no discurso de proteção da soberania nacional frente aos ataques americanos incensados por “traidores da pátria”.
Segundo apuração da CNN, a avaliação de que a tática das sanções está sendo prejudicial tem sido externada pelo próprio Jair Bolsonaro, que seria o maior beneficiário caso o desfecho seja positivo.
O discurso do presidente americano, Donald Trump, na Assembleia Geral da ONU, na quarta-feira (24), com elogios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), causou ainda mais preocupação na direita de que o grande aliado do bolsonarismo no exterior capitule frente “à química excelente” entre o petista e o republicano.
Apesar disso, o empresário e jornalista Paulo Figueiredo, que tem atuado ao lado de Eduardo, porém, disse à CNN que os dois não devem recuar nas articulações, mas aumentar a pressão contra o governo brasileiro.
“Quem quiser, venha conosco, quem não quiser, pode tomar o rumo que achar necessário. A pressão vai aumentar. Os ministros ainda não sentiram a extensão dos efeitos [das sanções]. Virão mais nomes. Outras medidas, outros países. A gente não deve lealdade ou obediência a ninguém no Brasil”, disse.
Questionado sobre o descontentamento de Jair Bolsonaro com as ações da dupla no exterior, o jornalista não hesitou: “Não chegou esse recado, mas também não estamos muito preocupados com o contentamento ou descontentamento do Bolsonaro. A opinião dele sobre estratégia é tão relevante quanto a minha opinião sobre física quântica. É até pior. Se ele soubesse algo de estratégia, não estaria onde está”, concluiu.